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Digitalização avança com IoT e conectividade

A digitalização do agronegócio avançou com o uso de tecnologias como internet das coisas (IoT) e a expansão da conectividade. Mas o cenário é irregular. Grandes agroindústrias integradas atingem grau de maturidade digital, enquanto outras, como café e pecuária, penam com processos artesanais. Questões topográficas e de custeio também são desafios ante os diferentes modelos de produção agropecuária no país.

Ainda assim, vontade não falta. O estudo IoT Snapshot 2022, da Logicalis, mostrou a liderança do agronegócio, com 70% dos entrevistados do setor com iniciativas na área no Brasil, contra a média de 57%. Parte do sucesso se deve à expansão do 4G por meio de parcerias entre empresas e operadoras de telecomunicações, suficiente para integrar cadeias de produção. Embora a obrigação de cobrir 100% do país com 5G tenha ficado para 2029, as vencedoras do leilão também assumiram compromissos de ampliação do 4G.

A TIM é pioneira no modelo. Hoje, cobre 14,4 milhões de hectares no país com 4G e 29 milhões de hectares se somar a rede NB-IoT. Mesmo assim, só alcança 15% da agricultura brasileira. A meta é chegar a 20% até 2024, diz o diretor de soluções corporativas da operadora, Paulo Humberto Gouvea. A implantação de torres nas propriedades agrícolas ajuda a vizinhança. Um exemplo é a Adecoagro, com capacidade de moagem de 13,7 milhões de toneladas de cana, cuja cobertura 4G supera 1 milhão de hectares no Vale do Invinhema (MS), beneficiando pequenas propriedades em meia dúzia de cidades.

Outro é a BP Bunge, que vai receber cem novas torres 4G para cobrir três milhões de hectares em cinco Estados. A parceria da TIM com a EcoRodovias e o Grupo Way Brasil vai cobrir 1,5 mil km de rodovias entre Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul. Entre clientes recentes estão a Fazenda Água Santa, produtora de batatas com plantas em Minas Gerais e Bahia, e a Fazenda Progresso (PI), uma das oito fazendas do Grupo Progresso, onde cultiva grãos e algodão e mantém a sede da usina de beneficiamento de algodão.

Para contornar a restrição de acesso ou a falta de infraestrutura de antenas, a TIM criou um site nômade, semirreboque para fornecer 4G. No caso do 5G, a operadora avança com clientes como a Insolo, produtora de grãos e algodão, que teve sinal 5G ativado para Expo Agro Digital em 2022 e aumentou a cobertura 4G de 40 mil para 120 mil hectares no Piauí, já prevendo a nova geração de conectividade. Também participa do centro de inovação 5G da Usina São Martinho. “O 5G se destaca em casos de uso como decisão por videomonitoramento e condução autônoma”, diz Gouvea.

A Vivo tem no portfólio exemplos como a Brasil BioFuels (BBF), que atua com cultivo de palma de óleo, trading, produção de biocombustíveis e energia renovável e contratou a operadora para instalar rede 4G e solução de IoT em quase 1,7 mil km² de área agrícola, com previsão de rastrear frota logística e frutos e monitorar o clima, entre outras tarefas.

A operadora mira o potencial de redes privativas, não só nativamente em 5G, mas com evolução do 4G, onde já atua em áreas como a mineração, com empresas como a Vale. Sua estratégia é orquestrar um ecossistema digital para entregar soluções completas com dispositivos, aplicações, dados e serviços profissionais.

Entre os destaques, a diretora executiva B2B da Vivo, Débora Bortolasi, inclui soluções como “maquinário inteligente”, para gerenciamento de veículos pesados mecânicos ou eletrônicos, como tratores, colheitadeiras e colhedoras, “clima inteligente”, que coleta indicadores de microclima geridos por plataforma online, e “gestão pecuária”, plataforma que centraliza e apresenta indicadores de manejo de gado de corte ou de leite a partir de dispositivos como brincos eletrônicos, bastão e balança.

A Embratel e a Claro fornecem a solução “campo conectado”, para levar infraestrutura de conectividade fixa ou móvel a regiões com deficiência de rede. O mix de conectividade inclui 3G, 4G e 5G, NB-IoT e satélite, com instalação de estações de rádio (ERB) na propriedade e uso das frequências de 700 MHz e 850 MHz. Em parceria com Áster Máquinas e Sol Internet of People nasceu o ConectÁster (MT e MS), com 75 torres para cobrir três milhões de hectares.

Os produtos Embratel para a agricultura digital fornecem sensoriamento de solo, estações agrometeorológicas e telemetria de máquinas. Soluções para gestão logística monitoram localização de produtos no transporte ou armazenamento, além do sensoriamento de silos e da solução One 5G, capaz de criar redes privativas por segmentação da infraestrutura digital compartilhada.

Fonte: Valor Econômico.

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