Na política de difusão da raça Piemontesa da Associação Brasileira de Criadores de Piemontês na região centro-oeste do Brasil, agora é a vez de Cuiabá receber pela primeira vez os mais tradicionais criatórios do país, cujos animais ficarão expostos no período de 10 a 15 de julho, durante a ExpoAgro de Cuiabá, além da apresentação técnica aos criadores da região que não conhecem uma das mais produtivas raças para o cruzamento industrial.
A apresentação dos animais será realizada pelo técnico João Amaury de Toledo Soares Sobrinho no próximo dia 13 de julho e contará com a presença de 50 animais. No dia seguinte, 14 de julho às 18h no auditório da Acrimat, os criadores promoverão uma palestra técnica sobre a raça e seus resultado, ministrada pelo Dr. Paulo Ricardo Zemella Miguel. Ao final os criadores serão recepcionados com um coquetel e degustação da carne de Piemontês.
De acordo o diretor da ABCP, com Antonio Novaes, os resultados que a raça apresentou em Campo Grande, Goiânia e Três Lagoas foram muito positivos. Pecuaristas do cruzamento industrial e interessados que não conheciam as qualidades de rendimento de carcaça e precocidade do Piemontês atentaram-se para a nova raça e ficaram surpresos com a qualidade da carne experimentada durante o evento.
Carne – As características que mais chamam a atenção na raça são, o alto rendimento de carcaça, desossa e a maciez da carne. Como exemplo de aproveitamento de carcaça, em um abate técnico realizado, no Paraná, no final de março, deste ano, animais meio sangue e 3/4 piemonteses registraram aproveitamento médio de 60,83%. Esse abate comprova as estatísticas da ABCP e da Associação Italiana da raça (Anaborapi), cujo rendimento médio é de 72% para animais puros e 59% para cruzados 1/2 sangue com o Nelore.
A conversão alimentar e o ganho de peso são características que levam os pecuaristas a optar pelo Piemontês, já que é possível conseguir um produto mais precoce (animais cruzados aos 15 meses em confinamento e 24 meses a campo já atingem o peso de abate), com maior rendimento de carcaça, em virtude de sua ossatura fina e muita massa muscular.
Além disso, a raça apresenta outras características especiais relacionadas a maciez e a gordura do produto final. Foi constatado pelo Clay Center, centro de pesquisa dos Estados Unidos, que a raça Piemontesa tem uma maior concentração de genes ligados a maciez. Pelos testes realizados, a carne do Piemontês cruzado, precisa de uma força de corte de 2,1 a 2,5 Kgf, já o Zebu, carne consumida predominantemente no Brasil e considerada medianamente macia, precisa de 4,5 a 5 Kgf. Por esse motivo a raça é usada nos cruzamentos dos EUA para acrescentar maciez ao produto final, como exemplo o trabalho do Grupo Leachman, que é denominado de Programa Better Beef (melhor carne).
Outra característica para a qualidade do produto final é a ausência de gordura entremeada ou de marmoreio, o que possibilita a produção de uma “carne light”. Como o zebu o Piemontês apresenta somente gordura de cobertura. Fator que agrada principalmente os paladares europeus, consumidor potencial da carne brasileira. Para complementar, a carne é mais saudável, pesquisas da Universidade de Denver, no Estados Unidos, concluíram que a carne de Piemontês puro tem baixíssimos níveis de colesterol. Quando comparados os valores de colesterol em 100g de carne, o animal puro Piemontês apresenta de 43 a 48 mg, já o vitelo de leite tem 84 mg, suíno 79 mg, o frango de 74 a 76, bovinos de outras raças 73 mg e o peixe (linguado) também possui valor superior, de 52 mg.
Adaptação ao clima – Com pele e mucosas pretas, pêlos curtos e brancos, cascos pretos e resistentes e prepúcio curto, que facilita a movimentação em pastagens altas, fazem do Piemontês uma ótima opção para utilização na monta natural. A precocidade reprodutiva é muito alta, tanto nos machos quanto nas fêmeas. Um touro puro, na Itália, inicia a coleta de sêmen aos 13 meses de idade e as fêmeas podem apresentam cio à partir dos 6 meses de idade, obviamente que estes cios não são aproveitados, salvo casos esporádicos de coleta de embriões por ovum pick up.
O Piemontês é uma raça que surgiu na Itália do cruzamento entre uma raça zebuína e outra européia. A seleção natural e depois a seleção zootécnica fizeram com que a raça seja hoje uma das mais apreciada na Europa e agora nos Estados Unidos como raça para cruzamento. Atualmente o plantel de Piemonteses na Itália supera todos os de outras raças de corte somados. Além da Itália, a raça se encontra disseminada na Austrália, Polônia, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, México, Bolívia, Argentina e Paraguay.
No Brasil o Piemontês foi introduzido em meados de 1974 e vem conquistando cada vez mais criadores voltados para a produção de carne, prova disso, é o aumento no número de pecuaristas que investem na raça e eventos realizados no país. Atualmente a Associação Brasileira de Criadores de Piemontês (ABCP) conta com 170 sócios e registra um rebanho nacional de aproximadamente 5 mil cabeças puras e mais de 60 mil de cruzados no Brasil, sendo que a grande maioria destes, está no centro-oeste do Brasil.
Fonte: Assessoria de imprensa da ABCP (por Flávia Tonin)