Síntese Agropecuária BM&F – 08/05/03
8 de maio de 2003
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12 de maio de 2003

Efeitos da suplementação de cromo orgânico para bovinos de corte em confinamento

André Alves de Souza e Celso Boin

O elemento mineral cromo é essencial para o metabolismo de carboidratos e lipídeos (NRC, 1996), e além disso, é componente estrutural do “fator de tolerância à glicose”, potencializador da ação da insulina. A suplementação de cromo em dietas de animais de produção vem sendo bastante estudada nos últimos anos, com o intuito de melhorar o desempenho, conversão alimentar, e promover alterações na composição da carcaça desses animais. Os efeitos da suplementação de cromo orgânico para bovinos de corte, apresentaram resultados consistentes somente nos casos em que os animais estavam sob condições de estresse. Alguns trabalhos também mostraram a possibilidade de manipulação da composição da carcaça de bovinos através da utilização de altos níveis de suplementação de cobre na dieta.

Pollard et al., (2002), avaliou a suplementação de cromo para bovinos de corte em confinamento. Foram utilizados 105 animais cruzados (Angus ou Hereford) X (Simental ou Charolês), com peso médio inicial de 283 kg. Os animais foram divididos nos seguintes tratamentos: Controle – 1,33 ppm de Cr (dieta basal); 0,2 ppm (dieta basal + 0,2 ppm de Cr) e 0,4 ppm (dieta basal +0,4 ppm Cr). O confinamento foi realizado na Universidade do Texas, com 196 dias de duração, terminando com o abate dos animais em frigorifico comercial para avaliação das características de carcaça. As dietas eram basicamente compostas de grão de sorgo floculado, caroço e farelo de algodão (Tabela 1). A fonte de cromo orgânico utilizada foi a levedura rica em cromo (2 mg de Cr por grama de Saccharomyces cerevisae), dosada em premix de acordo com o tratamento. As avaliações de ganho de peso (GMD), ingestão de matéria seca (IMS) e eficiência alimentar (EA) foram realizadas a cada 28 dias.

Tabela 1. Ingredientes e composição química das dieta experimentais.

Nenhuma diferença foi observada entre os tratamentos para GMD, IMS e EA nos primeiros 56 dias de confinamento (Tabela 2). Resultados semelhantes já haviam sido encontrados por Chang et al., (1992) para períodos de suplementação inferiores a 100 dias. No período seguinte (57-196), continuou não havendo diferença em relação à IMS, porém houveram menores GMD para o tratamento 0,4 ppm, e conseqüentemente menores valores para EA (Tabela 2). Avaliando-se todo o período experimental, não foram observadas diferenças para GMD, IMS e EA, entre os tratamentos controle e 0,2 ppm, sendo ambos superiores ao tratamento 0,4 ppm.

Tabela 2. Efeitos da suplementação de cromo orgânico para GMD, IMS e CA.

Em relação às características de carcaça, o tratamento 0,2 ppm apresentou os maiores valores para peso de carcaça quente, o tratamento 0,4 ppm teve o menor valor para essa característica, e o controle valores intermediários (Tabela 3). Os valores de rendimento de cortes e marmorização foram menores para o tratamento 0,4 ppm, quando comparados aos tratamentos 0,2 ppm e controle (Tabela 3). Os valores de área de olho de lombo (AOL) tenderam (P<0,08) a ser maiores com o aumento da suplementação de cromo. Tabela 3. Efeitos da suplementação de cromo orgânico sobre as características de carcaça de novilhos confinados.

A suplementação de bovinos de corte em confinamento com 0,2 ppm de cromo orgânico aumentou o peso de carcaça quente, tendeu a aumentar a área de lombo e tendeu a diminuir a eficiência alimentar. O maior peso de carcaça foi devido ao aumento não significativo do ganho de peso no intervalo entre 56 e 196 dias de confinamento e ao maior rendimento de carcaça estimado com base no peso de carcaça quente e no peso vivo final. A suplementação com 0,4 ppm promoveu queda no desempenho animal e nas características de qualidade, com diminuição da quantidade de gordura, tanto subcutânea, como intramuscular. Em virtude da pequena disponibilidade de dados sobre o efeito do cromo orgânico no ganho de peso, na eficiência alimentar e no rendimento de carcaça, e da faixa estreita entre possíveis efeitos positivos e negativos, há necessidade de cuidados na recomendação da suplementação desse mineral para bovinos em confinamento.

Referências Bibliográficas

CHANG, X.; MOWAT, D.N.; SPIERS, G.A. Carcass characteristics and tissue-mineral contents of steers fed supplemental chromium. Canadian Journal of animal Science., v. 72, p. 663-669, 1992.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of beef cattle, 7th edition, National Academy Press, Washington, 1996.

POLLARD, G.V.; RICHARDSON, C.R.; KARNEZOS, T.P. Effects of supplemental organic chromium on growth, feed efficiency and carcass characteristics of feedlot steers. Animal Feed Science and Technology., v, 78, p.121-128, 2002.

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