Dose custa R$ 0,60; aplicação é única e exige acompanhamento de veterinário
Embora o programa de controle da brucelose esteja engatinhando, como afirmou Emilio Carlos Salani, presidente do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) estima para este ano, no Brasil, uma demanda de cerca de 16 milhões de doses.
A vacina, com dose única aplicada em fêmeas jovens com quatro a sete meses de idade, controla, segundo Salani, uma “doença econômica, já que causa problemas reprodutivos, provocando abortos”. Ele destacou que a vacina contra brucelose é mais controlada que a da raiva, por exemplo, por ser acompanhada pelo veterinário.
De acordo com a assessoria de imprensa do Sindan, a vacina – B19 -, é fabricada no Brasil por seis laboratórios, com capacidade de produção de aproximadamente 25 milhões de doses por ano. O preço para o consumidor final está ao redor de R$ 0,60 a dose.
Da demanda estimada pelo Mapa, 3,3 milhões são para Mato Grosso do Sul; 2,8 milhões, Mato Grosso; 2,3 milhões, Minas Gerais; 1,5 milhão, São Paulo; 1,2 milhão, Goiás; e 1,1 milhão para o Paraná, considerados os maiores estados consumidores.
De acordo com dados do PNCEBT (Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose), disponíveis no site do Mapa, o último diagnóstico de situação da brucelose bovina em nível nacional foi realizado em 1975. Notificações oficiais indicam que a prevalência de animais soropositivos se manteve entre 4% e 5%, no período de 1988 a 1998. Em 1999, o Mapa liberou 5,5 milhões de doses de vacina contra brucelose, dos quais 2,5 milhões foram consumidos em Minas Gerais, em virtude de esse Estado ter um programa de vacinação obrigatória.
Programa
O PNCEBT foi instituído em 2001 com o objetivo de diminuir o impacto negativo da zoonose na saúde comunitária e promover a competitividade da pecuária nacional, introduzindo a vacinação obrigatória contra brucelose bovina e bubalina em todo o território nacional e definindo uma estratégia de certificação de propriedades livres. A proposta do Programa foi elaborada sob coordenação de Vitor Salvador Picão Gonçalves, do Departamento de Defesa Animal, da DAS (Secretaria de Defesa Agropecuária) do Mapa, com a participação de especialistas ligados a órgãos estaduais, institutos de pesquisa e universidades.
“A certificação de propriedades livres e de propriedades monitoradas, de adesão voluntária, é um instrumento que os produtores e o setor agroindustrial podem utilizar para agregar valor aos seus produtos. Assim sendo, este não é um programa apenas do governo federal e dos governos estaduais, mas sim um projeto que deverá envolver o setor produtivo e suas comunidades, o setor industrial e os consumidores, não esquecendo os médicos veterinários que atuam no setor privado”, determina a proposta.
O PNCEBT prevê, além da vacinação de bezerras, medidas como controle do trânsito de animais destinados à reprodução. O Programa busca manter sua qualidade técnica mediante capacitação de médicos veterinários e laboratórios, oficiais e privados; padronização e modernização dos métodos de diagnóstico, permissão para ações de fiscalização e monitoramento que cabem ao serviço oficial de defesa animal, e melhoramento de sua integração com o serviço oficial de inspeção de produtos de origem animal.
Segundo o Programa, em propriedades certificadas, as bezerras devem ser vacinadas até seis meses de idade, a fim de minimizar a possibilidade de reações vacinais nos testes de diagnóstico. Cada estado tem prazo até este mês para implantar em todo o seu território a obrigatoriedade de vacinação de bezerras contra a brucelose.
A expectativa é que, “até dezembro de 2010, ao menos 75% da população de fêmeas adultas tenham sido vacinados, entre três e oito meses de idade. Quando esta meta for atingida, a prevalência de brucelose deverá situar-se em níveis que permitam passar à fase de erradicação”, detalha a proposta.
A adesão à certificação de propriedades livres de brucelose – ou monitoradas – é voluntária, uma vez que as normas sanitárias exigidas somente “serão efetivamente cumpridas quando os pecuaristas se beneficiarem da condição sanitária adquirida”.
O Programa prevê que o combate a doenças endêmicas como a brucelose e a tuberculose, no qual o controle tem base em teste e sacrifício de animais, precisa ter incentivos e mecanismos de compensação, caso contrário, a probabilidade de sucesso é reduzida. De acordo com o Mapa, tais incentivos deverão ser desenvolvidos em colaboração com a indústria.
Também está prevista, em prazo a ser determinado pelo MAPA, a exigência de origem em propriedade com certificado de livre ou monitorada, para todos reprodutores, machos e fêmeas, que transitem entre estados ou participem de exposições, feiras e leilões.
Fonte: Mirna Tonus, da Equipe BeefPoint