Fechamento 12:12 – 07/01/02
7 de janeiro de 2002
Cortes especiais de carne bovina têm recuperação de preço no mercado japonês
9 de janeiro de 2002

Desvalorização do peso argentino: impacto nos estados do sul do Brasil

Rio Grande do Sul

O maior e talvez o único beneficiado com a desvalorização do peso ante o dólar será o consumidor brasileiro. Os produtos como laticínios, arroz e carnes tendem a entrar com força no mercado brasileiro.

“O consumidor terá mais opções e menores preços”, resume o professor de economia monetária e macroeconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ronald Otto Hillbrecht.

Na economia brasileira os reflexos não devem ser tão bons. As exportações devem ser prejudicadas tanto pela desvalorização do peso (impulsionando as exportações argentinas) quanto pela manutenção da limitação dos saques, que desmotiva o consumo e as importações do país vizinho.

O coordenador da assessoria econômica da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Nuno Figueiredo Pinto, ressalta que a concorrência será forte, mas acredita que a agroindústria gaúcha está preparada para esta situação desde a criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Paraná

Caso a desvalorização do peso argentino seja superior a 40%, a economia paranaense será afetada – principalmente o setor agroindustrial – porque a medida facilita as importações e complica as exportações brasileiras.

A indústria de carnes do Paraná seria prejudicada com a desvalorização do peso, não fosse o problema da aftosa na Argentina, que desde o início do ano passado está impedida de exportar carne bovina. Os argentinos são concorrentes do Brasil na carne bovina – sendo conhecidos pelos cortes nobres, como filé mignon e picanha. No caso da carne bovina, “não é o câmbio que tem nos favorecido, é a questão sanitária”, salienta o assessor econômico do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne/PR), Gustavo Fanaya.

Por causa da aftosa, o Brasil conquistou mercados antes dominados pela Argentina, a maioria na Europa. “O boi deles tem competitividade excelente, qualidade e marca forte no mercado internacional, o que os favorece, mas como não houve uma política sanitária adequada, dificilmente o País voltará a vender carne com osso no mercado internacional a curto prazo”, menciona Fanaya.

Num prazo de dois a três anos, Fanaya estima que a situação econômica da Argentina esteja melhor, podendo resolver a questão sanitária e voltar ao mercado. “Com rebanho de qualidade, material genético de várias gerações e câmbio favorável, serão um osso duro de roer para os exportadores brasileiros”, frisa o economista. “Esse período é a oportunidade do Brasil demonstrar ao mundo que seu rebanho e condições sanitárias e industriais são no mínimo iguais às da Argentina.” Para isso acontecer, no entanto, o Brasil não pode parar de investir em pastagens, rebanho, sanidade e indústria, dependendo ainda de suporte logístico, marketing no exterior e apoio das embaixadas.

Fonte: Paraná Online (por Olavo Pesch) e ClicRBS, adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.