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Demanda externa e boi barato beneficiam exportador

Os embargos parciais ou totais à carne bovina brasileira por mais de 50 países em decorrência do ressurgimento da febre aftosa no MS e PR impactaram toda a cadeia produtiva, mas para alguns membros da cadeia o golpe foi mais sutil. Os pecuaristas foram sem dúvida o elo mais fraco.

As exportações foram afetadas, mas os preços de venda dos cortes bovinos no mercado internacional subiram, dependendo do destino, justamente por conta da oferta mais restrita do Brasil. Isso significa que frigoríficos que estão em regiões sem restrição para exportar e têm disponibilidade de oferta, estão obtendo melhores resultados nas vendas para determinados mercados, como a UE.

A valorização dos preços de venda para o Egito, um cliente que tem ampliado as compras do Brasil, pode ser explicada pela menor oferta brasileira, observa Jerry O’Callaghan, diretor de carnes da Coimex. A maior demanda por carne bovina no país, afetado pela gripe aviária, também ajudou. Segundo os dados da Secex, a tonelada de carne congelada saiu de US$ 1.723 em outubro de 2005 para US$ 1.816 em abril passado

Em outubro do ano passado, a carne congelada in natura exportada para a UE teve preço médio de US$ 2.655/tonelada. Alcançou US$ 2.887 em abril passado, segundo dados da Secex, compilados pela Coimex. Já a tonelada de carne resfriada saiu de US$ 4.738 em outubro para US$ 6.614 em abril passado.

Fator que contribui para a valorização dos preços para a UE, segundo O’Callaghan, é o déficit de produção de carne bovina naquele continente. Ele acrescenta que, com as restrições européias a SP, MS e PR, também houve maior dificuldade para encontrar matéria-prima nos padrões exigidos.

Nas vendas de carne congelada para a Rússia, a valorização foi de 23,5%, saindo de US$ 1.865 em outubro passado, para US$ 2.304 em abril deste ano. Além da oferta mais restrita, mudanças nos sistemas de cotas levaram o país a alterar o mix de compra, adquirindo produtos de maior valor.

Segundo o diretor da Abiec, Antônio Camardelli, não se pode afirmar que frigoríficos que vêm conseguindo exportar com preços mais altos tenham sido beneficiados. Na opinião dele, a valorização dos preços compensou a perda de vendas em outros mercados. Um exemplo é o Chile, que suspendeu as compras de todo o país. Outro fator negativo para os exportadores foi a valorização do real frente ao dólar.

A reportagem é de Alda do Amaral Rocha, para o jornal Valor.

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