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Determinando o número de receptoras em programas de transferência de embriões

Por Luís Gustavo Barioni1; Renato Travassos Beltrame2; Rui Fonseca Veloso1 e Moacir Gabriel Saueressig1

A operacionalização de programas de transferência de embriões (TE) depende da disponibilidade de fêmeas receptoras que possibilitam o desenvolvimento dos embriões até o nascimento. A decisão quanto ao número adequado de receptoras é de grande importância para eficiência econômica da TE em sistemas comerciais. Por um lado, um número insuficiente de receptoras impede que todos embriões coletados sejam inovulados, reduzindo o número de animais gerados e, portanto, diminuindo o retorno ao investimento. Por outro lado, um número excessivo de receptoras onera o programa, devido aos altos custos de aquisição e manutenção desses animais, normalmente acima de 60% do custo operacional do programa.

O número médio de embriões viáveis obtidos em uma coleta varia com fatores genéticos e ambientais. As estatísticas mostram que o número médio de embriões viáveis é de 6 para a raça Simental, com coeficiente de variação de 100%. A decisão quanto ao número ideal de receptoras é dificultada, portanto, pela alta variabilidade de produção de embriões e pelo fato de que as receptoras devem ser adquiridas e sincronizadas antes que se tenha conhecimento sobre o número de embriões viáveis, obtido a partir de doadoras superovuladas.

Uma forma de se determinar o número de receptoras a serem alocadas a um programa de transferência de embriões é dividindo a expectativa do número de embriões viáveis em uma coleta pela expectativa da proporção de receptoras aptas à inovulação, conforme a equação abaixo:


A porcentagem de receptoras aptas à inovulação depende do protocolo de sincronização de estro utilizado. Normalmente, 30 a 35 % das receptoras estão aptas em uma dada coleta, considerando 80 a 95% de receptoras sincronizadas (dependendo do protocolo de sincronização), 70% de receptoras ciclando e 50 a 55% das sincronizadas sendo consideradas aptas à inovulação. Assim, para uma expectativa de 6 embriões viáveis por coleta e uma porcentagem esperada de receptoras aptas igual a 0,3325 (0,95*0,70*0,5=0,3325) deveríamos ter 18 receptoras no rebanho para cada doadora, em uma dada coleta.

Entretanto, também é necessário considerar que a variabilidade no número de embriões produzidos afeta o valor do número ideal de receptoras em um programa de transferência de embriões. Por meio de simulação e análise de sensibilidade foi demonstrado que o número de receptoras que minimiza o custo de prenhes é distinto daquele sugerido pela equação apresentada acima. Por exemplo, para um programa, adotando congelamento de embriões, com os índices zootécnicos apresentados na Tabela 1, obteve-se custo mínimo de prenhez com aproximadamente 15,8 receptoras por doadora em coleta (Figura 1). Em contraste o cálculo pela equação 1, resultaria numa indicação de 18,0 receptoras por doadora.



Figura 1. Variação do número de prenhezes e do custo por prenhez em função da variação do número de receptoras por doadora para simulação estocástica com congelamento de embriões.

Sem a utilização do congelamento de embriões e assumindo-se que embriões coletados em excesso são perdidos, o mínimo custo de prenhez seria atingido com 14,7 receptoras por doadora. A ausência de congelamento repercutiu em uma queda de 21,4% no número médio de prenhezes por doadora e em um aumento de 15,1% no custo por prenhez.

Conclui-se que o emprego de análises de decisão auxiliadas por técnicas de simulação pode determinar substancial aumento da eficiência econômica em programas de transferência de embriões.
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1Luís Gustavo Barioni, Rui Fonseca Veloso e Moacir Gabriel Saueressig são pesquisadores da Embrapa Cerrados
2Renato Travassos Beltrame é médico veterinário

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