Empresas norte-americanas atuantes no setor pecuário estão enfrentando aperto nos lucros porque o custo para alimentar bovinos, suínos e frangos tem subido e o valor desses animais declinado. Um excesso de oferta de carne neste ano provocou o desmoronamento dos preços dos animais de corte.
O baixo custo das rações ajudou a amortecer o choque até o começo de agosto, quando uma estiagem no meio-oeste dos Estados Unidos ameaçou as safras de milho e soja, elevando os preços e piorando as perspectivas para alguns criadores.
“O produtor médio de suínos não tem qualquer probabilidade de ser rentável”, afirmou Don Killingsworth, que compra ração para a Premium Smithfield Foods Inc., a segunda maior criadora de suínos nos EUA, depois da Smithfield Foods Inc. “Vai ser um ano bastante difícil para todos. Veremos alguns produtores deixarem a atividade”.
Insumo caro
O custo do milho e do farelo de soja usados na ração animal poderá aumentar mais de US$ 4 bilhões, ou 20%, durante o próximo ano, estima o governo norte-americano. A ração é responsável por 40% do custo de engorda de um suíno até atingir o peso de abate e 19% para um bovino, segundo um economista agrícola da Universidade do Estado de Iowa.
Os produtores que criam gado se beneficiaram de milho e soja de baixo custo por mais de três anos, enquanto os agricultores norte-americanos colhiam safras recordes ou quase recordes. Neste ano, o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera a menor safra de milho dos últimos sete anos. Cerca de 60% do milho norte-americano é usado como ração animal.
Os contratos do milho para dezembro, na bolsa de Chicago, cotados ontem (05) a 280,50 centavos de dólar por bushel (US$ 110,43 a tonelada), acumulam alta de 24,5% nos últimos doze meses. Os contratos futuros de farelo de soja, negociados ontem a US$ 195,43 a tonelada, têm valorização de 8,5% no mesmo período. Os preços dos animais de corte não acompanharam o ritmo. Os contratos futuros de suínos na bolsa de Chicago despencaram 46% neste ano.
Os criadores norte-americanos usarão 5,6 bilhões de bushels de milho, no valor de US$ 14 bilhões, no exercício iniciado em setembro, com base em um preço médio de US$ 2,50/ bushel, segundo estima o USDA.
O valor do farelo de soja pode atingir US$ 6,2 bilhões durante os próximos 12 meses, acima dos US$ 5,53 milhões do último ano. O custo conjunto de milho e soja, de US$ 20,2 bilhões para este ano, excederá os US$ 16,8 bilhões de 2001.
Receita menor
“Os produtores norte-americanos de animais de corte vão ver uma redução de sua receita”, afirmou o economista do Departamento da Agricultura norte-americano, Allen Baker. “Não vão necessariamente receber um preço mais alto por seus animais só porque seus custos aumentaram”.
Os produtores que também administram seus próprios frigoríficos, como a Tyson Foods Inc. e a Smithfield, podem compensar os efeitos de aperto de lucro provocados pela alta dos custos da ração porque estão negociando mais carne processada embalada para a venda no varejo, que oferece margens de lucro mais elevadas do que as carnes frescas no atacado.
Fonte: Gazeta Mercantil, adaptado por Equipe BeefPoint