Para transformar a região de São José do Rio Preto (SP) em berço de cruzamento industrial, o Núcleo Noroeste Paulista de Criadores da Raça Red Angus investiu mais de US$ 320 mil e importou cem embriões dos Estados Unidos. A encomenda, de acordo com o presidente da instituição, Setímio de Oliveira Sala, deve chegar no País até o final deste mês. “Os norte-americanos vendem, em média, o embrião a US$ 700, por conta da associação, conseguimos reduzir o preço para menos da metade”.
Sala diz que a sede provisória do núcleo, em operação desde fevereiro, fica em uma de suas fazendas, a Carol Jane, no município de Nova Granada. Hoje, a associação tem 25 sócios e potencial para atingir 125 no primeiro ano de existência e 250 associados no segundo ano. “Com a importação dos embriões, vamos trazer mais precocidade ao rebanho da região Noroeste Paulista”, diz. “Por meio do núcleo, prestaremos suporte técnico a nossos sócios que não possuem infra-estrutura adequada para colocar o embrião na barriga da vaca”.
A carne do Red Angus, segundo Sala, tem outras vantagens além de ser precoce (pronta para o mercado aos 14 meses). Entre elas, está o fato de ser marmorizada.
Proprietário de três fazendas na região, em Novo Horizonte, Magda e Nova Granada, Sala possui seis mil cabeças de gado Nelore e produto de cruzamento industrial com as raças Marchigiana, Simental e Limousin. Há aproximadamente 18 meses, o pecuarista importou 100 Red Angus e 600 embriões dos Estados Unidos. Na ocasião, investiu cerca de US$ 1 milhão para trazer os animais para o Brasil. Hoje, são 350 cabeças brasileiras da raça produzidas por meio de inseminação artificial e transferência de embriões.
Na opinião de Sala, o momento atual é oportuno para discutir o agronegócio, responsável por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e pelo superávit de US$ 19 bilhões na balança comercial nacional. “Todas as expectativas de vendas neste ano, em relação às exportações de carne suína e bovina, além das aves, açúcar, álcool, couro e café, devem ser superadas”. Ele ressalta ainda que, no segmento específico de carne (tanto bovina como de aves), o volume exportado no primeiro trimestre de 2002 sofreu aumentos consecutivos. “A nossa região não ficou de fora e deu sua colaboração produzindo mais”.
Conforme o presidente do núcleo, o rebanho bovino de corte brasileiro é o maior do mundo, totalizando 147 milhões de cabeças. Apesar disso, apenas 10% do volume produzido para consumo é destinado ao mercado externo. Em 2001, o Brasil exportou 960 mil toneladas, atingindo um faturamento superior a US$ 1 bilhão. O maior comprador da carne nacional foi o mercado europeu.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Daniele Gonçalves), adaptado por Equipe BeefPoint