Um estudo da Embrapa Cerrados em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) mostrou que dietas de alta densidade energética em novilhas Nelore pré-púberes aumentaram em 21% a produção de embriões in vitro. O ajuste antecipou a puberdade, elevou o peso corporal aos 12 meses e garantiu retorno econômico até 2,8 vezes maior em relação à dieta convencional.
Para os especialistas, o estudo reforça a importância do manejo nutricional associado a estratégias laboratoriais para acelerar a reprodução bovina e reduzir o intervalo entre gerações nos programas de melhoramento genético.
No experimento, as novilhas do grupo energético foram confinadas na seca e receberam silagem de milho e concentrado (milho moído, farelo de soja e minerais), atingindo até 26% mais energia que a dieta convencional, baseada em pasto e suplementação leve. Na estação chuvosa, consumiram quase o triplo de ração em relação ao grupo controle, obtendo ganhos de até 1 quilo por dia.
Os animais que receberam a alimentação reforçada produziram 49% mais ovócitos (células que podem se transformar em embriões) e tiveram 42% mais dessas células em condições de serem aproveitadas em comparação às alimentadas de forma tradicional. Além do ganho reprodutivo, também engordaram mais rápido: aos 12 meses e meio, pesavam em média 321 quilos, contra 309 quilos das do grupo convencional, e apresentaram melhor acabamento de carcaça, ou seja, mais gordura na medida certa para reprodução.
Para o pesquisador Carlos Frederico Martins, da Embrapa Cerrados, a estratégia representa avanço na eficiência produtiva. “Quanto mais jovens as novilhas ficarem prenhas e deixarem descendentes, mais compensador é para o sistema financeiramente. Tem sido demonstrado que se a primeira prenhez ocorrer aos 14 meses, em vez de aos 24, que é a idade adulta, os custos de produção diminuem, mesmo com um manejo preparatório diferenciado para as fêmeas”, afirmou.
Martins explica que o ganho reprodutivo está relacionado ao desenvolvimento corporal. “Nossa hipótese era de que o aumento na quantidade e na qualidade dos ovócitos em novilhas pré-púberes alimentadas com dietas de alta densidade energética está relacionado ao melhor desenvolvimento corporal e à deposição moderada de gordura, que gera maior disponibilidade de metabólitos e melhora o equilíbrio hormonal”, disse.
A análise econômica revelou que, embora mais cara, a dieta energética elevou a receita média em 77% e multiplicou a margem líquida em até 2,8 vezes. “O resultado da produção de embriões influenciou e foi determinante na obtenção de margens positivas para o plano alimentar de alta energia”, avaliou a pesquisadora Isabel Ferreira, responsável pela análise financeira.
Além da dieta, o uso da melatonina — hormônio natural com ação antioxidante — aumentou em 13% a produção de embriões in vitro, aproximando os resultados aos de vacas adultas. “O uso da melatonina melhorou a competência ovocitária e aumentou as taxas de embriões em novilhas pré-púberes de forma similar à produção de embriões por vacas adultas”, destacou Martins.
Mais informações sobre o estudo estão disponíveis no portal da Embrapa.
Fonte: Estadão.