Ontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa, Nelmon Oliveira, disse estar disposto a debater o sistema de desclassificação de animais nos frigoríficos. Na opinião do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) o Sisbov pressiona os pecuaristas e beneficia certificadoras e indústrias.
Ontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa, Nelmon Oliveira, disse estar disposto a debater o sistema de desclassificação de animais nos frigoríficos. Pela nova regra, a indústria é obrigada a desclassificar todo o lote de animais em caso de perda do brinco ou do “boton” de identificação individual. Também são zerados os prazos obrigatórios de permanência dos animais nas áreas habilitadas (90 dias) e nas fazendas (40 dias). Antes do acordo com a UE, era possível descartar apenas o gado que não tivesse a identificação do Sisbov.
“Além de ninguém ter sido consultado, a própria missão européia já disse que essa medida não resolve nada”, afirmou o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura de Goiás, Marcio Sena Pinto.
Na opinião do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) o Sisbov pressiona os pecuaristas e beneficia certificadoras e indústrias. “Essa farsa está nos custando R$ 3 por arroba. O ministério faz as regras para beneficiar apenas um lado da cadeia”, acusou.
O deputado destacou ainda que apenas 3,6% das 8,6 milhões de toneladas produzidas pelas indústrias brasileiras em 2006 foram produto in natura destinado à UE. “Por que essa subserviência toda? A quem interessa isso?”, questionou. “Não podemos nos submeter cegamente às exigências deles. Isso vai acabar induzindo o pecuarista à clandestinidade”.
As informações são de Mauro Zanatta, do Valor Econômico.
Nota: O BeefPoint realizou um levantamento da importância das exportações brasileiras de carne bovina a União Européia, em relação ao total exportado pelo Brasil. No acumulado de janeiro a outubro de 2007, a UE comprou 21,6% do volume e 31,9% do faturamento total, incluindo carne resfriada (in natura), processada e miúdos. Leia mais.
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Para saber mais,
http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=115528&searchterm=sisbov
Apresentação do Marcio Sena Pinto
http://www2.camara.gov.br/internet/comissoes/capadr/audiencias-2007/rap131207sena.pdf
Audio completo da reunião
http://imagem.camara.gov.br/internet/audio/Resultado.asp?txtCodigo=00011351
Vamos ficar de olho vivo, pois estão impondo (MAPA) que frigorífico autorizado a exportar para a Europa seja proibido de receber animais de quem não esteja no sistema.
Nosso slogan tem que ser: NÃO BRINCO MAIS
Como sempre, as coisas são inventadas para prejudicar o pecuarista. Custa caro, e por que um boi perde o brinco ou o boton um lote inteiro é desclassificado. Não tem função nenhuma essa desclassificação, já me arrependi de ter rastreado a fazenda, imaginando que teria algum benefício.
O file mignon é a intervenção do deputado Caiado às 11:56:07. Imperdível!
Audio completo da reunião
http://imagem.camara.gov.br/internet/audio/Resultado.asp?txtCodigo=00011351
Inicio minha ponderação parabenizando o Dep. Ronaldo Caiado, que tem sido um grande defensor da classe ruralista neste país, pois colocou muito bem que o Ministéiro da Agricultura e Pecuária institui regras que estão beneficiando somente um lado, e o produtor está ficando no prejuízo com o custo da restreabilidade cada vez mais alto.
Se tivéssemos um número bem maior de produtores para reagir a essa imposição, exigindo que também fossem beneficiados, poderíamos vislubrar finalmente a luz no fim do túnel.
Acabei de rastrear toda a fazenda e também estou arrependido, pois já percebi que vão mudar tudo de novo. E o pecuarista novamente que paga o pato.
Caros amigos, o maior problema é que o Ministério sempre abaixa a cabeça para o que os europeus falam. Eles não questionam nada e têm que dar um jeito de fazer a coisa andar! E o principal jeito é de tirar a responsabilidade deles e transferí-la para os frigoríficos e pecuaristas.
Essa desclassificação é muito ruim para o pecuarista e também é muito ruim para os frigoríficos, pois o tempo, mão de obra, água, energia, etc., etc., que se gasta para abater um boi que não se pode exportar são rigorosamente os mesmos de um boi para exportação.
Enquanto o Ministério ficar submisso às vontades da UE, sempre eles vão “inventar” barreiras para o nosso boi; barreiras que são cada vez mais político-comerciais do que propriamente sanitárias.
O Brasil, como maior exportador de carne do mundo, com as miores plantas frigoríficas do mundo, com sua tecnologia de ponta em processamento de carnes e derivados, deve dizer um “basta” para as autoridades européias e mostrar como o nosso sistema de criação é eficiente, seja ele extensivo, semi-intensivo, ou intensivo; não utilizando proteína animal para balanceamento de dietas e sim muita proteína vegetal e minerais vindos de rochas; e um sistema eficiente de vacinação em massa.
Antes eu pensava que a única maneira para acabar com esta palhaçada do Sisbov era arrancar os brincos e por fogo nos certificados.
Agora com a circular 898 do Mapa (aquela que desclassifica o lote todo e penaliza a propriedade por 90 dias) acredito que o Sisbov vai morrer.
Não vou mais certificar a minha propriedade até que tenha certeza do retorno do investimento a ser feito. Espero que outros produtores façam o mesmo
Os burocratas do Mapa deveriam sair do ar condicionado e visitar uma fazenda antes de criar normas absurdas e impraticáveis. Sai ministro, entra ministro e o circo continua o mesmo.
Gostaria que as Associações dos Criadores de todas as raças bovinas brasileiras como por exemplo a ACNB, o SIC e outras entidades da classe pecuária, se manifestassem a respeito e nos fortalecessem nesta briga pois quem tem a materia prima (bovinos) somos nós pecuaristas.
Os frigoríficos estão perdendo dinheiro com as ações nas bolsas de valores e eles dependem de nós que temos os bois no pasto.
Se não nos unirmos (pecuaristas), todos irão perder com isto.
E se não houver um acordo entre pecuaristas-frigoríficos -Mapa, não seremos mais exportadores de carne para a União européia. Infelizmente.
Seria bom se o MAPA subsidiasse os brincos para os pecuaristas, pois o Brasil é considerado o maior exportador de carne graças a nós pecuaristas que fazemos a lição de casa e sempre somos nós os culpados quando algo de ruim acontece na pecuária – vimos o que aconteceu com o leite, com a aftosa no Mato Grosso…
Na audiência publica, vimos o assessor técnico da CNA, Paulo Mustefaga, ser mandado às feras. Seus superiores sumiram. Em sua primeira intervenção repetiu o argumento, pífio, que vem sendo repetido pela CNA sempre que ela é cobrada pelo fato de que foi a principal interlocutora, da parte dos pecuaristas, quando o Sisbov foi imposto à nossa classe goela abaixo.
O argumento, ridículo e indefensável, é que o Sisbov é facultativo. Como ele é uma pessoa inteligente, um técnico capacitado, não resistiu quando foi confrontado pelo Deputado Ronaldo Caiado, que lhe fez ver novamente (e ele não é bobo, claro que sabe disso) que, com as regras anteriores o frigorífico exportador simplesmente podia se recusar a comprar bois não rastreados. Agora, com as novas regras, suspeitíssimas, eles estão muito mais tranqüilos, porque são OBRIGADOS a recusar-se a comprar boi sem brinco.
Pois bem, eu havia dito que Mustefaga resolveu abrir-se, e o fez com muita categoria em suas considerações finais. Vai aqui a transcrição:
“O Ministério da Agricultura não pode assumir compromissos em nome da cadeia produtiva que não sejam exeqüíveis, que não possam ser cumpridos. Nós vimos aí no passado coisas absurdas que foram cometidas quando o Sisbov foi implantado, e as coisas não tinham a menor transparência. Dizia-se na época, as pessoas que estavam coordenando este sistema, que se tratava simplesmente de exigências da União Européia, e que o Brasil tinha duas opções: ou cumpria, ou não exportava para a União Européia. Nós brigamos, participamos de debates, de grupos de trabalho dentro do Ministério da Agricultura, onde ficou claro que isso tudo não passava de mentira, que não existia esta questão de que a União Européia impunha e nós tínhamos que cumprir, ou cumpria ou não exportava. Estivemos na União Européia e ficou claro, os europeus colocaram que na verdade eles não impunham nenhum sistema de rastreabilidade, eles impunham as condições de qualidade para a compra de carne. Quem tinha que definir o sistema, quem tinha que oferecer as garantias, era o Brasil. Então esta mentira foi desmascarada.”
É parece-me que os deputados acordaram, tomara que o Dep.Caiado tenha sucesso.
Também não vou rastrear de acordo com a “determinaçao” do MAPA, que além de não estar a par da pecuária, inventa moda com este novo rastreamento que não leva a lugar algum.
É, fazem duas semanas que estou tentando vender boi gordo e os frigorificos não estão comprando. Parece que boi gordo está brotando da terra apesar da entresafra, e os preços caindo.
Interessante não?
Abraços
NAO BRINQUEI e concordo com todos os argumentos contrarios a essa palhaçada. Adoto o slogan do Humberto : NAO BRINCO MAIS!
Cadê CNA que cobra taxas altas dos proprietários rurais, é hora dela agir em nossa defesa em relação as exigencias do SISBOV.
Chega de hipocrisia. Não brinco mais nem que a vaca tussa.
O pecuarista está cansado de muitas exigências e poucos benefícios. Cadê a CNA? Cadê as associações de classe?
Estamos lutando pelo bom senso. É muito fácil traçar regras para nós do ar condicionado, mas só quem já teve que olhar brinco por brinco, cantar o número no curral, anotar, colocar em ordem numérica, separar DIA´s e deixar o último caminhão para levá-los é quem sabe como é rastrear.
O atual padrão de rastreabilidade já nasce falho e a palavra que o melhor define é INEXEQÜÍVEL. Me arrependo de ter comprado os brincos, graças a Deus ainda não tornei minha fazenda ERAS.
Sou Pecuarista no Brasil e veterinário em Portugal. Conheço de perto a situação na Europa. Na minha opinião os pecuaristas europeus foram obrigados a aceitar a burocracia que emana de Bruxelas porque são dependentes dos subsidios. Isso não impede que a classe esteja decadente e que a Europa tenha passado de exportadora a importadora.
Não sou contra aumentar a segurança alimentar daquilo que produzimos. Todo o mundo caminha nesse sentido e nós pecuaristas não podemos ficar de fora. Mas aumentar a complexidade das fazendas de forma exagerada vai resultar que o pecuarista vai deixar de andar no campo para virar um funcionário de escritório.
Deixei de produzir na Europa porque já não aguentava tanto papel, e agora eles vêm com a sua burocracia estéril tentar minar o campo no Brasil. Toda essa burocracia na Europa resultou num setor agricola completamente moribundo e inviável económicamente.
Acontece que a Europa já não produz o que necessita para comer. Não vamos nos preocupar, pois quando não tiverem onde comprar carne eles vão achar que carne sem brinco até nem seria tão mal assim.