Em MS, cruzamento entre wagyu e nelore pode melhorar qualidade da carne

Em Mato Grosso do Sul, uma experiência de cruzamento entre o wagyu e o nelore, está em andamento e pode melhorar a qualidade da carne. A raça Wagyu foi introduzida no Brasil há 23 anos pela empresa japonesa Yakult. Hoje a fazenda deles, na cidade de Bragança Paulista, tem o maior rebanho do país – 500 animais puros. Embora exista também Wagyu de pelagem avermelhada, na fazenda predomina a linhagem escura, chamada Black Wagyu.

O médico veterinário Rogério Uenishi, diz que a principal função da fazenda é fornecer animais e material genético para desenvolver a raça wagyu no Brasil.

Nas boutiques de carne do Brasil o contra filé de wagyu é vendido a R$ 300 o quilo, 12 vezes mais que o contra filé comum vendido no açougue. No Japão essa carne é conhecida pelo nome de kobe beef.

Hoje a fazenda abate seis animais por mês e vende a R$ 480 a arroba, três vezes mais que o valor pago para animais de outras raças. Mas para chegar ao peso de abate, cerca de 700 quilos com o marmoreio ideal, eles precisam manter os animais 18 meses em confinamento, com muita comida balanceada à disposição.

Na fazenda Araci, no município de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, o produtor Alair Fernandes cria gado nelore e começou a formar seu rebanho Wagyu há oito anos. Hoje tem quase 400 animais puros. Este ano, vai poder vender seu primeiro lote para o abate. São 16 machos castrados de 37 meses, que passaram 25 meses no confinamento para atingir média de 700 quilos cada um. “Nós buscamos um mercado de carne premium”.

O Wagyu ainda está em fase de adaptação ao clima de Mato Grosso do Sul. A pele escura, por exemplo, é um problema, porque atrai moscas e carrapatos.

Para diminuir os custos da engorda e criar um animal mais adaptado ao clima, a fazenda Nova Vista Alegre, no município de Terenos, também no MS, está fazendo uma experiência de cruzamento de wagyu com a raça nelore.

No início eles usaram sêmen de touros Wagyu nas vacas nelore. Hoje usam a monta natural. O trabalho começou há 10 anos por iniciativa do Toshio Hisaeda.

Ele batizou os animais, fruto do cruzamento de Wagyu com nelore de Walore. Os animais nascem com a pelagem escura natural da raça Wagyu e por enquanto se mostram muito bem adaptados ao clima quente de Mato Grosso do Sul. A fazenda já tem mais de cinco mil animais. Das cinco mil cabeças metade é meio-sangue, o restante é três quartos ou sete oitavos.“Como eu estou usando aqui só o pasto, o custo não encarece tanto quanto no Japão. Então não tem aquele marmoreio, mas quanto ao sabor, eu acho que será mais gostoso. Então eu acredito que tem mercado sim”.

O médico veterinário Lucio Casa Nova diz que já dá para notar que os animais cruzados são mais resistentes ao clima da região. “A gente busca no cruzamento com o nelore, aprimorar mais a rusticidade, com a qualidade e sabor da carne”, diz.

A fazenda já está abatendo alguns animais cruzados para testar o gosto do consumidor de Campo Grande. A carne do Walore engordado a pasto não apresenta o mesmo teor de marmorização do wagyu puro, mas comparada com a do nelore, ela ainda leva vantagem, porque tem mais gordura entremeada às fibras, é mais macia e saborosa.

Hoje existem cerca de 50 criadores de wagyu no Brasil. O rebanho total é de cinco mil animais. A oferta é pequena e o mercado para uma carne tão cara ainda é restrito. Outro problema é a proibição, imposta pelo governo japonês, para a saída do país de animais e material genético da raça wagyu.

Fonte: Globo Rural, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. gilmar rodrigues disse:

    Gostaria de saber como conseguir sêmen do Wagyu.

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