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Efeito da nutrição sobre parâmetros produtivos e de qualidade

A pecuária de corte brasileira passa por um momento extremamente delicado, devido principalmente ao aumento nos custos de produção e estabilização do preço pago ao produtor. Diversos fatores corroboram para a situação atual, como o aumento de produção devido a menor idade de abate, que se considerando diminuição da idade média de abate de 4 para 3 anos, grosseiramente temos um aumento de 25% na produção. O aumento no abate de fêmeas nos últimos anos também teve grande importância no aumento da produção. Questões sociais como baixo poder aquisitivo da população brasileira tem grande influência no consumo interno, com bom potencial de crescimento. Dentro dessa situação, é natural que ocorram fortes mudanças no setor, com saída de investimentos e uma “seleção natural” dos integrantes, levando a saída de especuladores e estabilização dos mais eficientes. Algumas dessas mudanças estão sendo vistas, como por exemplo, a mudança de grandes agropecuárias da região sudeste para a região norte e nordeste do país, onde os valores das terras são mais baixos e os custos de produção podem ser minimizados. Essas mudanças estão sendo alavancadas também pelo bom momento vivido no setor sucroalcoleiro que avança sobre as regiões de bovinocultura de corte na região sudeste do país.

A diferenciação do produto final produzido é considerada uma boa alternativa para minimizar os efeitos da crise, e várias associações e cooperativas estão se organizando para isso. A nutrição animal tem grande importância na produção de cortes com qualidade diferenciada na cadeia da carne bovina, sendo essencial nesse processo. Souza, A.A. (2002) avaliou a influência da suplementação a pasto sobre aspectos produtivos e de qualidade de carcaças produzidas de bovinos Nelore em pastagens de Brachiaria bryzantha. Os suplementos utilizados foram:

  • Controle = Pastagem de Brachiaria brizanta cv. marandu + suplemento mineral;
  • Leucena = Pastagem de Brachiaria brizanta cv. marandu + Banco de proteína (Leucaena leucocephala) + 2 Kg polpa cítrica peletizada + 2 Kg refinazil úmido (animal/dia) + suplemento mineral;
  • Supl.1 = Pastagem de Brachiaria brizanta cv. marandu + 2 Kg polpa cítrica peletizada + 2 Kg refinazil úmido + 0.5 Kg farelo de soja + 0.1 Kg uréia (animal/dia) + suplemento mineral;
  • Supl.2 = Pastagem de Brachiaria brizanta cv. marandu + 2 Kg polpa cítrica peletizada + 2 Kg refinazil úmido + 1 Kg farelo de soja + 0.1 Kg uréia (animal/dia) + suplemento mineral.

    Devido à exigência das indústrias frigoríficas, foi definido o peso vivo mínimo de 440 Kg para que o animal fosse abatido. Em virtude disso, houveram diferentes proporções de animais abatidos para cada tratamento (Tabela 1). A suplementação alimentar mais que dobrou o número de animais a serem abatidos em relação ao controle, evidenciando a suplementação como uma ferramenta para o aumento do giro de capital e da eficiência de produção. Dos 32 animais existentes em cada tratamento, foram abatidos 13 animais do tratamento controle, 25 do leucena, 28 do Supl.1 e 30 do Supl.2.

    Os rendimentos de carcaça foram superiores para os animais suplementados em relação aos animais controle (Tabela 1). A quantidade de gordura na carcaça pode ser manipulada através da alimentação, tendo grande influência no rendimento de carcaça. Os aumentos no rendimento de carcaça foram de aproximadamente 2%, sendo significativo num sistema de valores tão apertados como a pecuária de corte atual. Se considerarmos um valor hipotético de R$ 1.000,00 de rendimento bruto por animal abatido, o aumento seria de R$ 20 por animal, somente com o aumento no rendimento.

    Tabela 1. Avaliações nas carcaças e porcentagem de animais abatidos nos diferentes tratamentos.


    PV = peso vivo
    PC = peso carcaça quente
    RC = rendimento de carcaça quente
    EG = espessura de gordura de cobertura após resfriamento
    *Valores seguido de letras diferentes diferem estatisticamente entre si (P< 0, 05) As medidas de espessura de gordura de cobertura, avaliadas após resfriamento na altura da 12a costela, foram maiores para os animais Supl.1 e 2. Os animais dos tratamentos leucena e controle não diferiram entre si, e apesar de apresentarem menor espessura de gordura de cobertura, atingiram 3 mm que é a quantidade mínima necessária para se evitar problemas no resfriamento. A classificação e pagamento por qualidade se mostram mais forte a cada dia, inclusive já sendo praticada em algumas negociações entre frigoríficos e grandes produtores ou associações. Com isso, poderíamos considerar um valor mais alto para comercialização de animais com melhor acabamento, caso de animais suplementados e confinados.

    A quantidade a mais de gordura está relacionada ao maior peso vivo dos animais, ou seja, os animais suplementados tiveram maiores ganhos médios diários, iniciando a deposição de gordura há mais tempo que os animais controle em relação ao dia do abate.

    Tabela 2. Espessura de gordura de cobertura de bovinos em terminação com diferentes suplementos.


    * Valores seguidos de letras diferentes diferem estatisticamente (P< 0,05) A suplementação de animais em terminação permite aumentos no desempenho, rendimento de carcaça e qualidade da carcaça produzida, podendo ser uma alternativa na produção de animais precoces e com qualidade diferenciada. Referências Bibliográficas:

    SOUZA, A.A. Uso de subprodutos agroindustriais para suplementação de novilhos em terminação durante o período de secas. Piracicaba, 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

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