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19 de novembro de 2025

Destaque da COP, pecuária do Pará tem desafios na rastreabilidade do gado

A pecuária sustentável do Pará é um dos principais “cases” do agronegócio na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorre em Belém (PA). De fato, o Estado está à frente de todos os outros do país no processo de rastreabilidade de bovinos e bubalinos, fundamental para evitar a compra de gado proveniente de áreas desmatadas na Amazônia. Mas, apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta dificuldades para fazer com que essas técnicas cheguem a todo o rebanho paraense, segundo maior do Brasil.

Nos bastidores da Agrizone, área dedicada ao agro na COP, o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Paraná (Faepa), Guilherme Minssen, conta que no sul do Pará, onde a atividade pecuária é mais forte, os produtores estão mais engajados em rastreabilidade. Entretanto, no arquipélago marajoara, por exemplo, o cenário é diferente.

Segundo o representante do setor, que também é zootecnista e leiloeiro de gado em todo o país, há dificuldade para que o atendimento de extensão rural chegue ao Marajó, assim como no Baixo Amazonas e na região centro-oeste do Estado.

“Ainda ouvimos de produtores aquela pergunta base: o que eu vou ganhar com isso? É uma barreira que precisamos vencer”, diz Minssen.

Para ele, uma alternativa seria ter uma valorização diferenciada pela arroba de bovinos rastreados. “O boi está no valor x, mas eu (frigorífico) vou dar x a mais porque foi rastreado. Se não for desta forma, será ainda mais difícil expandir a rastreabilidade”, afirma.

Atualmente, o Pará avança na implementação do Programa de Pecuária Sustentável e Rastreabilidade Individual de Bovinos, lançado em 2023 durante a COP 28, em Dubai.

Conduzido pelo governo estadual, por meio da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), em parceria com o setor produtivo e instituições parceiras, o programa tem a meta de identificar individualmente todos os bovinos e bubalinos em trânsito a partir de janeiro de 2026 e alcançar a totalidade do rebanho estadual a partir de janeiro de 2027.

Na visão do diretor da Faepa, dificilmente será possível atingir os prazos que foram estabelecidos no programa estadual.

“Além da questão de mercado, temos um problema grave relacionado a insegurança jurídica na regularização fundiária. Não temos um dado exato, mas fala-se que de 20% a 35% da área paraense ainda precisa ser demarcada, o que ainda é muita coisa”, diz.

A questão fundiária é um gargalo que limita os investimentos pelos produtores, uma vez que a resolução pode depender das esferas municipais, estaduais e federais.

Quando não há demarcação exata de terras, corre-se o risco de que determinada área, após passar por avaliações, seja identificada como terra indígena, por exemplo, o que implicaria na necessidade de saída do produtor rural.

Plano nacional

Também durante a COP 30, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, ressaltou que é preciso compreender a complexidade do Brasil, que conta com diferentes formas de monitoramento de gado.

“O Brasil do Pará é diferente do Brasil de Santa Catarina, que é diferente do Brasil do Acre. Precisamos entender todas essas complexidades. Nós apoiamos e temos que avançar com o plano nacional de identificação de bovinos, que tem seus prazos e vai acomodar tudo isso”, diz.

O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (Pnib) foi lançado pelo Ministério da Agricultura no final de 2024. O processo de rastreabilidade dos animais será gradual ao longo de sete anos, feito por categoria e tipo de movimentação do rebanho.

Fonte: Globo Rural.

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