Projeto amplia acesso de produtores ao Programa de Venda em Balcão
23 de fevereiro de 2022
Incêndios em Corrientes, na Argentina, comprometem rebanho bovino do país
23 de fevereiro de 2022

Crise Rússia-Ucrânia se agrava, e trigo dispara

O agravamento da crise entre Rússia e Ucrânia fez o trigo disparar ontem na bolsa de Chicago – o que também puxou para cima as cotações de milho e soja.

O contrato do trigo para maio, o mais negociado no momento, subiu 6,03% (48,50 centavos de dólar), a US$ 8,5250 o bushel. É o maior patamar desde novembro, segundo cálculos do Valor Data.

Os traders reagiram à escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer como independentes as regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, controladas por separatistas pró-Rússia desde 2014. A decisão de Putin, que autorizou o envio de tropas às Províncias, em “missão de paz”, gerou sanções internacionais à Rússia anunciadas por EUA, Reino Unido e Alemanha.

Esse cenário gerou apreensão no mercado, que passou a considerar que um conflito militar está cada vez mais próximo. E, se isso ocorrer, as exportações de trigo poderão sofrer forte abalo.

Rússia e Ucrânia serão responsáveis por 28,5% de exportações globais, estimadas em 206,7 milhões de toneladas nesta safra 2021/22, segundo as estimativas mais recentes do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Em relatório, o alemão Commerzbank alertou que pelo menos 15 milhões de toneladas estariam comprometidas em caso de guerra. “Uma quantidade tão grande dificilmente poderia ser adquirida em outro lugar, e levaria a uma redução significativa dos estoques em outros países exportadores”, avaliou.

Para a consultoria russa SovEcon, os preços do trigo no mercado internacional poderão repetir a escalada observada em 2014, quando a Rússia anexou o antigo território ucraniano da Crimeia. Na época, as cotações subiram cerca de 20% no mercado.

De carona com o trigo, os contratos do milho para maio subiram 3% em Chicago, para US$ 6,7250 o bushel, maior valor desde maio de 2021. Além de os dois grãos serem importantes na composição de rações animais, a crise gerou volatilidade no setor de energia, impulsionando o petróleo. Com isso, o etanol americano, feito de milho, também ficou mais competitivo e ajudou a valorização dos futuros.

Também não se pode descartar a importância de Ucrânia e Rússia para as exportações mundiais de milho, especialmente para a Ásia. As nações do Leste Europeu responderão por 18,7% de embarques totais de 203,7 milhões de toneladas em 2021/22, segundo o USDA. Portanto, qualquer interrupção nas vendas terá consequência sobre as cotações.

Por fim, a soja foi no embalo e os papéis da oleaginosa para entrega em maio subiram 2%, para US$ 16,350 o bushel. Com a valorização, o preço se aproximou do pico de 2021, alcançado em maio, de US$ 16,4250 o bushel.

Caso os futuros ultrapassem essa barreira, será atingido o maior patamar desde setembro de 2012, segundo o Valor Data. Na ocasião, o preço subiu diante da quebra de safra nos EUA em função da seca – problema que se repete quase dez anos depois, mas agora na América do Sul.

Vale destacar que a quebra de safra no Sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai continua viva no radar dos traders e também poderá ser base para novas máximas do grão nas próximas sessões.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.