Mesmo com resistência em Bruxelas, a UE considera "adaptar" suas exigências sobre a rastreabilidade da carne bovina brasileira destinada à exportação ao mercado comunitário, podendo resultar em aumento nas vendas. O diretor de Saúde Animal da UE, Bernard Van Goethem, comentou que "com base no relatório da última missão europeia que foi ao Brasil, vamos definir com os outros membros [da Comissão Europeia] se podemos adaptar as exigências, para ser mais fácil aplicá-las. Existe sempre a possibilidade de adaptação, em função das garantias que forem dadas pelas autoridades brasileiras".
Mesmo com resistência em Bruxelas, a UE considera “adaptar” suas exigências sobre a rastreabilidade da carne bovina brasileira destinada à exportação ao mercado comunitário, podendo resultar em aumento nas vendas.
Na visão brasileira, o sistema atual é tão “duro e custoso” que impede a retomada das exportações do país que em um ano caíram de US$ 1 bilhão para US$ 270 milhões.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o diretor de Saúde Animal da UE, Bernard Van Goethem, admitiu pela primeira vez que a demanda brasileira de flexibilização poderá ser atendida, mas a comissária agrícola Mariann Fischer Boel avisou que vai se opor.
“Com base no relatório da última missão europeia que foi ao Brasil, vamos definir com os outros membros [da Comissão Europeia] se podemos adaptar as exigências, para ser mais fácil aplicá-las. Existe sempre a possibilidade de adaptação, em função das garantias que forem dadas pelas autoridades brasileiras”, disse Van Goethem.
Ele antecipou que missão de veterinários que foi ao Brasil encontrou alguns problemas, “mas eles são pagos para isso e não há nada de inquietante”, indicando sinal verde para examinar a flexibilização e elevar o número de fazendas certificadas para vender para a Europa. Atualmente, são 862.
Mas a comissária de agricultura Fischer Boel, avisou que não aceitará facilitação na rastreabilidade da carne bovina brasileira. “A resposta é não”, disse ela. “O sistema não é duro, é para todo mundo, tanto para o Brasil como para nossos próprios produtores”.
Para Fischer Boel, o sistema de controle já melhorou no Brasil e as exportações estão aumentando, portanto não há necessidade de mudança. Por sua vez, Van Goethem reiterou que uma “adaptação” na aplicação do sistema não significa abrir mão do padrão de exigência para a carne que a UE compra.
O Ministério da Agricultura sustenta que é possível ter um sistema “mais leve” e confiável pela Comissão Européia. A resistência será mais dentro da própria UE, a começar pela oposição da Irlanda, que teme a concorrência brasileira.
“O Brasil é o único país que sofre a exigência de certificação de cada propriedade, e não de território”, afirmou o secretário de Relações Internacionais do ministério, Célio Porto.
A matéria é de Assis Moreira, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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O Renato tocou nos pontos-chave do assunto, velhos conhecidos de quem já pisou em bosta no curral.
1) O gado já é, e sempre foi, rastreado com a NF e a GTA. Não precisa complicar.
2) Se houver qualquer problema sanitário, a propriedade é isolada travando a emissão de GTAs, já que nenhum animal pode ganhar a estrada se o caminhão ou a comitiva não portar a GTA. Muito mais simples que travar os DIAs.
3) Quando o bezerro nasce eu não sei se a carne dele vai para a Europa.
4) Todo o Sisbov é muito burro, não sei como tem cara-de-pau que diz que isso facilita a organização da fazenda…
A solução para nos livrarmos destes parasitas é muito simples. Mas não pode haver fura-fila. Todos têm que aderir ao meu protesto, repetindo comigo:
SISBOV? Não brinco mais!
A coisa micou de vez, felizmente. Vejam esta noticia de hoje, da agência AFP.
SISBOV? Não brinco mais!
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Aos poucos, Brasil retoma exportações para UE
O Brasil se ajusta gradualmente às exigências sanitárias da União Europeia (UE) para a exportação de carne bovina, o que permitiu a 10% das fazendas tenham retomado a atividade desde o início de 2008, mas o setor começou a se voltar para o mercado interno pela crescente demanda.
A UE limitou fortemente em 31 de janeiro de 2008 as importações de carne bovina brasileira ao detectar deficiências no controle veterinário, especialmente no rastreamento, ou seja, o processo de identificação e acompanhamento dos animais. Das quase 9.000 fazendas autorizadas à exportação em dezembro de 2007, o número caiu a menos de uma centena. Em março do ano passado foram habilitadas 860 propriedades, ou seja, quase 10% do número inicial, segundo dados fornecidos por fontes diplomáticas em Bruxelas.
“O Brasil tem feito muitos esforços na aplicação das normas mais estritas”, declarou à AFP Bernard Van Goethem, diretor do departamento de Saúde Animal da Comissão Europeia.
“Na última visita ao Brasil de um grupo de inspetores europeus realizada no início do ano, foram constatados progressos importantes, sobretudo no que diz respeito ao rastreamento, onde antes havia muitos problemas”, disse Van Goethem.
>>>>>Mas o aumento constante das exportações contrasta com o fato de que algumas fazendas autorizadas estão saindo da lista, admite o dirigente da Comissão Européia, para quem no entanto a situação envolve um “mecanismo normal”.
“Estas propriedades consideram que o exterior apresenta poucos incentivos financeiros, já as exigências sanitárias impostas pela UE encareceram a exportação”, explica.<<<<<<<<<< Mas de acordo com fontes ligadas ao caso o problema agora é outro: a capacidade de oferta do Brasil estaria afetada por uma forte demanda interna e pelo fechamento de muitas empresas em conseqüência da crise econômica mundial. “Isto tem provocado uma diminuição dos estoques”, explica uma fonte. “Não estamos preocupados com o abastecimento de carne bovina brasileira”, alega Van Goethem, antes de recordar que a Argentina proibiu temporariamente em 2006 as exportações para abastecer o mercado interno. “São flutuações de mercado normais”, insiste. No entanto, a previsão é de queda de 4,8% da produção europeia até 2015, na comparação com os níveis de 2008, ao mesmo tempo em que o consumo cairia 0,8% no período.
Para preencher a diferença, a Comissão Europeia admitiu em um relatório divulgado em março que precisará aumentar as importações nos próximos anos, o que espera fazer com a recuperação das exportações do Brasil e da Argentina.
Atualmente, a UE importa 5% da carne bovina que consome de quatro países sulamericanos – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, além de outros como Canadá, Estados Unidos, Austrália ou Namíbia.