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Custo/benefício da suplementação mineral – saiba como avaliar

Naomi Cristina Meister1

Vamos falar sobre nutrição Animal, mas será que estamos preparados para isso? Ouvimos falar a toda hora em sal mineral, sal proteinado de água e seca, que é bom para isso ou aquilo, mas será que estamos preparados para ver se realmente funciona, e qual o melhor sal para a fazenda?

Vou fazer uma comparação com o manejo de pastagem para exemplificarmos melhor. Para melhorarmos o aproveitamento e a qualidade da pastagem temos que subdividi-la, fazer uma calagem e por fim uma adubação, em todas as etapas existem muitas alternativas e estratégias, algumas caras e outras mais baratas, mas tão importante quanto, independente do preço, pois nem sempre o que é mais caro é a melhor solução.

Na nutrição ocorre à mesma coisa, existem etapas a serem seguidas, principalmente quando falamos em custo benefício, pois o mais caro ou a receita do vizinho nem sempre é a melhor alternativa.

Meus caros leitores, posso estar sendo básica para alguns, mas temos que começar de algum lugar, me respondam estas três perguntas: Você fornece sal mineral para os seus animais? Usa sal específico por categoria? Agora vem a pergunta que muitas vezes fica sem resposta e é bem aqui que quero entrar. Você sabe quanto de sal cada animal ou lote consome e quanto isso está lhe retornando em peso?

Espantei-me ao saber que uma grande parte dos criadores não sabiam a resposta, mas como será que eles fazem para escolher os produtos que usam ou mesmo que critérios usavam para mudar?

Ter a resposta a essa pergunta não custa muito, mas o quanto seria caro uma informação que ajudaria a decidir entre um produto e outro. Como decidir entre um produto mais barato e um caro de renome? Será que a marca mais cara vai engordar o meu boi, na mesma proporção do dinheiro a mais investido? Por que não medir isso? Como fazer?

Um jeito simples e pratico e com um resultado direto é fazermos um estudo comparando um sal com o outro. Para darmos início ao estudo será preciso selecionar dois sais ou proteinados, e dois lotes de animais da mesma categoria o mais homogêneo possível, e serão necessários pelo menos duas pesagens.

Primeiramente marque uma data para começar, para que isso aconteça de um modo que não atrapalhe o manejo da fazenda, marque uma data que coincida com uma pesagem previamente programada. Com a pesagem feita temos o peso inicial dos animais e o número de animais no lote que vai ser fornecido o sal mineral, mas temos que tomar o cuidado de não colocar ou tirar animais do lote, caso seja necessário, colocar animais os mais uniformes possíveis e marcar a data da introdução ou da retirada. No dia da pesagem, pesar a quantia de sal a ser fornecida no cocho e no decorrer do período somando ao sal de reposição. No dia da pesagem final, descontar da quantidade de sal fornecida a sobra que está no cocho, com isso temos a quantidade de sal que se utilizou no período.

Para obtermos o custo de sal por cabeça ou por ganho de peso é só fazermos uma conta simples.

Quanto mais próximo o ambiente, mais confiável serão os resultados e para que isso ocorra, alguns cuidados devem ser tomados, como de não retirar animais ou adicionar animais nos lotes, se isso realmente tiver de ser feito estes animais devem ser contabilizados. Os dois lotes de animais devem estar em pastagem iguais de mesma capacidade suporte, preferencialmente de mesmo ano de formação, mesmo manejo (calagem adubação, vedação) e mesma espécie forrageira. É imprescindível que se desconte o sal que sobrou no cocho no dia da pesagem final.

Com isso irá ficar claro o quanto está se gastando por kg de ganho de peso ou por cabeça numa determinada categoria, assim não caímos na história de que “meu produto faz ganhar mais peso” agora podemos saber o quanto estamos pagando a mais por este peso e se este custo trás retornos satisfatórios.

Referências Bibliográficas

Euclides, V.P.B.; Arruda, Z.J.; Figueiredo, G.R. Desempenho de novilhas em pastagens de Brachiária decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares. Rev. Bras. De Zootec. V. 27, n.2, p. 246-52. Março – Abril 1998.

Lopes, H.O.S. Suplementação de baixo custo para bovinos. Embrapa. 105p, 1998.

Rosa, I.V. técnicas de avaliação de suplemento mineral. Anais do 3o. Simpósio sobre Nutrição de Bovinos. FEALQ, p. 98-112, 1985.

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1 Naomi Cristina Meister é Zootecnista pela UFLA, Mestre em Nutrição Animal pela USP e Coordenadora da Nutrição Animal da Allvet Química Industrial. E-mail: naomi@allvet.com.br

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