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É importante aceitar o óbvio

A quantidade de assuntos de interesse da pecuária de corte que tem sido objeto de discussões em reuniões e simpósios, o envolvimento e interesse cada vez maior do setor produtivo e o nível das discussões mostram claramente que a pecuária de corte brasileira está evoluindo a passos largos. Um outro ponto importante nas discussões tem sido uma tendência de maior transparência, que é imprescindível para que todos os componentes da cadeia participem, contribuam e possam ter compensações com essa evolução da pecuária de corte brasileira.

Como já comentado nesse espaço, a pecuária de corte, ao contrário da produção de suínos e principalmente de frangos de corte, apresenta uma gama de variação de tipos de carnes muito grande em termos de raças, de cruzamentos, de alimentação, de idade, peso e acabamento no abate, etc. O Brasil tem extensão territorial, variação climática e tecnologia disponível para explorar praticamente todas combinações de raças e de sistemas de produção para produzir a maioria dos tipos de carne bovina para diferentes nichos de mercado com diferentes poderes aquisitivos.

Entretanto, apesar da evolução e do potencial da pecuária de corte no Brasil, o nível de desentendimento entre o setor de produção e o de abate e comercialização tem dificultado uma evolução mais harmônica da cadeia da carne. No nosso ponto de vista, o desentendimento entre esses dois elos da cadeia da carne bovina passa pelo falta de conhecimento e ou boa vontade de ambas as partes. Além de problemas ridículos ainda existentes como os relacionados a rendimento de carcaça, existem os relacionados a diferencial de preço ou de prêmio para carcaças de melhor qualidade e para garantia de origem quanto aos aspectos sanitários, ecológicos e sociais dos sistemas de produção.

Todos os produtores têm que estar alertas para as tendências mundiais em termos de segurança alimentar e de aspectos relacionados às condições ecológicas e sociais dos sistemas de produção praticados. Sob esse prisma, o tipo de carcaça a ser produzido deverá ser aquele que for mais conveniente em termos de rentabilidade, sem a esperança de conseguir diferencial de preço ou prêmio por carcaças supostamente de melhor qualidade. Esse diferencial ou prêmio deve ser uma conseqüência da demanda que determinados tipos de carcaça possam vir a ter.

Portanto, os produtores além de considerar o tipo de carcaça mais rentável em uma determinada situação, podem e devem estar preparados para produção de outros tipos de carcaças que poderão ser mais lucrativas em outras situações. Por outro lado, o setor de abate e distribuição precisa ser mais transparente e a valorizar mais produtores que usam sistemas de produção que seguem as tendências e exigências mundiais e que produzam carcaças que tenham ou possam vir a ter maior demanda e portanto valor.

Concluindo, devemos estar conscientes de que qualquer diferencial ou prêmio, assim como a magnitude dos mesmos, só ocorrerá se a demanda for maior do que a oferta. Deve ficar claro que isso vale tanto para qualidade de carcaça como para o rastreamento e a certificação de animais, carcaças e carne para comercialização.

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