Por mais desejáveis que sejam todos os esforços dos ministros da Economia, reunidos para discutir a crise financeira no fim de semana em São Paulo, a medida de real impacto contra a ameaça de recessão está no campo comercial e depende dos presidentes e primeiros-ministros, afirma o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. "A medida anticíclica na economia real, de maior impacto, é a conclusão da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio", afirma Amorim. É a única maneira de enfrentar as pressões protecionistas que apontam no cenário mundial, garante.
Por mais desejáveis que sejam todos os esforços dos ministros da Economia, reunidos para discutir a crise financeira no fim de semana em São Paulo, a medida de real impacto contra a ameaça de recessão está no campo comercial e depende dos presidentes e primeiros-ministros, afirma o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. “A medida anticíclica na economia real, de maior impacto, é a conclusão da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio”, afirma Amorim. É a única maneira de enfrentar as pressões protecionistas que apontam no cenário mundial, garante.
“A única maneira de evitar o protecionismo é terminando essa etapa da negociação, neste ano”, declarou o ministro. A Rodada Doha, de liberalização comercial entre os sócios da OMC, está na etapa da modalidades, na qual os países decidirão as fórmulas para reduzir tarifas, subsídios que distorcem o comércio e outras barreiras comerciais. Desde julho, houve um impasse na discussão, e Amorim diz ver ainda uma possibilidade de retomar as discussões para um acordo até o dia 12 de dezembro. Mas seria necessária uma instrução clara dos chefes de Estado
Se os negociadores fecharem um acordo sobre as modalidades de redução de barreiras comerciais e subsídios, será mais difícil o sucesso das pressões protecionistas nos países, porque a negociação da rodada estará a pleno vapor no ano que vem, argumentou o ministro, que desdenhou das declarações em favor da Rodada Doha, presentes nas declarações finais de encontros comerciais. “É muito bonito colocar num comunicado: ´Evitaremos medidas protecionistas´, não vejo mal que esteja lá”, comentou. “Mas só terá eficácia se for acompanhado de uma instrução clara para que os negociadores terminem as negociações de modalidades, e é possível plenamente”, insiste. “Não basta ser um apelo dos presidentes, um ´lip service´ (da boca para fora) como dizem lá fora.”
Amorim diz que, apesar da fama protecionista do Partido Democrata americano, não há muita diferença na maneira como os partidos dos EUA tratam a agricultura, maior alvo do Brasil na OMC. Para o recém-eleito presidente Barack Obama, um acordo de modalidades na OMC seria benéfico, argumenta. “É a última chance de concluir agora. Evita que o novo presidente dos EUA seja confrontado com a necessidade de decidir cada item da discussão”, diz Amorim. “Ele teria de tomar uma só grande decisão: levo adiante esse acordo que já foi firmado por 150 países ou não levo?”.
O ministro diz acreditar que a resposta de Obama seria sim. Ele comenta ser normal o pessimismo hoje reinante entre os embaixadores na OMC em Genebra, porque eles não têm poder para chegar a um acordo, o que depende de um compromisso dos chefes de Estado, avalia.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.