O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupou a atenção dos investidores nesta quarta-feira (4), deixando em segundo plano uma melhora no exterior seguindo a dissipação de parte das tensões entre Estados Unidos e China. O dólar subiu ao maior patamar desde maio de 2017 e a Bolsa caiu.
Bolsa e dólar fecharam antes que o ministro Alexandre de Moraes encerrasse seu voto contra o habeas corpus de Lula. A Bolsa brasileira recuou 0,31%, para 84.359 pontos.
O dólar comercial subiu 0,05%, para R$ 3,341. É o maior patamar desde 18 de maio de 2017, dia seguinte ao vazamento da notícia de delação do empresário Joesley Batista, da JBS. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 0,92%, para R$ 3,349.
O início da sessão foi marcado pela aversão a risco provocada pela intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Na terça, o governo americano incluiu cerca de 1.300 itens nas tarifas contra a China, em resposta a um suposto roubo de propriedade intelectual pelo país asiático.
O objetivo do governo é tarifar até US$ 50 bilhões em importações chinesas —o equivalente a cerca de 10% das vendas para o país. A alíquota a ser imposta é de 25%.
Nesta quarta, a China anunciou tarifas de 25% para a soja, carros e outros produtos americanos importados pelo valor de US$ 50 bilhões. O ministério do Comércio da China citou 106 famílias de produtos americanos, como carne, uísque, produtos químicos ou cigarros, mas indicou que a data de aplicação ainda será anunciada.
Os mercados reagiram à piora do humor e abriram em baixa, mas foram melhorando ao longo da sessão, principalmente após a Casa Branca anunciar que não estuda, neste momento, novas iniciativas comerciais contra a China. Segundo porta-voz oficial, o foco é na implementação de medidas já anunciadas.
Mas, à tarde, os rumos do julgamento do ex-presidente Lula no STF conduziram os rumos do mercado, com impacto principalmente nos juros futuros mais longos, que subiram.
A Bolsa, que iniciou a sessão com queda de 1,3%, diminuiu a desvalorização durante o voto do relator do pedido, ministro Edson Fachin. “O cenário está mais complexo. Existe um arranjo institucional brasileiro fragilizado em meio a uma eleição polemizada”, avalia André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
“A decisão do [ministro Gilmar] Mendes de votar a favor do habeas corpus inaugura a controvérsia. Num cenário como esse, vende Brasil e compra dólar”, complementa. O mercado fechou antes de o ministro Alexandre de Moraes, o terceiro a se pronunciar, dar seu voto contrário ao pedido da defesa de Lula.
Fonte: Folha de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.