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Eficiência de uso do nitrogênio do fertilizante na produção animal a pasto – parte I

Por Geraldo Bueno Martha Júnior1, Luis Gustavo Barioni1 e Lourival Vilela1

Nos últimos anos, tem sido crescente o interesse de técnicos e produtores pela intensificação dos sistemas de produção animal a pasto. Nesse processo de intensificação, os investimentos em fertilidade do solo são imprescindíveis para garantir o aumento da produção de forragem e, conseqüentemente, da produtividade animal (kg de produto animal/ha/ano). Entretanto, quando se opta pela adubação de pastagens, é necessário saber, para fins de planejamento, a eficiência de uso do nutriente do fertilizante.

O nitrogênio (N) é um dos principais nutrientes determinando a sustentabilidade da pastagem e o aumento da produtividade vegetal. No caso de culturas de grãos, a eficiência de uso do nitrogênio é determinada pela razão entre kg N-fertilizante aplicado/tonelada de grãos (Tabela 1). Raciocínio semelhante pode ser utilizado em pastagens para determinar a eficiência de conversão do N-fertilizante em massa seca (MS) de forragem (i.e. kg MS/kg N aplicado). Para pastagens tropicais, a eficiência média de uso do nitrogênio, na conversão de forragem, é de 30 kg MS/kg N aplicado, com amplitude de 5 a 80 kg MS/kg N aplicado.

Tabela 1. Eficiência de uso do nitrogênio do fertilizante para a produção de uma tonelada de grãos de diversas culturas.


Chama-se a atenção para o fato de que o fertilizante nitrogenado irá atuar na etapa de crescimento da planta forrageira (Figura 1). Entretanto, ao contrário da produção de grãos, na produção animal a pasto não basta apenas produzir a forragem, é necessário que ela seja consumida pelo animal e, posteriormente, convertida em carne ou leite (Figura 1). Isto acontece porque o pasto é uma “commodity” de difícil valoração e comercialização e, portanto, o seu valor, como alimento, depende da sua capacidade de gerar carne ou leite.


O consumo de forragem é bastante influenciado pelo manejo da pastagem. No âmbito experimental, a eficiência de pastejo, isto é, a proporção de forragem consumida em relação à forragem acumulada, situa-se, em média, na faixa de 50 a 60%. Em fazendas comerciais, cujo o controle da taxa de lotação, do período de ocupação e de descanso, etc é mais difícil do que na estação experimental, espera-se uma eficiência média de pastejo menor, na faixa de 40 a 50%. Assim, se a eficiência de uso do N-fertilizante na produção de forragem é de 30 kg MS/kg N aplicado e a eficiência de pastejo é de 45%, haverá um acréscimo de 13,5 kg MS de forragem efetivamente consumidas pelos animais.

Em uma etapa subseqüente, a forragem consumida precisa ser convertida em produto animal. Esta etapa de conversão do alimento em produto animal depende, sobremaneira, da qualidade da forragem e de fatores do animal, como a categoria animal, o seu nível de desempenho, o seu potencial genético, etc. (Figura 1). Para fins de planejamento, considera-se que, para animais em recria, são necessários 11 a 17 kg de MS para cada kg de ganho de peso. Deste modo, tomando como base o exemplo acima, para uma eficiência de conversão de 13 kg MS/kg de ganho de peso, teria-se que a eficiência de uso do N-fertilizante na produção animal seria de 1,04 kg de ganho de peso/kg N-fertilizante aplicado (13,5 kg MS consumida/13,0 kg de MS por kg de ganho de peso).

Embora a eficiência de uso potencial do N-fertilizante seja da ordem de 3,5 a 4,0 kg de ganho de peso/kg N aplicado, estima-se que, em fazendas comerciais, a eficiência média de uso do N-fertilizante é de 0,9 a 1,4 kg de ganho de peso/kg N aplicado. Com bom manejo na fazenda, pode-se esperar cerca de 2,0 kg de ganho de peso/kg N aplicado. Essa situação estaria associada com eficiência de conversão do N-fertilizante em forragem superior a 50 kg MS/kg N aplicado, com eficiência de pastejo maior do que 50% e com eficiência de conversão de massa seca em ganho de peso de 12 a 14 kg de massa seca/kg de ganho de peso.

Bibliografia

Hodgson, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman Scientific & Technical, 1990. 203p.

Sousa, D.M.G.; Lobato, E. Adubação com nitrogênio. In: Sousa, D.M.G.; Lobato, E. (Ed.) Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. p.129-145.
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1Geraldo Bueno Martha Júnior, Luis Gustavo Barioni e Lourival Vilela são Pesquisadores da Embrapa Cerrados

0 Comments

  1. Thiago Guimarães Heinzen disse:

    Boa tarde, gostaria de tirar algumas duvidas sobre o assunto abordado. Peguei o artigo de vocês para estabelecer uma relação com a adubação e ganho de peso embutindo o preço do kg do boi e kg de N.
    Mas no ultimo parágrafo não entendi o raciocínio de vocês, será, que poderiam ser mais explícitos nos comentários e cálculos deste parágrafo.
    Pois, no parágrafo anterior a eficiência de N fertilizante é de 1,04, como no parágrafo seguinte a ordem é 3,5 a 4,0 kg.

    Fico grato desde já, e gostaria se possível de um esclarecimento sobre o assunto.

    Thiago Heinzen