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Defesa agropecuária: agenda internacional

A principal agenda da semana agropecuária foi o resultado da visita dos inspetores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA) ao Brasil.

Durante a semana passada, levantou-se, internamente, a possibilidade de revisão de todo o sistema de defesa agropecuária do Brasil, e de responsabilização dos frigoríficos exportadores brasileiros pela inspeção e a defesa agropecuária brasileira. A esse respeito teço alguns comentários:

1 – No atual sistema, o Brasil se consolidou como o maior e primeiro exportador mundial em mais de sete importantes produtos agropecuários, como carne bovina e de aves, açúcar, laranja, café, soja e frutas, gerando um saldo na balança comercial da ordem de US$ 34 bilhões;

2 – De tudo o que é exportado pelo Brasil, 40,44% é proveniente do agronegócio. Minha mais que espancada declaração continua a valer: “o agronegócio é o setor que sustenta a economia interna e externa deste país”;

3 – O Brasil vem sendo visto como o único potencial provedor de alimentos para o mundo no futuro próximo. “O mundo precisa do Brasil para comer”;

Cabe ressaltar, ainda, que foi devido a este atual programa de defesa – que tantos técnicos e os que se dizem especialistas dizem ultrapassado – que o Brasil avançou na ampliação dos seus circuitos agropecuários para a febre aftosa e consolidou-se como país nível 1 (um) para risco de BSE “vaca louca” – a melhor situação a que se pode alcançar – na União Européia e ostenta – até hoje – status sanitário único no mundo, o que permite a comercialização dos seus produtos em mais de 150 mercados.

Por tudo isso, o Brasil tornou-se líder nas exportações de carne bovina. Em 1998 o Brasil exportava US$ 500 milhões em carne bovina, passando a exportar em 2004 US$ 2,5 bilhões.

Senhores, no atual sistema avançamos, e muito. Portanto, extinguí-lo com argumentos de que problemas pontuais o comprometem não podem ser considerados coerentes. Não quero dizer que o atual sistema é o melhor ou que não têm falhas, mas que em defesa agropecuária e em epidemiologia não existe risco zero. Falhas existem e devem ser corrigidas como estão sendo por expressa e pronta determinação do Senhor Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.

No que se refere aos frigoríficos exportadores de carne – seja de aves, bovina ou suína – assumirem a defesa agropecuária e a inspeção no Brasil, tenho claro, e já venho explorando este assunto em meus artigos anteriores, que o cerne do problema é a escandalosa negligência da equipe econômica do Governo Federal, que deixa de repassar recursos orçamentários ao Ministério da Agricultura.

Além disso, creio ser importante esclarecer que o próprio Governo Federal assumiu para si a promoção da defesa sanitária quando editou a Lei no 8.171/91, que, em seu artigo 27-A, que dispõe ser um dos objetivos da defesa agropecuária o de garantir a saúde dos rebanhos animais. Em seu parágrafo 2o, o referido artigo afirma que a vigilância e defesa sanitária animal serão organizadas de forma a garantir “o cumprimento das legislações vigentes que tratem da defesa agropecuária e dos compromissos internacionais firmados pela União”.

Nesse contexto, pretendo elucidar dois pontos: que os frigoríficos exportadores brasileiros não têm a competência legal e não são reconhecidos internacionalmente como agentes de promoção da defesa e inspeção no País; e

Tendo consciência do referido fator limitador, acima citado, e em decorrência das sistemáticas que regem os Acordos firmados no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Governo Brasileiro se antecipou, de forma correta e indiscutível, ao assumir compromissos internacionais com vistas a garantir a constante inserção do Brasil nos requisitos emanados pelos organismos de referência como Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e ao Codex Alimentarius, entre outros, no sentido de asseverar a adequação dos produtos nacionais aos padrões exigidos internacionalmente para a saúde animal e segurança alimentar, permitindo, dessa forma, que o Brasil seja hoje potencial ameaça e ao mesmo passo salvaguarda no fornecimento de alimentos para o mundo.

0 Comments

  1. Jurandi Lavor Rolim disse:

    Concordo em gênero, número e grau com o artigo ora exposto.

    Acrescento mais, falta competência governamental, ou melhor colocando, falta vontade política, para que questões como esta no momento abordada, sejam de conhecimento tal dos produtores, em todos os níveis, que os possibilitem discutir e avaliar com visão global, ou seja, dotar a população brasileira, independentemente da sua condição econômica, de conhecimento/educação para saber quem é e onde está inserido.

    Jurandi Lvaor Rolim
    Bancário/Economista