Análise Semanal – 29/12/2004
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3 de janeiro de 2005Donos do Margen são soltos pela Justiça
O juiz Jean Marcos Ferreira, da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, decidiu ontem revogar a prisão dos diretores do Frigorífico Margen, presos desde o dia 1o de dezembro, acusados de sonegar R$ 150 milhões em tributos federais, estaduais e municipais e em dívidas com o INSS. O diretor comercial do frigorífico, Wagner Cyrne Diniz, não quis comentar o assunto e disse que todas as decisões voltarão a ser comunicadas pelos diretores.
Diniz não confirmou se a empresa reverterá a demissão de 11 mil funcionários nas 21 unidades espalhadas no país, iniciada no dia 28. A readmissão era uma das propostas da empresa caso os diretores fossem soltos.
Na quarta-feira, cerca de 2,5 mil funcionários que trabalham em 11 unidades no Mato Grosso do Sul receberam carta de demissão e houve protestos em estradas para sensibilizar autoridades públicas. Também houve protestos no Paraná, onde foram demitidos funcionários das unidades de Paranavaí e Lupianópolis.
Segundo informações da Polícia Militar, 700 funcionários de uma unidade em Paranaíba (MS) fecharam parte da BR-158 na manhã de ontem. Após a manifestação, eles seguiram para a Câmara dos Vereadores, onde solicitaram a vereadores e ao prefeito eleito Mané Ovídio (PL) alguma interferência para reverter as demissões. Também houve protesto durante a manhã nas rodovias BR-262, por 480 funcionários demitidos da unidade de Três Lagoas, e MS-141, por 180 funcionários da unidade de Naviraí.
Segundo Diniz, a empresa havia definido o parcelamento do pagamento das rescisões por falta de recursos. Para hoje, estavam previstas novas manifestações na BR-163 em Coxim, onde uma unidade demitiu 160 pessoas, e na BR-158, próximo a Paranaíba.
No Paraná, onde os trabalhadores também foram demitidos quarta-feira, houve manifestação e a rodovia que liga Maringá a Umuarama foi interditada por duas horas. Dos quatro frigoríficos que o grupo administrava no estado, dois de Maringá foram arrendados neste ano e dois ficam em Paranavaí e Lupianópolis.
O presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias de alimentação da região, Rivail Silveira, informou que, apesar de as atividades terem sido paralisadas no início do mês, o pessoal recebeu 13o, cesta básica e antecipação de 40% do salário de dezembro. Nesta quinta pela manhã, está prevista uma assembléia para discutir o pagamento dos acertos. A proposta do Margem é de que a rescisão seja parcelada em cinco vezes e que o aviso prévio seja válido a partir do início do mês, o que tem sido contestado pelo sindicato.
Até o final da tarde de ontem, os cerca de mil trabalhadores da maior unidade paranaense não haviam sido dispensados. Segundo Silveira, a unidade é administrada em parceria com os antigos donos do frigorífico Amambai.
Fonte: Valor (por Cibelle Bouças e Marli Lima), adaptado por Equipe BeefPoint
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Muito bom, eles soltos e a vida continua.
Infelizmente, com esta atitude dos proprietários do Frigorífico Margen, de demitir os funcionários para pressionar o governo, vai acabar encobrindo outras barbaridades cometidas pelos grandes grupos do setor que estão envolvidos em esquemas de sonegação.
Esse é o retrato do nosso Brasil. Nós, pecuaristas e técnicos ligados ao setor, devemos clamar por moralização, reclamar, porque isto está acontecendo em um segmento que afeta a nossa cadeia produtiva, mas sobretudo, não devemos deixar de clamar pela moralização em todos os setores, e não somente no que nos afeta diretamente.
O que está acontecendo com os frigoríficos, é um retrato da situação política que vivemos, onde até o nosso presidente afirma que para governar às vezes é preciso andar por caminhos nem sempre corretos.
Enquanto aceitarmos este tipo de governantes, vamos ter que conviver com este tipo de atitudes.
A mudança deve partir de nós, pois somos uma classe produtora muito importante no contexto nacional e não nos organizamos para deixar de cair nas mãos deste tipo de empresários.
Vamos pedir à PF que “dê nome aos bois”, e apresente a sociedade todos os envolvidos, para passarmos à limpo este tipo de situação e deixarmos de trabalhar com estes “espertos”.