O custo de produção da silagem de cana-de-açúcar foi abordado na parte I deste artigo. Agora a questão de maior interesse é: A formulação de uma ração para bovinos em terminação será viável utilizando este volumoso? A silagem de cana-de-açúcar é uma opção desejável para o sistema de produção, sendo que esta pode auxiliar no aumento da lucratividade. Outro ponto fundamental antes de iniciar o confinamento é saber escolher os ingredientes concentrados a serem utilizados e a época em que estes devem ser adquiridos.
O custo de produção da silagem de cana-de-açúcar foi abordado na parte I deste artigo (clique aqui para ler). Agora a questão de maior interesse é: A formulação de uma ração para bovinos em terminação será viável utilizando este volumoso?
Para responder esta questão foram realizadas simulações de formulações de rações para bovinos em terminação utilizando-se três volumosos: silagem de cana-de-açúcar aditivada com Lactobacillus buchneri, silagem de milho ou feno de gramínea. As exigências nutricionais dos animais utilizadas foram as sugeridas pelo NRC (1996) para bovinos inteiros, com ganho de peso diário de 1,60 kg e ingestão de matéria seca de 9,0 kg/dia. Os preços dos ingredientes utilizados nas formulações são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Preço dos ingredientes utilizados nas formulações das rações
Para a realização dos cálculos assumiu-se a compra de um animal de 320 kg de peso vivo pelo preço de R$ 850,00 e seu abate com 480 kg de peso vivo (53% de rendimento de carcaça), com o preço da arroba de R$ 82,00. Ainda, considerou-se um custo fixo do confinamento de R$ 0,30/animal por dia.
Na Figura 1 estão apresentados os custos de alimentação em R$/cabeça por dia. Pode-se observar que a ração formulada com silagem de cana-de-açúcar foi a que apresentou o menor valor, com participação de 10% da silagem na dieta. Para as rações com silagem de milho ou feno de gramínea a porção volumosa também compreendeu 10%. Para todas as rações o ingrediente farelo de soja não foi utilizado, devido ao seu elevado custo frente ao farelo de algodão e uréia.
O lucro por cabeça foi calculado por meio da diferença entre o preço do animal vendido (PrV) para o abate, do custo do confinamento (Cconf) e do preço de compra (PrC), apresentados na Figura 2.
Todas as rações apresentaram lucro, entretanto, pode ser observado que a utilização da silagem de cana-de-açúcar aditivada com L. bucheneri como fonte de volumoso na ração, propiciou lucro por cabeça 1933% superior à utilização da ração contendo feno de gramínea. A ração com silagem de milho também apresentou lucro por cabeça 1619% maior do que o da ração com feno.
Dessa forma, mais uma vez é importante salientar que a silagem de cana-de-açúcar é uma opção desejável para o sistema de produção, sendo que esta pode auxiliar no aumento da lucratividade. Outro ponto fundamental antes de iniciar o confinamento é saber escolher os ingredientes concentrados a serem utilizados e a época em que estes devem ser adquiridos.
5 Comments
Prezados colegas,
excelente artigo. Muito esclarecedor e reflete a prática do dia a dia. Com certeza a cana de açucar é um volumoso de alto potencial de uso em sistemas de produção de ruminantes.
Entretanto lendo o artigo e verificando os custos e ganhos apresentados podemos observar o quão pouco o produtor ganha por animal em sistema de confinamento. Com todo o trabalho e possíveis riscos e variações inerentes ao processo, o ganho de R$ 34,35 reais por cabeça é algo absurdo.
Não consigo ver este tipo de tecnologia ser implantado em fazendas comerciais de gado de corte comuns, ou seja, que não seja de grandes indústrias frigoríficas ou usinas de cana de açucar que tem escala suficiente para manter esse padrão de ganho.
Os que vivem da pecuária devem se sentir um pouco receosos com tais números..
Parabéns pelo artigo
Abraços
Caros Colegas,
Parabéns pelo artigo, por gavor, teria como como saber o custo individual dos concentrados e a análise da silagem de cana pós fermentação com o aditivo?
Grato.
Cassio Maggi
Há tempos procuro um trabalho como este, excelente. A minha dúvida é sobre o uso da uréia a 1% no momento da compactação da silagem de milho. Isso não provocará problemas no momento da oferta ao cocho e mais a uréia contida na ração, sem a período de adapatação. E qual o tempo de adaptação, se necessário.
Muito obrigado.
Ivan César
Prezado Cassio Maggi,
O custo individual dos ingredientes concentrados está apresentado na Tabela 1 e a silagem de cana aditivada foi considerada com teor de matéria seca de 27%, 2,4% de PB, 55% de FDN e 58% de NDT, 36,8% de CNF.
Atenciosamente
Rafael, Thiago e João.
Apenas conferindo. Se o ganho de peso diário considerado foi de 1,6 kg, podemos estimar que o ganho total de peso vivo foi de 160 kg (480 – 320 kg) em 100 dias de confinamento (160 kg / 1,6).
O valor da venda de um animal com 480 kg em 53% de carcaça com R$ 82/@ equivale a um valor unitário de venda em R$ 1.390/cab.
Para o tratamento de silagem de milho, teremos R$ 4,90 X 100 dias = R$ 490/ cab. Os custos fixos de R$ 0,30 / dia * 100 dias = R$ 30 / cab.
Portanto: 1.390 – 850 – 490 – 30 = R$ 20/cab (lucro).
Duas únicas alternativas para viabilidade dessa tecnologia de conservação de forrageiras: comprar ou produzir um boi magro de 11@ com custo abaixo de R$ 850 e/ou o preço de venda acima de R$ 80/@.
Sds
RRocha