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Criador tem mais tempo para vacinar o rebanho em Goiás

Em Goiás, onde a campanha antiaftosa começou oficialmente ontem, o governador Marconi Perilo defende que o ideal seria que a zona livre de aftosa continuasse com a vacinação, pois acredita que há muito risco em deixar o rebanho sem vacina para ganhar o certificado de zona livre de aftosa sem vacinação. Para ele é preciso discutir a manutenção das campanhas.

Já no Mato Grosso do Sul a campanha não será prorrogada e o calendário normal será seguido, apesar das dificuldades financeiras pela qual passa a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), que aguarda o repasse de verbas federais para as ações de vigilância sanitária. O governador do Estado, José Orcírio, espera ter esse impasse com a União resolvido até amanhã.

Leia a matéria completa:

O governador Marconi Perillo abriu oficialmente ontem, na Fazenda Santa Mônica, em Corumbá de Goiás, a primeira etapa anual da campanha de vacinação contra a febre aftosa em Goiás. A Diretoria de Defesa Agropecuária da Agência Rural prevê que aproximadamente 20 milhões de animais sejam vacinados no Estado até o próximo dia 30 de junho.

Depois de obter o certificado de erradicação da aftosa com vacinação, em maio de 2000, Goiás agora almeja o certificado sem vacinação. Mas, para o governador, a luta contra a aftosa tem de ser permanente e o Estado deve manter as campanhas, que são a garantia da inexistência de focos da doença.

Marconi disse que chegou a dizer ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pratini de Moraes, que o ideal seria que a zona livre continuasse com a vacinação. Ele reconhece que o mercado prefere adquirir carne de estados livres da doença sem vacinação, mas acredita que é preciso discutir a manutenção das campanhas. “À medida que acaba o compromisso da imunização, pode haver um certo descuido. Com isso, podemos correr o risco de, a qualquer momento, voltar a conviver com a aftosa, o que desmoralizaria todo trabalho árduo feito ao longo do tempo”, justificou.

“Ter um Estado com zona livre sem vacinação é secundário”. O importante é continuarmos vacinando e deixarmos de ser o segundo Estado brasileiro em termos de sanidade animal para nos tornar o primeiro”, destacou Marconi.”Hoje nossa carne chega aos mercados mais importantes do mundo porque temos um produto de qualidade excepcional e com sanidade”, ressaltou, lembrando que os mercados europeu e americano são muito exigentes e, se Goiás não exportar uma carne de alta qualidade, certamente perderá espaço.

Segundo ele, à medida que países como Argentina e Uruguai deixaram de fazer seu “dever de casa” no combate à doença, a carne brasileira passou a ser a mais cobiçada, já que a australiana não tem volume suficiente para competir. O governador disse que o Estado realiza um trabalho de marketing sobre a carne no exterior, ressaltando as qualidades do “boi verde” e do novilho precoce da região.

Na última campanha de vacinação contra febre aftosa foram vacinados 19,5 milhões de bovinos goianos. O diretor de Defesa Agropecuária da Agenciarural, Hélio Louredo da Silva, disse que os produtores têm atendido ao chamado da Agenciarural e as últimas campanhas registraram índices de 98% de vacinação do rebanho. Segundo ele, essa é a garantia de que o Estado não vai registrar focos da doença. “Isso tem aberto as portas dos mercados internacionais para a carne goiana. Depois que conseguimos certificado de zona livre de aftosa com vacinação, Goiás aumentou suas exportações”, destacou Louredo.

Fiscalização

O presidente da Agenciarural, Vanderval Lima, garante que a fiscalização sobre o cumprimento da vacinação será ainda mais rigorosa este ano. Segundo ele, a partir do término da campanha, começará o “arrastão” nas propriedades rurais. Os veterinários da Agência estarão visitando todas as fazendas que forem suspeitas de não ter vacinado o rebanho. “Vamos acompanhar no comércio a venda de vacinas”.

Mato Grosso do Sul

A vacinação em Mato Grosso do Sul, que começou no dia 1º, não será prorrogada. Apesar da autorização feita na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que as datas de campanhas fossem prorrogadas por 30 dias (pelo temor de desabastecimento de vacinas no País), o Estado seguirá o calendário normal. Portanto, o prazo continua valendo até 31 de maio para imunização de animais até 24 meses no Planalto e até 17 de junho para o Pantanal (bovinos de mamando a caducando).

A decisão foi tomada na semana passada, em reunião dos gerentes regionais da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). Na oportunidade avaliou-se que o estoque de vacinas nas revendas seria suficiente, por enquanto, para cumprir a campanha.

Nesta etapa serão imunizados mais de 11 milhões de bovinos, sendo que somente no mês de abril foram antecipadas as vendas de 3,2 milhões de doses no Estado, além de estar prevista para este mês a liberação de mais 9,4 milhões, aproximadamente, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Animais (Sindan).

Recursos

A liberação dos recursos de R$ 5 milhões que seriam destinados às ações de vigilância sanitária animal e vegetal pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento continua emperrada. Ontem o governador José Orcírio, ao ser questionado sobre a postura do Governo para tentar agilizar a saída do dinheiro, disse que, nesta quarta-feira, um grupo de técnicos da Seprod deverá ir até Brasília e verificar como está a situação. “Até amanhã poderemos ter este problema do repasse solucionado”, frisou o governador. Ele ainda garantiu que, com o apoio do Governo, o Iagro continuará executando suas ações normalmente. “O Iagro não vai fechar”, enfatizou.

O Iagro espera pelo repasse desde novembro do ano passado. Mas em função de o Estado estar inadimplente com a União, até agora os recursos não foram liberados.

Orcírio lembrou ainda que a Secretaria de Produção, Iagro e a Delegacia Federal de Agricultura estão trabalhando para elaborar um “plano estratégico”, visando evitar que a fronteira, principalmente a seca, possa causar problemas para a meta de imunização do rebanho bovino de Mato Grosso do Sul, que tem hoje 23 milhões de cabeças.

O maior temor das autoridades é com o contrabando de gado paraguaio que pode entrar não só por terra, como por meio do Rio Paraguai.

Fonte: Diário da Manhã/GO (por Lúcia Monteiro), Correio do Estado/MS (por Rosana Siqueira), adaptado por Equipe BeefPoint

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