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Efeitos do tipo de dieta sobre o comportamento e a eficiência alimentar de bovinos de corte confinados

Diferenças individuais em relação à ingestão de matéria seca, tempo gasto em alimentação, número de visitas ao cocho e conversão alimentar têm sido avaliadas por alguns grupos de pesquisa em bovinos de corte, no intuito da seleção de animais mais eficientes em relação à conversão alimentar e conseqüentemente à produção. As variações fenotípicas e genéticas observadas nas medidas de eficiência alimentar de bovinos de corte, como a taxa de conversão alimentar são denominadas de "residual feed intake", sendo assim, animais mais eficientes convertem melhor o alimento ingerido em ganho de peso, sendo mais eficientes dentro do sistema produtivo como um todo.

Diferenças individuais em relação à ingestão de matéria seca, tempo gasto em alimentação, número de visitas ao cocho e conversão alimentar têm sido avaliadas por alguns grupos de pesquisa em bovinos de corte, no intuito da seleção de animais mais eficientes em relação à conversão alimentar e conseqüentemente à produção. As variações fenotípicas e genéticas observadas nas medidas de eficiência alimentar de bovinos de corte, como a taxa de conversão alimentar são denominadas de “residual feed intake”, sendo assim, animais mais eficientes convertem melhor o alimento ingerido em ganho de peso, sendo mais eficientes dentro do sistema produtivo como um todo.

Alguns estudos têm avaliado o comportamento alimentar de bovinos de corte em confinamento e suas relações com os resultados produtivos como desempenho, crescimento e acabamento de carcaças. Sabemos que existe grande variação individual em relação ao comportamento alimentar de bovinos confinados, mesmo estando na mesma baia de confinamento.

Golden et al. (2008) avaliaram os efeitos do tipo de dieta sobre o comportamento e a eficiência alimentar de bovinos confinados, comparando dietas exclusivas de concentrado, ou dietas com 8% de feno e 20% e casca de soja, como fontes efetivas de fibras (tabela 1). Para tal avaliação, foram montados 2 experimentos, sendo um avaliando animais “eficientes” (residual feed intake maior) e “ineficientes” (residual feed intake menor) com dietas tradicionais do sistema americano de produção (experimento 1), e outro com dieta exclusiva de concentrado, com animais divididos também em “eficiente” e “ineficientes”. Os animais foram alojados em baias experimentais com controle total de consumo de ração durante todo o período.

Tabela 1. Composição bromatológica e química das dietas experimentais utilizadas


Não foram observadas diferenças no peso vivo inicial e final entre os grupos “eficiente” e “ineficiente”, em nenhum dos 2 experimentos, mostrando que o tipo de dieta não interfere na eficiência alimentar individual dos animais. Também não foi observada diferença no desempenho dos bovinos dos diferentes grupos de eficiência, para as diferentes dietas, sendo mantida a melhor conversão alimentar dos animais “eficientes”, ou seja, com menor ingestão total de alimentos, os animais desse grupo mantiveram o mesmo desempenho do outro grupo (Tabela 2).

Tabela 2. Peso vivo inicial, final, desempenho, ingestão de matéria seca e conversão alimentar dos diferentes grupos bovinos em relação à eficiência


Os resultados apresentados no presente trabalho nos mostram uma importante ferramenta a ser utilizada na pecuária de corte, a seleção de animais mais eficientes, que com menos alimentos, nos proporcionam maior produção.

Tal fato é de extrema importância não só pelo fato da maior eficiência produtiva, mas também pela magnitude em relação à diminuição das áreas necessárias à produção de alimentos, para a mesma produção de carne. Além disso, devemos considerar também a menor necessidade de abertura de novas áreas de produção, devido ao aumento da produção final de carcaça pela seleção para eficiência produtiva.

Referências bibliográficas:

ARTHUR, P.F.; RENAND, G.; KRAUSS, D. Genetic and phenotypic relationships among different measures of growth and feed eficiency in young charolais bulls. Livest. Produc. Sci., v. 68, p. 131-139, 2001.

GOLDEN, J.W.; KERLEY, M.S.; KOLATH, W.H. The relationship of feeding behaviour to residual feed intake in crossbred Angus steers fed traditional and no-roughage diets. Journal Animal Science, v. 86, p. 180-186, 2008.

0 Comments

  1. EDILSON WISENFAD disse:

    Olá André, os dados apresentados nos experimentos são interessantes e quantitativos. Mas cria uma dúvida, como avaliar os animais como melhor eficiência a nivel de campo?

    O pecuarista necessita que está seleção esteja a seu alcance no manejo de campo exercido em sua propriedade. Se possivel, diga-nos com fazer está seleção a campo com as dificuldades de tecnologia na maioria das propriedades brasileiras.

    Abraços.

  2. Germano Zaina Junior disse:

    Este trabalho é muito importante, a avaliação dos animais no confinamento, é a diferença entre o lucro e o prejuízo.

    Gostaria de obter mais informações sobre a dieta do experimento 2, onde não consta a fonte de volumoso envolvida, pois isto pode influenciar muito a conversão alimentar. No experimento 1 tem feno como volumoso e no experimento 2 só aparece grãos.

    O teor de proteína é maior na dieta 1, e a energia é maior no experimento 2 será que isto influencia na conversão?

    Grato.

  3. André Alves de Souza disse:

    Prezado Germano Zaina,
    Na dieta do experimento 2 não contém fonte de volumoso realmente, são somente grãos. Em relação à conversão, poderia haver interferência na conversão, se o teor de proteína fosse deficiente, o que não foi o caso, ok?

    Forte abraço.

  4. felipe fernandes clemente disse:

    Bom dia Dr.Andre,

    Gostaria de saber qual tipo de raças foi utilizada e qual seria neste caso a mais eficiente.

    Grande abraço.

  5. André Alves de Souza disse:

    Prezado Edilson,

    A coleta dessse tipo de informação necessita dos consumo de matéria seca individual dos animais, bem como o desempenho, obedecendo jejum prévio aos animais. Esse tipo de pesquisa irá nos mostrar, provavelmete, linhagens mais ou menos eficientes, para que possamos selecionar sempre animais mais eficentes.

    Forte abraço.

  6. André Alves de Souza disse:

    Prezado Felipe,

    Os animais utilizados nesse experimento foram cruzados Angus, porém as diferenças em relação à eficiência alimentar são individuais, ou seja, há variação também dentro de cada raça, ok?

    Forte abraço.

  7. Simone Frotas dos Reis disse:

    André,

    É extremamente importante a difusão do consumo alimentar residual no Brasil, não somente como parâmetro de eficiência alimentar, mas também como conceito de seleção genética e qualidade do produto final, carne.

    De forma geral, as maiores diferenças entre os animais “eficientes e ineficientes” está relacionada às exigências nutricionais o qual é amplamente dirigida por vários fatores como raça, sexo, idade do animal, considerando também a dieta oferecida que afetará no consumo do alimento.

    Vale ressaltar que é crescente seu estudo em pesquisas com bovinos confinados no Brasil, relacionando o sangue zebuíno, que é o principal consituinte do rebanho brasileiro com ênfase em vários aspectos qualitativos da carne.
    Parabéns pela escolha do tema!