Expointer: 5.368 animais inscritos
26 de julho de 2002
Chuva foi pouca para as pastagens no MS
29 de julho de 2002

Critérios para a compra de touros

Por Mauricio Scoton Igarasi1

Nos meses que precedem o início da estação de monta, inicia-se a temporada de compra de touros pelos pecuaristas, disponibilizando um mercado muito atraente e altamente rentável, no qual o reprodutor possui alto valor agregado, com seu preço de venda facilmente chegando a 4 a 5 vezes o custo de produção.

Diante dessa fotografia, nos últimos anos a oferta de touros no mercado tem crescido consideravelmente, e como toda a mercadoria com alta demanda, a qualidade torna-se questionável em muitas situações, requisitando do pecuarista critérios e conceitos técnicos na compra do animal, o qual responderá por parte da eficiência quantitativa e qualitativa na safra de produção de bezerros.

Como o próprio Tetra-campeão Zagallo diz “vai ter que engolir”, é o que acontece na aquisição de touros de qualidade inferior, ou que não se encaixe no sistema de produção em que será anexado. Vale ressaltar que genética caracteriza-se pelo efeito acumulativo, ou seja, o genótipo do reprodutor será incorporado no plantel, refletindo em índices produtivos a curto e longo prazo, como o desempenho dos bezerros e novilhas, as quais serão as futuras matrizes do plantel.

Diante dessa análise, a escolha criteriosa da melhor raça ou tipo biológico do animal (raça pura ou cruzamento), e posteriormente a exigência da avaliação genética do reprodutor, são requisitos fundamentais na aquisição de competência e eficiência no sistema de produção de carne bovina.

Diante da crescente industria de leilões de touros, a aquisição de animais com avaliação genética custa muito pouco ou nada a mais do que um animal sem avaliação genética, ou seja, existe a oferta de touros com e sem avaliação genética com valores muito aproximados e muitas vezes semelhantes. Então eu pergunto: Por que não comprar uma mercadoria comprovada em vez da mercadoria duvidosa????

A metologia de avaliação genética é complexa mas dominada, e hoje existem sérios programas de melhoramento genético em diferentes raças e criadores. Vale lembrar que nem todo animal macho que nasce em plantel PO, necessariamente é um touro melhorador, a combinação dos diferentes genes pode levar a diferenciais consideráveis na qualidade produtiva do animal. Uma vez optando pela tecnologia disponível de animais com avaliação genética, o comprador tem a possibilidade de “moldar” o seu rebanho através das DEPs (diferenças esperadas na progênie), em que escolhendo animais com maiores DEPs nas características mais importante dentro do seu contexto, refletirá em aumento na eficiência produtiva e econômica de todo o sistema.

Em uma exemplificação generalizada, as condições de ambiente nas regiões com maior expressão pecuária, ilustra o período “da seca”, no qual por fatores hídricos, fotoperíodo e temperatura, limitam a produção de pastagens durante 5 a 6 meses, ocasionando um período desafiador para o animal e para o pecuarista, onde estratégias nutricionais para minimização dos efeitos negativos são caros e pouco atraentes numa análise a curto prazo, mas necessário quando analisa-se todo o ciclo a médio e longo prazo.

Assim é coerente a necessidade de terminar o boi o quanto mais rápido possível, evitando a passagem desse animal por menos “estações secas”. Portanto, torna-se interessante para o pecuarista imprimir precocidade de terminação e ganho de peso em seu rebanho, escolhendo os touros com maiores DEPs que proporcionem essas características.

O passo seguinte é a análise do fenótipo do animal. Os animais devem ter estrutura óssea forte mas não grosseira, alta capacidade digestiva e respiratória (arqueamento de costela, abertura de peito, profundidade e comprimento torácico), aprumos corretos para que não limitem sua funcionalidade reprodutiva (monta), exame andrológico (apto para a reprodução) e critérios raciais.

A consideração com relação a escore de condição corporal é muito relevante, animais super alimentados e obesos, são mais chamativos em um primeiro momento, contudo sua adaptação ao ambiente de pastagens (“correndo atrás de vaca”) é problemático, e compromete seu desempenho. O trato diferenciado para a comercialização dos animais é um mal necessário muitas vezes, porém os animais devem estar enxutos, para que seu retorno as pastagens seja o menos traumático possível. Senão, volto a lembrar o grande poeta Zagallo: “vai ter que engolir”.

O mercado de touros está em ampla expansão, ambiente perfeito para oportunistas com somente interesses comerciais. Seja criterioso, exija procedência, avaliação genética e características fenotípicas desejáveis. Consulte um técnico de sua confiança e boas compras!!!!

_______________________________
1Zootecista, Mestre em Ciência Animal e Pastagem (ESALQ-USP) e Doutorando em Zootecnia pela FMVZ – UNESP/BOTUCATU

Os comentários estão encerrados.