A suplementação de fontes de carboidratos com elevadas taxas de degradação ruminal para bovinos pode resultar em queda na digestão de fibras da dieta. Acredita-se que essa menor digestibilidade de fibras seja devido a alguns fatores como: mudança na população microbiana ruminal, devido a alterações no pH ruminal, alterações na colonização dos microorganismos sobre as partículas dos alimentos e diminuição da atividade fibrolítica das enzimas de degradação.
Martin et al. (2001) avaliaram a inclusão de cevada em dietas à base de forragens, sobre a digestibilidade de fibra, alterações na população de bactérias fibrolíticas e atividade das enzimas responsáveis pela degradação de carboidratos. Foram utilizadas 4 vacas da raça Jersey fistuladas no rúmen, com duas dietas experimentais, sendo uma com 93% de feno não picado (Dactylis glomerata) e 7% palhada, e outra com 33% de feno não picado (Dactylis glomerata), 7% palhada e 60% de cevada peletizada (tabela 1). O quantidade de alimento fornecido foi restringida à 80% da ingestão, dividida em duas refeições diárias, para certificação da ingestão total dos componentes da ração.
Como esperado, o pH ruminal foi menor para a dieta com inclusão de cevada (CHO) em relação à dieta à base de feno e palhada (FE). A queda do pH ruminal se deu claramente devido aos diferentes produtos de fermentação da cevada e do feno, o que ficou demonstrado pela maior diminuição do ph após a alimentação. Sendo, a diminuição de 0,9 unidades para dieta CHO, e 0,2 para a dieta FE.
A degradabilidade efetiva do feno diminuiu 6,4 pontos percentuais para dieta CHO em relação à dieta FE. Também a taxa constante de degradação do feno foi diminuída em 1,9 pontos percentuais da dieta FE para a CHO (tabela 2).
Os resultados do trabalho apresentado confirmaram informações já presentes na literatura, de que a suplementação com carboidratos altamente fermentáveis, levam à queda na degradabilidade de fibras no rúmen. Porém, nos mostra que neste caso a menor degradação de fibra não ocorreu devido à diminuição do número das bactérias fibrolíticas, menos resistentes à queda do ph ruminal, e sim devido a uma menor atividade nas enzimas fibrolíticas dos microorganismos ligadas à fibra. Esse fato, pode estar ocorrendo devido à especificidade de ação das enzimas, que são extremamente dependentes do pH para atuarem.
Referências bibliográficas
MARTIN, C.; MILLET, L.; FONTY, G.; DOREAU, B.M. Cereal supplementation modified the fibrolytic activity but not the structure of the cellulolytic bacterial community associated with rumen solid digesta. Reproduction Nutrition Development., v.41, p. 413-424, 2001.