A alta dos juros norte-americanos, promovida pelo Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, pode aumentar a competitividade da carne bovina brasileira no exterior, dando um impulso adicional às vendas externas brasileiras. Com a alta dos juros, o dólar voltou a se fortalecer ante o real no Brasil, permitindo que a arroba do boi voltasse a ficar atraente no mercado externo.
Com a alta da moeda americana, a arroba do boi já caiu, em dólar, de US$ 22,53 no início de março para atuais US$ 20,53. A queda do valor da arroba em dólar já fez com que os contratos de longo prazo do mercado futuro da Bolsa de Mercantil e Futuros (BM&F) subissem, apesar de o mercado físico de boi estar em queda.
Vencimentos como agosto, setembro e outubro subiram cerca de R$ 1 por arroba na última semana, enquanto a arroba no físico recuou R$ 1 no mesmo período.
Perda
Desde que o real começou a se fortalecer ante o dólar, os exportadores de carne bovina começaram a reclamar da perda de margem de ganho, já que eles precisaram reduzir o preço para permanecer competitivos.
Agora, a alta dos juros nos Estados Unidos e o aceno do Fed de que novas altas podem ocorrer no médio prazo deixaram o mercado mais confiante. Desde o início de 2005, o preço da arroba em dólar já recuou 9,5%.
“A alta dos juros vai aumentar a competitividade da carne brasileira no mercado externo”, acredita a analista da Tendências Consultoria, Amaryllis Romano. Segundo ela, a carne brasileira é atraente por sua qualidade e também por causa do preço, mas o fato de o dólar ficar mais firme vai dar mais um empurrãozinho para o produto.
Amaryllis ressalta, contudo, que a alta dos juros americanos pode perder seu viés positivo para a carne brasileira se continuar de forma expressiva. “Se o custo de vida aumentar, o consumo de carne no Hemisfério Norte pode cair e afetar as exportações”, diz ela.
Interno
No mercado interno, o consumo de carne bovina continua aquém do esperado, o que tem contribuído para que os preços da arroba se mantenham deprimidos. A arroba bovina é negociada por R$ 58 para descontar o Funrural a prazo no interior paulista. As ofertas continuam boas, o que permite que os frigoríficos pressionem os preços.
As escalas estão prontas em muitos casos até meados do mês de abril, o que aumenta a capacidade dos frigoríficos em negociar valores. No atacado, os preços seguem deprimidos, inferiores aos verificados no início de 2005, com o corte traseiro sendo negociado por R$ 3,80 por quilo.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Eduardo Magossi), adaptado por Equipe BeefPoint