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Efeitos da somatotropina bovina (bst) sobre a produção de leite e desempenho de bezerros em vacas de corte

Os índices reprodutivos junto aos valores de desempenho dos bezerros em amamentação, são as principais ferramentas a serem utilizadas na otimização da produção em matrizes de corte. A produção de leite é regulada pela ação de diversos hormônios, como a somatotropina e o IGF-1. A aplicação utilização de bst em bovinos de leite é um manejo consagrado e bastante utilizado, visando aumento na quantidade de leite produzida. Essa maior produção de leite, é devido à mudança na partição de nutrientes do metabolismo animal, resultando em maior mobilização de reservas corporais, e direcionamento para produção leiteira. O aumento na produtividade observada em bovinos de leite é de aproximadamente 10-20%.

Em fêmeas de corte, a produção de leite representa 60% da variação do peso dos bezerros à desmama (Armstrong et al. 2003). Diversos experimentos realizados no Departamento de produção animal da Universidade da Carolina do Norte, avaliou a utilização de bst em vacas de corte, através de aplicações a cada 15 dias, ou com implantes, permitindo um único manejo. Armstrong et al. (2003) utilizando fêmeas multíparas das raças Angus, Charolês e Simental, aplicaram diferentes doses e métodos de aplicação de bst em fêmeas de corte, seguindo três tratamentos: CON1 – aplicação a cada 15 dias de solução fisiológica; CON2 – sem aplicação; 500 – aplicação a cada 15 dias de 500 mg de bst; IMP – aplicação de implante subcutâneo de bst (462 mg). Todos os tratamentos foram iniciados aos 129 dias pós-parto, após o término do período de estação (inseminação artificial), sendo os animais mantidos sob pastejo, divididas por grupo genético e suplementadas com silagem de milho, proteína e minerais durante o período seco. Não foram observadas nenhuma diferença entre o CON1 e CON2, sendo ambos tratados na discussão como COM.

Foram feitas medidas de peso dos bezerros e das matrizes, e avaliação da gordura subcutânea das fêmeas, através de ultra-sonografia, entre os dias 38-46 do período experimental. Além disso foram feitas coletas de sangue para avaliação das concentrações séricas de IGF-1. Os bezerros foram desmamados aos 213 dias de vida (84 dias de tratamento com bst). As avaliações de produção de leite foram feitas nos dia 24 e 66 após o início do período experimental. Aproximadamente 18 horas antes da ordenha, as fêmeas eram separadas dos bezerros, em confinamento. Posteriormente, 6 horas antes da ordenha (07:00 AM), era permitida mamada de 15-20 minutos, sendo as ordenhas iniciadas às 13:00 PM. A produção de leite observada, era posteriormente estrapolada para produção diária (24 horas).

A administração de bst via injeção subcutânea ou através de implante, proporcionaram melhora na produção diária de leite, como apresentado na figura 1. É possível observar também que a resposta ao tratamento através de injeções a cada 15 dias foi superior ao implante, porém ambos foram melhores que o grupo controle. Não houve diferença entre as raças, em resposta aos diferentes tratamentos, ou seja, não houve interação tratamento x grupo genético.


A porcentagem de gordura do leite também aumentou com o uso de bst, não havendo alterações na quantidade de proteína e células somáticas. A quantidade de gordura no leite, foi avaliada entre os dias 153 e 197 pós parto, sendo de 4.2, 5.4, e 4.7% para os tratamentos CON, 500mg e 462mg, respectivamente.

O peso médio dos bezerros foi significativamente maior para as fêmeas tratadas com bst. Os pesos de desmame aos 213 dias de idade foi maior para o tratamento 500mg (269 kg), do que o implante com 462mg (259 kg), sendo ambos maiores que o grupo COM (247 kg).Como esperado, durante os 84 dias de experimento, dos 129 aos 213 dias de idade, o desempenho dos bezerros no tratamento 500mg foi de 1,43 kg/dia, maior que o tratamento 462 mg com 1,37 kg/dia e o CON com 1,25 kg/dia. As fêmeas tratadas com bst tiveram maior mobilização das reservas corporais, demonstradas pelas avaliações através de ultra-sonografia realizadas entre os dias 125 e 213 pós parto, sendo de +0.9, -0.8 e +0.4 mm para os tratamentos CON, 500mg e 462mg, respectivamente.

A administração de bst tanto via implante, como através de aplicações quinzenais promoveram aumentos na produção de leite, e peso à desmama dos bezerros nas três raças avaliadas. O aumento na produção diária de leite pode ser explicada pela mudança na partição de nutrientes promovida pelo bst, levando ao maior direcionamento de nutrientes para a glândula mamária. O aumento na gordura do leite e nos níveis séricos de ácidos graxos esterificados dos animais do tratamento 500mg, evidenciam que esses animais estavam com balanço energético “mais negativo” que os animais com 462mg e CON. Outra evidência desse fato é que, apesar das fêmeas do tratamento 462mg (implante) apresentarem aumentos na produção e porcentagem de gordura no leite, não se observou as mesmas variações na espessura de gordura, sendo semelhante a do grupo controle.

Como esperado, o tratamento com bst apresentou aumento nas quantidades de IGF-1. As variações de IGF-1 foram diretamente relacionadas às concentrações de bst administradas, apresentando também maiores produções de leite e peso dos bezerros à desmama (figura 2).


A administração de bst em vacas de corte, possibilita aumentos na produção de leite e no peso à desmama dos bezerros, com a possibilidade de utilização de implantes, o que facilita o manejo dos animais. A utilização de implantes, possibilita que a aplicação do implante seja feita em manejos de vacinação ou desverminação. É muito importante a avaliação da viabilidade econômica desse manejo, pois o investimento em medicamento pode ultrapassar a resposta em desempenho dos bezerros.

Referências bibliográficas

ARMSTRONG, J.D.; HARVEY, R.W.; POORE, M.H.; WISE, T.A.; MILLER, D.C.; GREGORY G.M.; HARTNELL, G. Effects of somatotropin on milk yield and calf gain in beef cows. North Caroline State University. www.cals.ncsu.edu/na.sci., 2003.

0 Comments

  1. Elizeu Marcondes do Vale disse:

    Gostei muito da matéria, mas acho que faltou uma avaliação da parte mais importante, que é a viabilidade económica do tratamento.

    Parabéns pela matéria!

  2. albano disse:

    BOA TARDE!

    ESTAMOS ACOSTUMADO A UTILIZAR BOOST E OU LACTOTROPIN, GOSTARIA DE SABER SE EXISTE OUTROS NOMES COMERCIAIS NO MERCADO BRASILEIRO OU ARGENTINO , OUTROS PAISES.

    GRATO , ALBANO.

  3. Igor Rafael Soares Gonçalo disse:

    Muito bom o texto. Está de parabéns!