O setor agropecuário vem pesando no acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Os europeus sabem que esse será um setor cada vez mais sensível para o seu bloco nos próximos anos.
A agropecuária passa por intensas mudanças estruturais na Europa, e o horizonte pode não ser tão favorável. A população envelhece, e a área dedicada à agricultura diminui, reduzindo o número de propriedades agrícolas.
A força de trabalho recua com intensidade no campo e, após queda de 8% de 2012 a 2016, deverá acumular retração de 28% até 2030. O setor tem dificuldades em criar empregos atrativos para os jovens no campo.
Essas mudanças forçam as fazendas a buscar cada vez mais uma economia de escala e maiores investimentos em máquinas. O preço da terra e os custos sobem, encurtando as margens de lucro.
Recente avaliação do setor de desenvolvimento agrícola e rural da Comissão Europeia indica que, devido à redução de área, a UE aposta no aumento da produtividade.
Os europeus, no entanto, estão em um círculo vicioso. Esperam crescimento de 4% na produção de carne de frango, estabilidade na de suínos e recuo de 7% na bovina. Terão de importar mais milho e farelo de soja para elevar a produção de proteínas, mas não vão se livrar ainda da importação de carnes.
A compra externa de carne de frango deverá subir 20% em 2030, em relação à quantidade atual, e a bovina, 22%. O bloco continuará dependente das importações de milho e de farelo de soja, essenciais na ração.
As mudanças estruturais por que passa a agropecuária europeia poderão dar menor margem à atividade na região, o que a tornará mais dependente do Mercosul. Apesar de duros na negociação, os europeus, por certo, estão atentos a esses números.
Fonte: Folha de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.