Depois de sair do patamar de R$ 1,60 para R$ 2,40 em 40 dias e de colocar diversas empresas em dificuldades financeiras, a cotação da moeda americana começa agora a causar preocupação pela razão inversa: a forte tendência de desvalorização. Mas os mercados de carnes, sobretudo de frango e de bovinos, não estão sentindo os efeitos da desvalorização do dólar, sobretudo porque iniciou nos últimos dias uma elevação dos preços das carnes, tanto no mercado interno quanto no externo.
Depois de sair do patamar de R$ 1,60 para R$ 2,40 em 40 dias e de colocar diversas empresas em dificuldades financeiras, a cotação da moeda americana começa agora a causar preocupação pela razão inversa: a forte tendência de desvalorização. Nos últimos três dias, a queda da moeda americana acumula 3,2% no Brasil. Por enquanto, está havendo um reajuste generalizado de preços internacionais em dólar, sobretudo em algumas carnes, como as de frango e nas commodities agrícolas.
Na última sexta-feira, o dólar comercial fechou em R$ 2,1820, recuou na segunda-feira, para R$ 2,1300, o Banco Central interveio e no dia seguinte, subiu para R$ 2,1480, mas a entrada agressiva de capital estrangeiro voltou a derrubar o valor da moeda ontem para R$ 2,1120.
Os mercados de carnes, sobretudo de frango e de bovinos, não estão sentindo os efeitos da desvalorização do dólar, sobretudo porque iniciou nos últimos dias uma elevação dos preços das carnes, tanto no mercado interno quanto no externo. “Ainda, como os contratos não vêm sendo feitos para entrega muito futura, não está havendo necessidade de renegociação”, diz Ivanir Rocha, trading Meat Center. Ele informa que os preços estão sendo reajustados bem além dessa desvalorização da moeda americana.
O mesmo vem ocorrendo com a carne de frango, segundo Roberto Kaefer, diretor-presidente da Globoaves, uma das maiores exportadoras do País. De acordo com ele, os negócios com frango pequeno (griller) no Oriente Médio está sendo fechado a US$ 1,850 mil por tonelada, preço que em março estava em US$ 1,2 mil. Ele avalia que, além da menor oferta de frangos no mercado, a reação nos preços também se deve aos embargos à carne suína em muitos países produtores. “Claro que estávamos contando com um câmbio médio de R$ 2,20 e, no momento em que ele sinaliza patamar de R$ 2,10, temos uma perda de 4,5%. Mas, neste momento, estamos conseguindo agregar preços aos nossos produtos”, avalia Koefer.
Prever a direção do câmbio em meio a toda turbulência mundial está fora de cogitação para economistas, mas a boa oportunidade de ganhos do Brasil indica que a tendência de atração de dólares para o País deve continuar. “O mercado brasileiro tem juros reais bastante atraentes, oferecendo oportunidades de ganhos na renda fixa, variável e em investimentos diretos, além de manter bons fundamentos. Isso significa que temos uma boa probabilidade de que haja boa pressão baixista sobre o dólar”, avalia Fábio Silveira, economista da RC Consultores. Esse cenário também está relacionado à duração dessa segunda bolha, inflada pela duplicação da base monetária dos Estados Unidos. “Pode sim haver outro movimento de fuga de capitais. O cenário é muito frágil”.
A matéria é de Fabiana Batista e Norberto Staviski publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.