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Defesa Agropecuária troca diretor para sair de crise

O secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antônio Duarte Nogueira Júnior, exonerou, na segunda-feira, o chefe da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), o agrônomo José Carlos Fabrini Coutinho, e nomeou o médico-veterinário Heinz Otto Hellwig para o cargo. A mudança foi anunciada pelo secretário-adjunto da Agricultura, Alberto Macedo, em Campinas (SP).

Com a medida, Nogueira tenta pôr fim à crise dentro da CDA, iniciada há dez dias, quando técnicos se negaram a exercer suas funções e atribuições básicas, como fiscalizações, autuações e principalmente as emissões das Guias de Trânsito Animais (GTAs), fato que praticamente paralisou as atividades nos frigoríficos paulistas. Isso obrigou os frigoríficos a buscarem na Justiça liminares que garantissem a emissão das GTAs.

Os servidores da CDA alegam estar em situação irregular desde maio de 2002, quando foi criada a Agência de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (Adaesp). Ela substituiria a CDA, mas ainda não foi regulamentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os funcionários informam que todas as funções da CDA foram passadas para a Adaesp, menos o quadro funcional, que permanece na CDA. Por isso, os servidores não teriam legitimidade nos seus atos.

Encarado como um problema administrativo pela cúpula da Secretaria da Agricultura, já que os servidores da CDA teriam reajustes nos salários assim que fossem lotados na Adaesp, o assunto foi resolvido segunda-feira pelo secretário Duarte Nogueira. Ele enviou Macedo para Campinas para que este apresentasse Hellwig como novo titular da CDA e orientou os dois a resolverem a situação em 24 horas, ordem que foi repassada a todos os diretores dos 40 escritórios regionais pelo novo coordenador.

A liminar concedida segunda-feira pela Justiça de Campinas ao Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de São Paulo (Sindifrio), obrigando a CDA a voltar a emitir GTAs, não deve aliviar a situação dos frigoríficos. Segundo corretores, a liminar deve normalizar a compra de bois no Estado de São Paulo, mas como a oferta é escassa por causa da entressafra, a indústria continuará tendo de “brigar” pelo preço. “Talvez a volta da emissão da GTA possa fazer com que a indústria alongue a escala por um ou dois dias. Mas é só. O mercado paulista continuará firme e com tendência de alta nos preços”, diz o consultor Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria.

O consultor José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria, tem a mesma opinião e acrescenta que, em outros Estados (como Minas e Goiás), nos quais os frigoríficos paulistas estavam buscando bois, os preços podem se estabilizar, mas não cair. “Os Estados vizinhos vão perder essa demanda extra, mas não deverá haver alteração de preços”, diz.

O aumento da oferta de boi confinado está previsto para daqui a duas semanas, mas nem isso deve aliviar a escassez de animais. O número de bois confinados não aumentou neste ano e a liberação dos animais para o mercado não deve mexer com as cotações, principalmente se o clima continuar ajudando. Segundo cálculos do mercado, dos cerca de 35 milhões de cabeças abatidas todo ano no País, apenas 1,6 milhão saem dos confinamentos. Se houver um evento excepcional, como uma semana de chuvas, por exemplo, o mercado pode ceder um pouco. No mercado futuro, as cotações do boi gordo tiveram alta expressiva segunda-feira. O outubro, contrato mais negociado, subiu R$ 0,30 para R$ R$ 63,45 a arroba. Segundo Ferraz, da FNP, a alta não foi surpresa. “O mercado se ajustou a níveis que já eram esperados”, disse.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Gustavo Porto e Ana Conceição), adaptado por Equipe BeefPoint

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