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Daniel Almeida: quando se oferta carne com qualidade, nunca se perde a razão

O Prêmio BeefPoint – Edição Confinamento foi criado para homenagear quem faz a diferença nos confinamentos do Brasil. Essa é uma iniciativa do BeefPoint, e tem a Assocon como parceira. A premiação foi feita durante o Interconf 2013, evento da Assocon que começou no dia 9 de setembro e encerra no dia 12 de setembro de 2013, em Goiânia/GO e que o BeefPoint fez a curadoria de conteúdo.

Para conhecer melhor os finalistas, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas que mostram o que eles têm feito para se destacar na pecuária de corte.

Confira abaixo a entrevista com Daniel Almeida, um dos finalistas na categoria Carne de Qualidade em Confinamento.

Daniel Almeida

Daniel Antunes Almeida é médico veterinário formado pela Universidade do Estado de Santa Catarina em 1999. Realizou MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Trabalha na FSW Agropecuária S.A. desde 2003, onde exerce o cargo de Coordenador de Produção.

BeefPoint: O que você considera mais importante em um confinamento de gado de corte?

Daniel Almeida: O confinamento não deve apenas ser considerado como uma ferramenta de engorda, e sim como um complexo modelo dentro de uma unidade de produção. A operação de confinamento tem a real capacidade de padronizar uma mercadoria que deveria ser sempre comercializada de maneira diferenciada.

O que eu considero mais importante é a complexidade existente entre potencial de produção e resultado obtido. Informação disponível e de forma confiável é fundamental para a definição do tamanho da diferença numérica, caracterizada como problema atual. Os números dizem quase tudo, basta uma análise minuciosa.

BeefPoint: Qual o maior desafio dos confinamentos no Brasil hoje?

Daniel Almeida: Eu acho que o principal problema dos confinamentos brasileiros é a vulnerabilidade em função das variações de preços, tanto dos insumos quanto do produto final, que é a carne. Quedas acentuadas de preços em períodos muitas vezes curtos demais são sempre ruins ao negócio.

Se um ingrediente de dieta fica num preço muito baixo, que também gera baixíssima margem para a agricultura, estamos diante de uma situação que é muito ruim para a cadeia produtiva da carne como um todo. Na safra seguinte, pode ter certeza que teremos flutuações, grandes variações nas áreas de plantio, enfim, insegurança nos preços considerados.

Como é que poderemos realizar planejamento? A fase de confinamento é muito curta e onerosa. Qualquer transtorno que haja fora do planejado coloca o ciclo a perder. O sistema inteiro fica prejudicado.

BeefPoint: Qual projeto de confinamento você teve contato ou implementou nestes últimos anos, que considera um case de sucesso? Por quê?

Daniel Almeida: No projeto de confinamento da FSW Agropecuária S.A., implementamos números muito interessantes. São 10 anos inseridos num projeto que cresceu 10 vezes.

Partimos dentro de uma estrutura moldada com crescimento sempre seguro. Pé no chão mesmo. Nunca aceitamos metas impossíveis, nem tampouco metas comuns para a atividade.

Criamos mentalidade personalizada. Entendemos o papel da agroindústria e sabemos como ocorre a transformação da nossa mercadoria dentro dos frigoríficos, afinal temos nossa responsabilidade.

Moldamos nosso projeto para produção de carnes especiais. O segredo disso tudo é ter visão industrial e principalmente acreditar no trabalho da equipe.

daniel almeida_confinamento

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados? 

Daniel Almeida: Fizemos um trabalho muito rígido na entrega de animais em 2012, primando sempre por qualidade. Cada mercado demandou animais com algumas diferenças, com acabamentos em fases distintas.

Cada cliente da FSW precisava de um perfil de produto. Com base nesse trabalho, voltávamos para o confinamento e discutíamos de forma exaustiva quando as metas não eram atingidas.

O objetivo era corrigir o que estava errado e manter o que estava dando certo. O foco foi manutenção de entrega de produtos com qualidade ideal, satisfação do nosso cliente, e com isso os resultados vieram naturalmente.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E por quê?

Daniel Almeida: Em 2013, estamos fazendo um trabalho de intensificação de dietas de acordo com o biotipo do animal. Animais que conseguem responder a dietas mais pesadas nós estamos trazendo a desempenhos mais agressivos no que se refere a desafio.

Estamos implantando isso de maneira seletiva, fruto de uma experiência visualizada no início de 2013. Essa metodologia de trabalho vem a ser adotada em decorrência da necessidade que os confinamentos tem de extrair máximo desempenho técnico de cada perfil de dieta.

É natural que se respeite cada categoria animal, a fisiologia digestiva e equipamentos. Se tratarmos dos requerimentos diários apenas como uma regra, essa ferramenta não vai dar certo. É necessário estudar a fundo como, onde, quando e em que nível extrair ao máximo a relação entre o animal e dieta.

BeefPoint: Qual mensagem gostaria de deixar para os confinadores no Brasil?

Daniel Almeida: É necessário reflexão. Temos que buscar a excelência em tudo que fazemos. Devemos ter mente aberta o suficiente para compreender como nossos fornecedores ou clientes precisam permanecer seguros no mercado: isso garante a nossa sustentabilidade.

Temos que pensar sempre em qualidade, visto que, quando se oferta produtos com qualidade satisfatória, nunca se perde a razão.

Outra oportunidade importante que deve ser lembrada é a de que existe mercado pouco explorado. Muitos confinadores deixam de extrair benefícios e premiações simplesmente por falta de organização.

A atividade de produção e engorda de bovinos em confinamento é de relevante importância para o país.

Capacitem e acreditem na sua equipe, no seu rebanho. Acreditem no Brasil.

Confira a Programação do Interconf 2013

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