Ainda que as estatísticas oficiais não revelem, o aumento da demanda da Rússia já sustenta os preços das carnes brasileiras, principalmente de aves e suínos. Fontes da indústria relatam incremento nos preços em dólar dos produtos destinados àquele país desde que Moscou anunciou que mais de 80 novos estabelecimentos de carnes (de frango, suína e bovina) do Brasil poderiam vender à Rússia, em 8 de agosto.
Ainda que as estatísticas oficiais não revelem, o aumento da demanda da Rússia já sustenta os preços das carnes brasileiras, principalmente de aves e suínos. Fontes da indústria relatam incremento nos preços em dólar dos produtos destinados àquele país desde que Moscou anunciou que mais de 80 novos estabelecimentos de carnes (de frango, suína e bovina) do Brasil poderiam vender à Rússia, em 8 de agosto.
Para o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, as sanções russas já favorecem o Brasil. “O mercado já responde bem. Nos primeiros quinze dias de setembro, exportamos para a Rússia mais do que vendemos em todo o mês de agosto”, afirma. Os embarques de carne de frango para ao país saltaram de um média mensal de 5 mil toneladas entre janeiro e julho para 8 mil toneladas em agosto. Já em setembro, a expectativa é a que os embarques superem 20 mil toneladas.
No caso da carne bovina, também houve incremento de preços nas vendas à Rússia, mas já começa a haver pressão por parte de importadores por redução. Uma fonte de frigorífico afirma ter ocorrido um avanço entre 5% e 10% na cotações em relação aos preços anteriores à retaliação russa aos EUA e à UE. “Não é muita coisa, mas o suficiente para aquecer o mercado”, diz. Segundo a mesma fonte, a alta só não foi maior por conta da queda do real ante o dólar – com isso, as empresas recebem mais reais a cada dólar negociado.
Os russos compram sobretudo cortes de dianteiro do Brasil, cotados hoje entre US$ 4,5 mil e US$ 5 mil por tonelada. Também demandam os chamados “cortes da roda”, como coxão mole. Outra fonte da indústria diz que “a percepção é de que os preços de venda para o mercado russo bateram no teto”. Ele lembra que a menor oferta de carne bovina no mundo já vinha sustentando os preços de venda para a Rússia mesmo antes das sanções.
Agora, afirma, os importadores russos começam a pressionar para derrubar os preços, pois suas margens despencaram. A razão é que o rublo, assim como o real, está em queda em relação ao dólar. Isso significa que é preciso mais rublos para cada dólar de carne importada.
Para o presidente da Abiec, Antonio Camardelli, uma elevação mais significativa nas exportações de carne bovina para a Rússia só deve ocorrer no fim de setembro, com os primeiros embarques de miúdos – o país ficou cerca de cinco anos sem exportar. “Acredito que vamos ter variação positiva no fim do mês, com os negócios de miúdos”, diz Camardelli. Até agora, porém, o fluxo de embarques de carne bovina para a Rússia segue “normal”, segundo ele, e não houve grandes alterações nos preços.
Mas isso pode se mudar caso a Rússia destine mesmo a cota de embarques de carne bovina dos EUA e da UE para outros países, como Brasil e Paraguai. “Se acontecer essa transferência de cotas, o Brasil está pronto para responder”, afirma. Camardelli não confirma, mas o Valor apurou que algum tipo de transferência de cotas deve ocorrer. Para 2014, EUA e UE tinham uma cota somada de 120 mil toneladas de carne bovina congelada. Nem todo esse volume seria transferido, uma vez que boa parte já foi embarcada.
Nas primeiras três semanas de setembro, os embarques de carne bovina ao mercado russo alcançaram US$ 100,8 milhões – foram US$ 122,5 milhões em todo o mês de setembro de 2013.
Em carne suína, a avaliação é de que a Rússia já vinha ampliando as compras do Brasil e que esse movimento continua. “Desde fevereiro e março, o volume comprado pela Rússia vem subindo”, afirma Rui Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. Nas primeiras três semanas de setembro, o país comprou 11,4 mil toneladas de carne suína do Brasil – mais de 40% do total de 24 mil toneladas vendidas, segundo dados da Secex compilados pela ABPA. Em março, essa taxa era de 22%. O valor das vendas no período alcançou US$ 58 milhões ante US$ 32,2 milhões de todo mês de setembro de 2013.
Embora os preços médios na exportação de carne suína indiquem uma certa estabilidade, há relatos no mercado de cortes de pernil para a Rússia sendo negociados a US$ 6 mil por tonelada.
Fonte: Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.