O mercado brasileiro de sêmen bovino deverá ter crescimento de 8% este ano, saltando de 6,6 milhões de doses comercializadas em 2001, para 7,1 milhões em 2002. A projeção é feita pelo diretor de marketing da empresa de inseminação Lagoa da Serra, Maurício José de Lima. A recuperação das vendas de sêmen das raças de corte, com destaque para o Nelore, vão garantir esse avanço, já que houve desaceleração no mercado de sêmen de raças leiteiras.
De acordo com Lima, considerando o período fiscal, que vai de setembro a julho, neste ano houve avanço de 58% na venda de doses de touros da raça Nelore e elevação média de 25% no preço do produto. Isso fez com que a raça retomasse a dianteira na venda de sêmen, posição que havia perdido nos dois anos anteriores. Com relação às raças de corte, o avanço foi menor: 11% de incremento nas vendas e de apenas 1% no preço. Quanto às raças leiteiras, houve queda de 7% nas vendas e de 4% no valor do produto.
Ele observa que o número de matrizes inseminadas ainda é muito baixo no Brasil. No gado de corte, pouco mais de 4% das cerca de 70 milhões de fêmeas em idade de procriação são inseminadas. No gado leiteiro, cujo plantel é infinitamente menor, a inseminação atinge de 7% a 8% do total. Segundo ele, ainda há grande espaço para crescimento do mercado de sêmen. O ideal é que pelo menos 40% a 50% do rebanho de leite seja inseminado (e isso é plenamente viável) e pelo menos 10% do rebanho de corte adote a mesma técnica.
Obstáculos
Indagado sobre o que impede o avanço mais expressivo da inseminação, Lima observou que são vários aspectos. Primeiro, uma questão cultural. Muitos pecuaristas ainda não atentaram para as vantagens da técnica. Segundo, a falta de mão-de-obra qualificada em todas as regiões. Outro obstáculo é a idéia que a inseminação custa mais. Porém, ele argumenta que isso não é verdade.
Para cobrir mil matrizes, por exemplo, o pecuarista terá de ter na fazenda pelo menos 30 touros. Se cada um custar R$ 2 mil (um valor baixo), são R$ 60 mil. Por 1.500 doses de sêmen de touros de boa genética, ao valor médio de R$ 8,00 por dose, o pecuarista desembolsa R$ 12 mil. Para chegar ao custo total dos touros, seriam necessários cinco anos, sem considerar os riscos que esses animais correm, o custo de manutenção e as possíveis perdas. Isso mostra que inseminar não custa mais.
Fonte: O Popular/GO, adaptado por Equipe BeefPoint