O processamento de grãos vêm sendo utilizado há bastante tempo na alimentação de bovinos, tanto de corte como de leite. Esse processo permite melhora no aproveitamento dos grãos pelo trato digestivo dos animais, melhorando a produção e conseqüentemente a eficiência de produção. No processamento são destruídas películas envoltórias dos grãos, permitindo maior exposição às enzimas e microorganismos envolvidos na digestão. Em geral, o processamento promove as seguintes modificações: diminuição do tamanho de partículas, aumento da superfície de contato, melhora no processo de mistura dos ingredientes e alterações físicas e químicas do grão.
Algumas alterações físicas podem resultar no aumento da ingestão de alimentos pelos animais. Em alguns países, como Canadá e Noruega, o processamento é obrigatório por lei, para evitar à disseminação de plantas daninhas.
Abaixo estão listadas algumas formas de processamento, sendo que podem ser utilizados sozinhos ou em conjunto.
– Processamento seco sem aplicação de calor: moagem e laminação.
– Processamento seco com aplicação de calor: micronização, tostagem e pipoca (“popping”).
– Processamento úmido sem aplicação de calor: reconstituição, tratamento ácido e tratamento com bases.
– Processamento úmido com aplicação de calor: laminação com aplicação de vapor, Floculação, explosão e peletização.
– Moagem: Processamento mais utilizado com grãos de cereais, sendo utilizados moinhos com peneiras que variam de 3-6 mm. A moagem em partículas menores vai depender de diversos fatores como: tipo de grão, umidade e capacidade do maquinário.
– Laminação: Processo em que os grãos são prensados através de passagem entre rolos. Os rolos podem variar em tamanho, tipo de esmagamento e velocidade de passagem. Esse processo pode produzir desde grãos somente “trincados”, até grãos finamente esmagados.
– Micronização: Esse processo consiste na aplicação de calor através de queimadores infravermelho. O tempo de exposição à fonte de calor varia dependendo do tipo de grão, sendo utilizado normalmente 20 segundos para grãos de sorgo, e 70 segundos para grãos de milho. Com esse tempo de exposição, são alcançadas temperaturas de 140-180o celsius, ocorrendo explosão (pipoca) de 30-40% dos grãos.
– Tostagem: Esse é um típico processamento com calor seco, no qual os grãos são colocados dentro de um cilindro e aplicado calor através de labaredas de fogo. As temperaturas alcançadas nesse processo são semelhantes a da micronização e “pipoca”, com uma diminuição de aproximadamente 15% na densidade dos grãos.
– Pipoca – “popping”: Processo que utiliza calor seco, promovendo a ruptura dos grânulos de amido dentro do grão. São usadas temperaturas de aproximadamente 150o celsius, sendo que a porcentagem de grãos estourados (pipoca) vai depender também da umidade e tipo de grão em questão.
– Extrusão: Nesse processo, os grãos são forçados dentro de um cilindro com uma pequena abertura no final, por onde os grãos peletizados vão sair. A fricção dos grãos dentro do cilindro eleva à temperatura a aproximadamente 95o celsius.
– Reconstituição: Esse processo consiste na adição de água ao grão seco, com o intuito de elevar o conteúdo de umidade a 25-30%, o que ocorre em aproximadamente 24 – 48 horas. O tipo de grão, umidade alcançada, temperatura ambiente e o tempo de duração do processo vão afetar os benefícios desse processamento.
– Tratamento ácido: consiste na aplicação de ácidos orgânicos, como ácido acético e/ou propiônico aos grãos colhidos com alta umidade. Pode ser considerado mais como um processo de conservação do que de processamento propriamente dito.
– Tratamento com bases: Nesse caso é utilizada a aplicação de hidróxido de sódio com concentração de 2,5 a 4%. Também podem ser utilizados outros produtos como a amônia. Como no caso do tratamento acido, pode ser considerado mais como um processo de conservação do que de processamento propriamente dito.
– Laminação com aplicação de vapor: Processo semelhante à laminação, porém com aplicação de vapor sobre os grãos por um período de 3 a 5 minutos antes da laminação.
– Floculação: Nesse processo a aplicação de vapor é melhor monitorada, do que na laminação com aplicação de vapor, fazendo com que a umidade do grão aumente até níveis próximos a 18%. Dessa maneira são necessários aproximadamente 12 minutos de vapor para grãos de milho, sendo necessário no mínimo o dobro de tempo para grãos de sorgo. A temperatura do grão e de aproximadamente 100o celsius no momento em que entram no rolo de prensagem. A medida considerada ótima para o processo de prensagem e de 0.05 mm (Hale e Theurer, 1972).
– Explosão: Nesse processo os grãos recebem vapor sob pressão por alguns minutos, sendo depois passados por um pequeno orifício. As condições de temperatura e pressão desse processo são de aproximadamente 200o celsius e 15 kg/cm-2, respectivamente.
– Peletização: Nesse processo ocorre a aplicação de vapor primeiramente e após isso, rolos pressionam os grãos previamente quebrados através de orifícios de aproximadamente 4-10 mm. A altas temperaturas alcançadas devido à fricção dos grãos, promove a gelatinização dos grânulos de amido.
Referências bibliográficas
Hale, W.H.; Theurer, B.C. Feed preparation and processing. In: Digestive physiology and nutrition of ruminants, vol.3, Pratical nutrition. 1972.
NOCEK, J.E.; TAMMINGA, S. Site of digestion of starch in the gastrointestinal tract of dairy cows and its effect on milk yield and composition. J. Dairy Sci., v. 74, p. 3596-3629, 1991.
Tait, R.M.; Beames, R.M. Processing and preservation of cereals and protein concentrates. In: World Animal Science, vol 4, Orskov, E.R., 1988.
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