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DNA: uma alternativa real para determinação da paternidade em animais

Por Sarah Laguna Meirelles1, Adriana Luize Bocchi2, Patricia Kobal3, Gabriela Zoccolaro Costa4

Hoje em dia, a busca por indivíduos geneticamente superiores, sêmen e embriões de alta qualidade vem crescendo. Para obter uma avaliação genética acurada e confiável precisamos ressaltar que a estimativa de valor genético dos reprodutores depende diretamente de dados precisos sobre genealogia, para que esteja assegurando o sucesso dos programas e para que se evite a endogamia excessiva (alto grau de parentesco entre os animais do rebanho), o que pode trazer conseqüências bastante desagradáveis, como o surgimento de anomalias genéticas.

Os primeiros testes para confirmação de genealogia em animais domésticos surgiram ainda no início do Século 20, por volta de 1930, quando os primeiros soros para tipagem sangüínea de bovinos foram produzidos. Tal fato aconteceu, motivado pela necessidade dos criadores e das Associações de Criadores norte americanas, de confirmar os pedigrees dos produtos submetidos a registro, tendo em vista programas de melhoramento genético na bovinocultura.

No Brasil, somente para bovinos e eqüinos a tipagem sangüínea é normatizada pelo Ministério da Agricultura e exigida para registro de reprodutores, doadoras de embriões e principalmente dos produtos de transferência de embriões. Também em alguns casos de dúvida em produtos de inseminação artificial o teste é solicitado pelas associações.

Recentemente, surgiu outro tipo de teste genético, de alta precisão, baseado na análise direta do DNA, ou seja, do constituinte básico do núcleo celular de todos os seres vivos. Para tanto, foram escolhidas dentro da longa fita de DNA, determinadas seqüências de bases químicas que se repetem (chamadas de microssatélites), cujo padrão de repetição é único para cada indivíduo, diferenciando geneticamente um animal de outro. Analisando a herança de tais seqüências, pode-se proceder verificações de parentesco.

As pesquisas nesta área evoluem com grande rapidez, e hoje já estão disponíveis testes de DNA para diversas espécies animais, inclusive já sendo oferecidas comercialmente em muitos países. A grande vantagem da introdução desse novo método, como já mencionado anteriormente, está na oportunidade de oferecer tais exames para espécies, até então, fora do alcance dos testes para verificação de parentesco e identificação individual.

Testes de DNA permitem que se trabalhe com até 99,9 % de certeza na exclusão de falso parentesco, sendo também exames bastante precisos mesmo quando as verificações envolvem indivíduos com alto grau de parentesco. Muitas são as vantagens dos testes de DNA em relação à tipagem sangüínea, estando entre elas a possibilidade de se utilizar para exame não somente amostras de sangue, mas também sêmen, pêlos e outros tecidos, inclusive ossos (em casos muito especiais). Isso permite que até mesmo animais já mortos sejam testados. Normalmente trabalha-se com o pêlo (contendo o bulbo capilar ou “raiz”), o que torna muito simples o envio de amostras, já que a refrigeração é desnecessária. Além disso, o armazenamento das mesmas para uso futuro também é possível, acondicionando-se os pêlos em envelopes de papel devidamente identificados.

Existe ainda a possibilidade de se reconstituir o genótipo de um animal que já não existe através da análise de suas progênies. Do mesmo modo, pode-se proceder verificações de relações de parentesco partindo de parentes próximos (tais como irmãos completos, meio-irmãos, avós, etc.).

O processo de leitura e interpretação dos resultados é bastante seguro, uma vez que o teste é automatizado e lido com a tecnologia laser. Todo o sistema é computadorizado, sendo os resultados imediatamente transferidos para um banco de dados, onde passam a fazer parte de um arquivo permanente. Assim, animais testados hoje poderão ser usados futuramente em verificações de parentesco de suas futuras progênies, sem a necessidade de reteste.

A importação de sêmen, embriões e até mesmo de animais há muito vem ocorrendo no Brasil, o que justifica a necessidade da introdução efetiva de tais exames. Sem essa possibilidade, nosso rebanho tende a continuar estanque, no que diz respeito à introdução de programas realistas de avaliação genética. Também fraudes continuarão existindo nos pedigrees de alguns animais, lesando àqueles que os adquirem. Por todos esses motivos, as Associações de Criadores vem implantando os testes de DNA. Sendo assim, o Brasil vem dando mais um passo rumo à modernização, de modo a tornar-se mais competitivo, deixando de fazer parte do diminuto grupo de países que ainda não adotam tal tecnologia.

Animais com mais status

O produtor podendo declarar, num contrato de venda, que a identidade e o pedigree do seu animal possui validade cientificamente comprovada pela análise de DNA, seus animais possuirão maior valor perante o comprador. Desta forma, este poderá pedir também que o genótipo do seu animal apareça como uma informação individualizada no registro. Criadores que regularmente possuem teste de genótipos das suas respectivas crias, podem assim, esperar recompensas satisfatórias a nível financeiro e satisfação por parte dos seus clientes.

A análise de DNA oferece às organizações de técnicos especialistas, uma nova ferramenta para proteger e permitir a distinção de animais premiados: Organizadores de exposições podem periodicamente verificar a identidade, assim que animais ganharem pontos que os levem a obter títulos de campeões.


Vantagens do uso do DNA

Tatuagens, microchips e marcas a fogo podem ser alterados ou removidos: Os microchips também são propensos a migrações, fracasso na leitura ou até mesmo uma perda total na sua função; visto que o DNA é construído dentro de cada célula pela própria natureza, a análise de DNA fornecerá um registro permanente e inalterado de identificação animal.

Perspectivas futuras

O potencial de se examinar a composição genética de um animal e compará-la com a de um outro, trará novas e excitantes vantagens para um criador dedicado. A análise de DNA ajudará os criadores na avaliação do grau exato de similaridade genética entre animais separadamente. No futuro, serviços feitos com base em DNA aumentarão as estratégias de decisões referentes a reprodução; e isto proporcionará ao criador uma maior capacidade para administrar o seu grupo de genes.

Hoje em dia, toda vez que um produtor analisar a paternidade e a identidade de um animal através do teste do DNA, esta informação contribuirá com o conhecimento proveniente do crescente banco de dados genéticos. E dessa forma sempre que algum criador queira testar progenitores desses animais que foram submetidos, já estará no bando de dados genéticos suas informações.

Em resumo pode-se dizer que a análise por DNA pode fazer hoje:

1. Estabelecer identidade genética permanente à prova de falsificações.

2. Assegurar a integridade do registro genealógico.

3. Verificar paternidade em inseminação artificial.

4. Classificar e separar crias de coberturas com vários reprodutores.

5. Assegurar a reputação dos bons criadores.

6. Promover avanços futuros na área de criação animal.

E poderá prover no futuro:

1. Triagem genética para características de interesse.

2. Doenças genéticas.

3. Caracteres positivos.

4. Seleção genética de animais para melhoria de linhas de sangue.

5. Avaliação uniforme de linhas de sangue.

6. Animais melhores e mais saudáveis.

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1Sarah Laguna Meirelles, Aluna de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Zootecnia – Área de Concentração em Melhoramento Genético Animal – FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal.

2Adriana Luize Bocchi, Aluna de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Zootecnia – Área de Concentração em Melhoramento Genético Animal – FMVZ / Unesp – Campus de Botucatu.

3Patricia Kobal de S. Rodrigues, Zootecnista formada pela FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal – Coordenadora SRG ABCBSenepol.

4Gabriela Zoccolaro Costa, Aluna de Mestrado – Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento Animal – FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal.

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