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Deputados e frigoríficos irão debater ajuda ao setor

O setor de carnes volta ao Congresso Nacional para discutir saídas ante o agravamento da crise. Os parlamentares, em sua maioria ligados à bancada ruralista, não querem nem pensar em ajuda do governo aos frigoríficos sem garantias do pagamento das dívidas dessas empresas com os pecuaristas. "Se forem fazer alguma coisa, o pacote tem que salvar toda a cadeia", frisa o deputado Homero Pereira (PR-MT).

O setor de carnes volta ao Congresso Nacional para discutir saídas ante o agravamento da crise. Os parlamentares, em sua maioria ligados à bancada ruralista, não querem nem pensar em ajuda do governo aos frigoríficos sem garantias do pagamento das dívidas dessas empresas com os pecuaristas. “Se forem fazer alguma coisa, o pacote tem que salvar toda a cadeia”, frisa o deputado Homero Pereira (PR-MT).

Hoje, a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados realiza audiência pública sobre a crise na cadeia produtiva de carne. As presenças do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Luciano Coutinho, são as mais esperadas. Porém, até o final da tarde de ontem, não havia confirmação.

“Primeiro, queremos uma radiografia do setor de frigoríficos, queremos entender o tamanho da crise e qual o tipo de ajuda que será oferecida”, completa o presidente da Comissão, deputado Fábio Souto (DEM-BA). “Não somos contra a ajuda, mas é preciso analisar caso por caso, e se ela vier, que venha casada com o pagamento do produtor rural”, afirma. Dados apresentados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam para um crédito a favor dos produtores da ordem R$ 700 milhões apenas de empresas do setor em recuperação judicial.

Na semana passada, o mesmo debate foi realizado no Senado. Durante o encontro, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca, falou sobre a necessidade de medidas pontuais para ajudar o setor, como o caso da liberação dos créditos tributários do PIS/Cofins. Giannetti não soube dizer na ocasião sobre o montante de dívidas das empresas associadas, números que prometeu encaminhar e que os deputados esperam conhecer hoje na audiência.

O deputado Pereira defende ações de curto prazo. “Se formos esperar linhas de financiamento do BNDES, demora”, conta. “O Itamaraty, por exemplo, deveria pressionar os países potenciais clientes, que estão renegociando contratos pela metade do preço – uma tonelada que era vendida a US$ 4 mil, agora vale US$ 1.800. Não podemos mudar a lei da oferta e da procura, mas trabalhar para reescalonar pagamento. Também funcionaria a demanda antiga do setor, dos adidos agrícolas nas embaixadas”, diz.

O presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, não poupou críticas ao “fácil método” que a indústria adotou para sair do período de crise. “Nossa maior preocupação é que toda e qualquer indústria possa se amparar na lei de recuperação judicial para postergar pagamentos de fornecedores por mais de 20 anos”. Antenor defende que na audiência pública que será solicitada à Comissão de Agricultura da Câmara Federal, representantes do BNDES possam ser ouvidos a respeito dos critérios de concessão de empréstimos e aportes de capital à indústria.

As informações são do Diário do Comércio e Indústria/SP e da Agência Câmara, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    O presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira é muito sério e sensato que conhece, de perto, o assunto abordado e a sua opinião pesa bastante.

    Gil Reis

  2. Rodolfo Endres Neto disse:

    Hora da verdade

    Há três, neste site, alertei que isto iria ocorrer. Frigorificos só viviam esfolando os pecuaristas e nadando no dinheiro do BNDES.

    Quando o pecuarista quebra perde tudo, quando os frigorificos quebram fala-se em recuperação judicial. Já é cultura no Brasil empresario de frigorifico quebrar e abrir nova empresa em seu nome ou de laranjas.

    Quando vende-se um boi gordo para o frigorifico, tirando os 9 meses de gestação, o produtor banca todo o custo de produção durante quase 36 meses e ainda recebe 30 dias depois. É o frigorifico que precisa de capital de giro para receber a venda depois de 30/60/90/120 dias ou o pecuarista que banca o custo e só recupera o dinheiro depois de 3 anos?

    Quando se fala em recuperação judicial o pecuarista será o ultimo a receber e em 20 anos? Isto é uma piada.

    Desafio a CNA como representante maxima dos produtores a exigir que para sair dinheiro do governo, para empresas com recuperaçao judicial, os primeiros a serem pagos, à vista, sejam os pecuaristas.

    Caso contrario conclamar a todos os pecuaristas que não vendam animais para estas empresas.

    O consumidor não vai parar de comer carne por causa destes frigorificos, os concorrentes irão ocupar os espaços e tudo será normalizado lá na frente como em outras crises.

    Este é um momento ímpar para sanear o mercado, por isso o pecuarista deve acreditar que agora ele está com a faca na mão.

    Sem boi não existe recuperação nem mesmo a judicial.

  3. Carlos Alberto Ribeiro Campos Gradim disse:

    Mal posso esperar pelos debates, apesar de estar preparado para uma eventual frustração de minhas expectativas.

    Sugestões que confundem medidas pontuais com políticas de médio/longo prazo (é absurdo imaginar que a atuação do Itamaraty, por mais profunda e competentemente reformulada que seja a partir de agora, possa surtir efeito com mais rapidez do que ações executadas pelo BNDES ou, ainda melhor, a aceleração da liquidez da montanha de créditos tributários detidos pela cadeia, como muito acertadamente defende o presidente da ABIEC), a tentativa de criar uma classe de credores privilegiados sem amparo na lei de Falências e Recuperação de Empresas, e as bobagens do Sr. Antenor Nogueira, repercutidas insistentemente na imprensa, não deveriam ocupar o espaço de uma análise séria das questões confrontando a cadeia e, principalmente, da busca de soluções equilibradas e que fortaleçam a posição internacional do país como exportador de produtos cárneos. A conferir, rezando.

  4. Alberto Baggio Neto disse:

    O “esforço” do sr. Antenor Nogueira é muito pouco; não basta criticar a lei de recuperação judicial. Deveria tomar atitudes que se traduzissem em ações concretas em favor do segmento produtor “dentro da porteira”.

    Na hora de cobrar, a CNA e as Federações de Agricultura são muito hábeis e competentes. Inclusive processam os produtores [eu no caso] que se negam a pagar esta “contribuição fajuta” e vergonhosa.

  5. MARCIO MARGATTO disse:

    Parabéns a atitude dos nobres deputados em pensar na classe produtora, caso essa pequenina ajuda para os que estao em reparação judicial ( quem em ver tem outro nome = calote, tombo, etc), mas vamos la, caso venha a ter esta ajuda nada mais justo que, primeiramente quitar com os produtores que estão com produtos a receber. Senao teremos que encontrar uma forma de enquadrar os produtores nesta tal de reparação judicial.

    Tenham todos uma boa tarde

  6. Helcio Antonio Nalesso Junior disse:

    Que bom seria se as pequenas e medias empresa frigorificas tivessem a oportunidade de participarem desse debate para mostrarem o quanto sao viaveis para a cadeia produtiva.

    Alem de ser regionalizadas sao grandes empregadoras, possuem um volume de abate consciente que nao avança com a degradaçao do meio ambiente pois nao requer quantidades de bois alem da capacidade da regiao.

    E nao sao poucas as industrias, quem sabe teremos uma oportunidade. so aqui no Mato Grosso sao umas sete industrias com proprietarios idoneos, o pecuarista sabe para quem esta vendendo.

  7. Marcelo de Souza Gomes e Silva disse:

    Esta ajuda aos frigorificos só pode realmente se efetivar caso haja garantias reais de que a base da cadeia produtiva, os pecuaristas, recebam seus créditos, pois ao contrário, seria uma injustiça para a classe que trabalha e produz em nosso País.

  8. Mario Wolf Filho disse:

    Concordo plenamente com o deputado Homero, que qualquer ajuda tem que ser atrelada ao pagamento dos pecuaristas, e ser estudada uma medida que assegure o recebimento do pecuarista quando a venda for a prazo, se não outras crises virão e novos calotes encima do produtor.

  9. Rafael Rubenich disse:

    Parabéns aos parlamentares que estão dando atenção ao pecuarista, produtor de gado, que sua a camisa pra engordar uma arroba.