Em nota oficial publicada ontem (29) na imprensa de Dourados, o empresário paulista José Antonio Fernandes comunicou o pedido de concordata preventiva dos frigoríficos Pedra Bonita (Itaporã) e Frigodema (Caarapó). O pedido deu entrada na segunda-feira (28) no Fórum de Diadema (SP) e, agora, espera o deferimento pelo juiz encarregado do caso.
Dois advogados do frigorífico em Itaporã passaram a manhã de ontem reunidos com mais de 30 pecuaristas explicando os procedimentos para o pagamento dos débitos e tranqüilizando-os quanto à situação da empresa. O abate poderá ser retomado dentro de 30 a 45 dias, aproximadamente, assim que a concordata for aceita pela Justiça e conseguida uma linha de crédito para a compra de gado à vista. As duas indústrias abatiam de 19 a 20 mil cabeças por mês.
Pela legislação, as empresas concordatárias ficam comprometidas de quitar 40% dos débitos no primeiro ano e o restante, no segundo. Cumprida essa exigência, a empresa pode sair desta condição, depois de autorizada judicialmente.
Motivos
No comunicado, Fernandes afirmou que “a situação econômica do País é grave e assola a classe empresarial, especialmente as ligadas ao setor de frigoríficos. Os juros bancários são extorsivos e levam as empresas a um arrocho financeiro sem precedentes na história brasileira”.
Explicou também “que os entraves burocráticos dificultam as exportações, que poderiam servir de alívio em muitas situações. No mercado interno os frigoríficos são pressionados pelos gigantes, quase sempre multinacionais. Isso sem falarmos da nossa carga tributária, que é das mais altas do mundo”.
O proprietário das duas indústrias reafirmou o compromisso de quitar todos os débitos com os credores “com a mesma transparência que sempre permeou nossos negócios”. O valor exato do débito está sendo levantado pelo setor de contabilidade do grupo, em São Paulo.
O Frigorífico Pedra Bonita abatia cerca de 12 mil animais/mês. Atualmente, a unidade se encontrava em processo de expansão, que chegaria a mil cabeças/dia. Em Caarapó, eram abatidos de cinco mil a seis mil cabeças mensais, informou o gerente-administrativo das indústrias, Hercílio Messias Júnior.
Segundo informações do secretário municipal de Agricultura, Pecuária, Indústria e Comércio, Otávio Vieira de Mello, a notícia da concordata surpreendeu a todos. De acordo com este, a preocupação agora é quanto aos funcionários, já que o frigorífico e a prefeitura tinham uma parceria quanto à geração de empregos e renda ao município.
A concordata dos frigoríficos Pedra Bonita, em Itaporã, e Diadema, em Caarapó, ambos em Mato Grosso do Sul, pode causar uma retração nas vendas a prazo de bovinos, acredita o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Laucídio Coelho. “Evidentemente isso cria medo e trava todo o negócio. Os frigoríficos deverão ter mais dificuldades para comprar a prazo”.
Hoje, estimou Laucídio, em torno de 40% das vendas de bovinos em Mato Grosso do Sul para frigoríficos são a prazo. Considerando que as duas unidades abatem em torno de 700 animais ao dia, o crédito dos pecuaristas com o grupo proprietário das empresas seria algo em torno de R$ 7,5 milhões, levando em conta a média estadual de vendas a prazo.
Fonte: Correio do Estado/MS (por Cícero Faria), adaptado por Equipe BeefPoint