A disponibilidade de forragem afeta o consumo total de alimentos dos animais através de mudanças no comportamento de pastejo e tamanho de bocado. Segundo Boval et al. (2000), o consumo de forragem em bovinos de corte é diretamente afetado pela disponibilidade de forragem, alcançando o máximo de consumo com valores entre 55 e 240g de matéria seca (MS)/kg peso vivo (PV).
O consumo total de matéria seca de bovinos de corte em pastejo é um fator de preocupação constante, pois esse irá determinar a produção dentro do sistema através do desempenho animal. O consumo de matéria seca de animais em pastejo é bastante variável, tendo influência de diversos fatores do “triângulo” – animal, ambiente e pastagem. A disponibilidade de forragem afeta o consumo total de alimentos dos animais através de mudanças no comportamento de pastejo e tamanho de bocado. Segundo Boval et al. (2000), o consumo de forragem em bovinos de corte é diretamente afetado pela disponibilidade de forragem, alcançando o máximo de consumo com valores entre 55 e 240g de matéria seca (MS)/kg peso vivo (PV). Não só a quantidade de forragem, mas também a composição das mesmas em folhas e hastes, verdes ou secas, interferem no consumo final de matéria seca de bovinos em pastejo. Em determinadas situações, onde se encontram grandes ofertas de forragem, porém com pequenas proporções de folhas verdes, podem ocorrer longos períodos de pastejo e, não otimização do consumo total de matéria seca. O consumo diário de forragem é função do tempo de pastejo e da taxa de ingestão de forragem, composta pela taxa e tamanho de bocado. O tamanho de bocado é fortemente afetado pelas condições de pastagens, sobretudo altura (Hodgson, 1990).
Gontijo Neto et al., (2006) avaliaram os efeitos de diferentes disponibilidades de forragem sobre o consumo total de matéria seca de bovinos em pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia. As disponibilidades foram de 6,1; 11,1; 18,0; e 23,9 kg de MS de lâminas foliares/100 kg de PV animal/dia. Os animais utilizados foram da raça Nelore, com peso vivo médio de 229 kg e 249 kg, no primeiro e segundo períodos, respectivamente. A medidas de disponibilidade foram realizadas através do método do quadrado, fazendo-se corte total da forragem a 15 cm do solo.
O consumo de MS/animal/dia variou de 3,39 a 5,98 kg, mostrando a grande amplitude de variação na ingestão de matéria seca de animais a pasto, unicamente devido à disponibilidade de forragem. Já na relação consumo/peso vivo, os valores variaram de 1,43 a 2,44% do PV em consumo de MS. (Figura 1).
Figura 1. Oferta de forragem e consumo de matéria seca de bovinos de corte em pastagens de tanzânia.
Os valores mínimos e máximos de consumo de matéria seca, corresponderam a alturas de pastagem de 27 e 62 cm, respectivamente, com disponibilidade de matéria seca total de 2190 kg/ha para ingestão mínima e 4272 kg/ha para ingestão máxima. Os valores de disponibilidade de forragem que proporcionaram ingestões máximas de matéria seca foram de 22,5 kg de lâminas foliares/100 kg de peso vivo, correspondendo a um resíduo pós pastejo de 4320 kg MS/ha e altura média de 64 cm.
Além das quantidades de matéria seca ingerida, as diferentes disponibilidades de forragem interferiram também na qualidade da dieta dos animais , alterando as quantidades de proteína bruta e fibra em detergente neutro (FDN) ingerida pelos animais. As quantidades de PB ingeridas apresentaram relação linear positiva em relação à oferta de forragem, aumentando as quantidades de ingestão com o aumento da oferta de forragem. Os valores variaram de 0,217 a 0,450 kg PB/animal/dia (Figura 1). O consumo de FDN apresentou resposta quadrática em relação ao aumento a oferta de forragem (Figura 1).
O coeficiente de utilização da forragem, calculado através relação entre a quantidade de matéria seca consumida e a matéria seca de lâminas foliares ofertadas (kg de MS de lâminas foliares/ 100 kg PV/dia), apresentou resposta linear inversa à oferta de forragem, sendo que o incremento no consumo de forragem não foi suficiente para manter o nível de utilização da forragem ofertada (Figura 2).
Figura 2. Consumo e eficiência de utilização da forragem para diferentes níveis de oferta de forragem.
O tempo diário de pastejo apresentou comportamento quadrático em relação às variações de oferta de forragem, com valores de 6,2 e 10,1 horas, com maiores valores relacionados a menores ofertas de forragem. Com a diminuição da oferta de forragem, os animais aumentam o tempo de pastejo, tentando compensar a queda na taxa de consumo de forragem (Figura 3).
Figura 3. Relação entre o tempo de pastejo e diferentes valores de oferta de forragem.
As alterações na oferta de forragem e na estrutura da pastagem, levam a alterações na qualidade e quantidade total de matéria seca consumida pelos animais, sendo que, de modo geral, maiores consumos de matéria seca estão relacionados a maiores quantidades de ingestão de forragem e maiores valores de PB consumida. Com bases nos resultados apresentados, as ofertas de forragem que permitiram maiores ingestões com menores tempos de pastejo foram de 4258 kg MS/ha de resíduo e 62 cm de altura média. Em sistemas de produção utilizando capim Tanzânia sob patejo rotativo, esses valores podem ser utilizados como parâmetros no manejo de pastagem visando máximo desempenho animal e, junto com tecnologias de nutrição, promover a máxima produção por área.
Referências bibliográficas
BOVAL, M.; CRUZ, J.L.; PENNINGS, P.D.; The effect of herbage allowance on daily intake by creole heifers tethered on natural Dicanthium ssp pature. Grass and forage science. V. 55, p. 201-208, 2000.
GONTIJO NETO, M.M.; EUCLIDES, V.P.B.; NASCIMENTO JR., D.; MIRANDA, L.F.; FONSECA, D.M.; OLIVEIRA, M.P. Consumo e tempo diário de pastejo por novilhos Nelore em pastagens de capim-tanzânia sob diferentes ofertas de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n. 1, p. 60-66, 2006.
HODGSON, J. CLARK, D.A.; MITCHEL, R.J.; Foraging behaviour in grazing animals and its impact on plant communities. In: Forage quality evaluation and utilization. American Society of Agronomy, 1994.
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Muito bom!
Se todo pecuarista, ou ate mesmo técnicos, implementassem estes cálculos, o desfrute nacional iria la para cima!