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Crise argentina prejudica exportações de carne do Uruguai

As exportações de carne bovina do Uruguai poderão ter uma queda para metade do seu nível normal em valor neste ano devido à intensa desvalorização ocorrida na vizinha Argentina, que está tornando “absolutamente impossível” competir, segundo anunciado por um oficial da indústria uruguaia de carne na quarta-feira.

O peso argentino caiu mais de 70% com relação ao dólar dos EUA desde janeiro, o que provocou um efeito devastador na indústria de carnes do Uruguai, a qual é muito importante para o país e já tinha sofrido, no ano passado, os efeitos do surgimento de casos de aftosa, segundo o diretor executivo da uruguaia Tacuarembo, Fernando Secco.

“Os preços das carnes que a Argentina está vendendo atualmente estão nos mais baixos níveis internacionais no mercado de carnes dos últimos 30 anos”, disse Secco, cuja companhia é o fornecedor exclusivo de carne bovina aos restaurantes da rede McDonald’s do Uruguai.

As exportações de carne bovina do Uruguai durante o mês de abril caíram para US$ 18,6 milhões, queda de 30% com relação a abril de 2001, que foi justamente o mês de surgimento da aftosa no país o que praticamente cessou as exportações de carnes frescas uruguaias durante cerca de 6 meses. A carne bovina foi responsável por 20% de todas as exportações do Uruguai em 2000.

Para Secco, a pior conseqüência do sucesso argentino neste mercado é o fato dele forçar o corte constante nos preços aos produtores uruguaios, que são obrigados a vender para mercados ainda contraídos, como a União Européia, que é responsável por cerca de 1 terço das exportações de carne bovina do Uruguai. “A Argentina tem uma fórmula mágica. Sua carne bovina é de excelente qualidade, sua infraestrutura de exportação é também muito boa e seus preços estão agora, obviamente, imbatíveis”.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que as exportações de carne bovina e de vitelo da Argentina em 2002 irão subir para 230 mil toneladas, o que denota um aumento de 40% com relação aos níveis de 2001, quando o país também sofreu as conseqüências da febre aftosa.

Mais desvalorização?

Secco endossou a opinião de muitos executivos do Uruguai, que estão solicitando ao governo do país que desvalorize o peso uruguaio pelo menos parcialmente para compensar a desvalorização argentina, dizendo que este é o único jeito de competir com o gigante vizinho.

O Uruguai tem um sistema de banda monetário que controla as desvalorizações que levou o peso à depreciação de cerca de 14% com relação ao dólar neste ano. “O dólar terá que ser comercializado em um nível diferente pelo Uruguai para que mantenhamos o ritmo”, disse Secco, cuja companhia emprega cerca de 800 pessoas e teve vendas de cerca de US$ 75 milhões em 2000, ano considerado por ele como o último ano “normal” para vendas da indústria.

Caso a contração se mantenha poderá ser devastadora para a indústria de carne bovina do Uruguai, que em 2000 teve exportações recordes de 270 mil toneladas, no valor de cerca de US$ 370 milhões.

Os focos de aftosa que acometeram o país no ano passado, os quais foram atribuídos pelos oficiais locais à Argentina, foram erradicados através da vacinação, de acordo com informações do governo. Porém, mercados chave como os Estados Unidos permanecem fechados até que mais tempo se passe sem a doença em território uruguaio.

A recessão do Uruguai, que começou depois da desvalorização ocorrida em outro país vizinho, o Brasil, em 1999, foi bastante prejudicial à indústria de carnes do país, que tem 3 milhões de habitantes e 11 milhões de cabeças de gado.

Fonte: Reuters (por Brian Winter), adaptado por Equipe BeefPoint

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