Na avaliação final de dietas, a concentração final de energia é um fator de extrema importância, podendo interferir diretamente no desempenho e nas características de qualidade das carcaças. Devido a isso, muitos estudos têm sido realizados na avaliação dos efeitos da concentração energética da dieta sobre a fermentação ruminal e a deposição de tecidos. Diversos fatores como a proporção de concentrado, tipo de grão, tipo de processamento e suplementação com gordura são determinantes da densidade energética final da dieta.
Além dos efeitos e relações descritos, a densidade energética da dieta de bovinos de corte em terminação, apresenta relações muito importantes com fatores relacionados à produção e qualidade, como a ingestão de matéria seca total, ganho de peso diário, conversão alimentar, espessura de gordura de cobertura e marmoreio.
Utilizando como base os valores de energia metabolizável do NRC (1996), Krehbiel et al. (2006) constatou que a ingestão total de matéria seca (% peso vivo) de bovinos de corte confinados apresenta relação linear com a concentração energética da dieta, diminuindo com o aumento da densidade energética da dieta acima de 2,66 Mcal/kg de matéria seca (Figura 1). Observou-se diminuição da ingestão de matéria seca na ordem de 0,89% para cada 1 Mcal elevada na energia metabolizável da dieta. Já Plegge et al. (1984), com dados referentes a um total de aproximadamente 14.000 animais, encontrou valores próximos de 2,47 Mcal/kg de matéria seca da dieta para máxima ingestão de matéria seca.
Figura 1. Relação entra a ingestão de matéria seca e concentração de energia metabolizável da dieta de bovinos de corte confinados
Resultados descritos na literatura juntamente com os valores apresentados nesse trabalho, sugerem que os animais “controlam” a ingestão de matéria seca, mantendo constantes os níveis de ingestão de energia metabolizável. Owens et al. (1995) utilizou diferentes proporções de milho/alfafa para avaliar os efeitos da concentração de energia da dieta sobre a ingestão de matéria seca.
Os resultados mostraram que com o aumento das proporções de milho na mistura, havia diminuição nos valores de ingestão, mantendo constante os valores de ingestão de energia.
Já para ganho médio diário, foi observado relação quadrática entre energia metabolizável e desempenho (Figura 2), com o desempenho apresentando queda na intensidade de ganho em relação ao aumento nos valores da concentração de energia metabolizável da dieta.
Figura 2. Relação entre desempenho e concentração de energia metabolizável da dieta de bovinos de corte confinados
Na avaliação da figura acima, o máximo desempenho seria atingido com 3,16 Mcal/kg de matéria seca da dieta, porém é importante ressaltar que a concentração de energética da dieta é responsável por somente 23% das variações de desempenho.
Em relação à conversão alimentar, a resposta devido ao aumento da concentração de energia metabolizável na dieta, apresentou relação não linear, sendo que com aumento da concentração energética da dieta, houve aumento da conversão alimentar, porém em taxas decrescentes (Figura 3).
Figura 3. Relação entre conversão alimentar e concentração de energia metabolizável da dieta de bovinos de corte confinados
O ponto de máximo observado para conversão alimentar pode estar acima dos valores apresentados nesse trabalho, porém devem ser computados também os valores de desempenho e ingestão no momento da tomada de decisão, pois valores de concentração energética muito elevados podem não apresentar resultados funcionais.
Dentro dos valores apresentados, a maximização de desempenho e conversão alimentar seriam alcançados com concentrações de 3,16 e 3,45 Mcal/kg de matéria seca, respectivamente. Importante lembrar também que esses são valores limites, não devendo ser observados como objetivo para toda e qualquer situação.
Referências bibliográficas
KREHBIEL, C.R.; CRANSTON, J.J.; McCURDY, M.P. An upper limit for caloric density of finishing diets. J. Anim. Sci., v. 84, p. E34-E39, 2006
OWENS, F.N.; SECRIST, D.S.; GILL, D.R. Impact of grainsources and grain processing on feed intake by and performance of feedlot cattle. Symposium: Intake by feedlot cattle, p. 235-256, Oklahoma State University, 1995.
PLEGGE, S.D.; GOODRICH, R.D.; HANSON, S.A.; KIRICK, M.A. Predicting dry matter intake of feedlot cattle. Proceedings of Minessota Nutrition Conference, University of Minessota, p. 56-70, 1984.