Com a expectativa da abertura do mercado americano à carne brasileira até o final deste ano, diretores da PM Beef, uma grande distribuidora norte-americana de carne, reuniram-se ontem (23) com núcleos de produtores goianos. A empresa busca pecuaristas com potencial para fornecer carne de boi criado à pasto, a grande tendência do mercado internacional. A perspectiva para o primeiro ano de operação é abater 7.500 cabeças por semana, ou até 400 mil animais anuais no Estado.
O presidente da Benchmark Food, grupo que engloba a PM Beef, Robert Cooper, disse que o objetivo da empresa é estabelecer parcerias com produtores para atender nichos de mercado específicos para o boi à pasto produzido em Goiás e no Brasil. Ele acredita que, daqui dez ou 15 anos, essa carne deve se tornar a “top de linha” do mercado mundial.
Nos próximos dias, será formado um grupo de trabalho, com participação do próprio Cooper, para definir um projeto para o Estado de Goías. O primeiro passo será um estudo de viabilidade econômica. A empresa também está em negociação com núcleos de produtores de Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. O primeiro projeto do gênero é implantado no Uruguai, em parceria com a indústria local.
A distribuidora pretende determinar a base da produção de carne em Goiás (quantidade, qualidade, peso do animal, cortes, etc.), para definir o melhor modelo de mercado para o Estado. “O mais importante, depois disso, é manter uma produção constante com quantidade e qualidade para atender o comprador. Não queremos mudar a maneira como se produz no Brasil, mas ver como essa maneira se encaixa no mercado”, explicou Cooper.
Mercados
Para conquistar os mercados almejados, a carne goiana terá de obedecer aos critérios de rastreabilidade. Além disso, Cooper acredita que é preciso fazer um trabalho de marketing para elevar o conceito do boi criado a pasto, para que atinja um valor agregado maior no mundo.
Para viabilizar a parceria proposta, inicialmente será estudado um sistema de terceirização de abate dos animais. Posteriormente, deve ser viabilizada a implantação de uma indústria específica para o abate de animais dentro dos padrões de cortes exigidos pelos mercados compradores.
Para facilitar esse processo, Cooper sugeriu que os produtores invistam num sistema de cooperativa de produção. Nos Estados Unidos, alguns frigoríficos são prestadores de serviço entre produtores e compradores. “Todos os detalhes dessa parceria serão definidos em conjunto, posteriormente”, afirmou. No Uruguai, o contrato fechado prevê o fornecimento de mil cabeças por semana, quantia ainda 10% menor que a necessária.
Segundo o presidente da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, essa é a hora de o produto goiano ter maior fatia do mercado internacional. “Acho que nós hoje estamos preparados porque produzimos a melhor carne do mundo. Se conseguirmos levá-la até o mercado americano estaremos por cima de todo mundo,” analisou.
A proposta americana, além de ser tentadora, reflete o sonho de todo produtor goiano. Os pecuaristas presentes na reunião pediram minúcias do projeto, que a princípio não tem nada de concreto.
Cooper garantiu que o valor pago pela carne em dólar fica acima do preço de commodity. Segundo ele, nos Estados Unidos os produtores parceiros da PM Beef recebem um valor mais alto, à título de prêmio. O preço por arroba oscila entre US$ 45,00 e US$ 50,00, cerca de US$ 937,00 por animal abatido aos 18 meses com mais de 18 arrobas.
Hoje o norte-americano apresentará sua proposta de trabalho no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília.
Comprometimento
A parceria para venda da carne aos Estados Unidos exige, de início, que haja um comprometimento do produtor de fornecimento com regularidade e qualidade. Essa é a opinião do coordenador do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Câmara Setorial da Carne do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antenor Nogueira.
Segundo ele, a expectativa é de que, até o final do ano, o Brasil seja liberado para exportar carne aos Estados Unidos, o que deve abrir as portas de vários mercados para o boi à pasto do País, como o asiático e os demais países do Nafta.
“A associação americana dos distribuidores de carne está ansiosa para que o governo dos EUA autorize a entrada da carne brasileira no País”, disse. Como os distribuidores compram a carne do produtor americano a US$ 43,00, eles terão lucro se passarem a comprar no Brasil a US$ 30,00. Por isso, Nogueira acredita que a tendência é de que o País receba a visita de vários outros grupos interessados na carne nacional.
Fonte: O Popular/GO (por Lúcia Monteiro) e Diário da Manhã/GO (por Karine Rodrigues), adaptado por Equipe BeefPoint