Maior mercado para a carne bovina brasileira no exterior, a Rússia mantém os exportadores sob pressão ao adotar uma política instável de frequentes "embargos-relâmpago" para atender a interesses imediatos. As indústrias do Brasil ocuparam espaços de competidores, mas as cotações da carne têm subido por causa da alta do boi. No fundo, o objetivo da Rússia é renegociar preços. Por isso, o país usa pretextos sanitários e adia o envio de nova missão para habilitar mais frigoríficos.
Maior mercado para a carne bovina brasileira no exterior, a Rússia mantém os exportadores sob pressão ao adotar uma política instável de frequentes “embargos-relâmpago” para atender a interesses imediatos.
O “abre-e-fecha” russo pode ter como alvo principal o recente processo de concentração dos frigoríficos brasileiros. Governo e importadores russos não querem ficar reféns de dois ou três grupos. O recado vem sendo repassado a autoridades brasileiras desde meados de 2009. Os russos insistem em ampliar fornecedores, mas querem indicar empresas e elegem seus interlocutores.
As indústrias do Brasil ocuparam espaços de competidores, mas as cotações da carne têm subido por causa da alta do boi. No fundo, o objetivo da Rússia é renegociar preços. Por isso, o país usa pretextos sanitários e adia o envio de nova missão para habilitar mais frigoríficos. Na quarta-feira, anunciou a restrição às exportações de plantas da JBS no Brasil, EUA e Argentina.
“São problemas burocráticos. O nosso sistema continua bom”, diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim. “Ocorre que o Brasil não é mais um pequeno ator, incomoda os competidores lá fora”. Para ele, que embarcará para Moscou até o fim deste mês, a Rússia aceitará uma nova discussão da equivalência das regras sanitárias.
Todos os grandes exportadores de carne do Brasil enfrentam alguma restrição da Rússia atualmente. Segundo o Serviço Federal de Inspeção Veterinária russo, a JBS tem 18 unidades habilitadas a exportar à Rússia. Desse total,12 plantas têm “restrições temporárias”, três sofrem “reforço de controle”, o que obriga a verificação de todas as cargas recebidas em território russo, e três são “aprovadas”. A Bertin, controlada pela JBS, tem quatro plantas aprovadas. No caso da Marfrig, são 16 plantas autorizadas e três com restrições temporárias. O Minerva tem sete plantas habilitadas e apenas uma com essa restrição. Procuradas, as empresas não se pronunciaram.
José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP comenta ainda o embargo anunciado pela Rússia a empresas brasileiras. Segundo ele, pode ser uma estratégia para os russos obterem vantagens. “Na maioria das vezes, infelizmente, isso é protecionismo disfarçado ou elemento de barganha. Você cria dificuldades para depois negociar uma facilidade. É uma técnica de comércio. Temos que analisar isso, mas é claro que essa notícia abala a imagem e causa um efeito negativo no produto. Acredito que isso possa ser revertido, mas é um problema”, avalia Ferraz.
As informações são do Valor Econômico e do Canal Rural, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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É verdade que o comportamento russo referente a aspectos sanitários ao longo do tempo é suspeito de “contaminação comercial”. Mas concordo com o Sr Ferraz de que ainda assim “a notícia abala a imagem e causa um efeito negativo no produto”. O fato é que o uso de aspectos sanitários para fins comerciais não quer disser que não existam problemas reais, apenas que eles os usam conforme a conveniência. A solução ideal para nos tornarmos “imunes” a estas “manobras” é elevar efetivamente nossos padrões e garantias sanitárias. Como maior exportador de carne bovina do mundo seremos cada vez mais pressionados pelos nossos clientes e concorrentes.
Estive quatro vezes na Rússia como gerente de exportação de frigorífico em visitas de rotina ou participando de feiras de alimentos e como broker continuo atuando com este mercado e o que os russos estão fazendo é pura pressão para baixar preço! Quando você vende para este mercado a um preço X e se houver algum problema de queda de preço lá durante o transit time da carga, eles pressionam de várias formas, ou seja, ora inventando uma reclamação ( shortage, qualidade e etc ) ou ameaçando abandonar contêiner no porto. Agora a pressão vem acompanhada do aval governamental! Desejo muita força aos frigoríficos brasileiros e paciência, haja vista que mercado internacional é isso aí, ainda mais lidando com um país que não é integrante na OMC.
Abraços
Carlos Magno Frederico
Concordo com o Carlos, meu xará. Quem vende para a Russia, tem que se acostumar com isto. Basta os preços aqui subirem e eles criam algum problema sanitário. Sempre foi assim. Parece que a memória das pessoas é curta. Esperem até o Irã fazer o mesmo.
Este é o preço que a indústria Brasileira paga por ser a mais promissora do mundo. A questão sanitária é usada por outros países para aumentar o preço de nossos produtos buscando dificultar a aquisição de novo mercados (protencionismo e acordos laterais) e ou barganhar preços como o exemplo que a Rússia vem dando. Cabe à nós brigarmos e tornarmos mais agressivos no mercado e para isso precisamos um apoio maior do nosso governo.
Vejo uma situação em que o Brasil paga muito caro e sacrifica sua indústria para manter uma política de “BOA VIZINHANÇA” e medo de contestar.
Pois é…
Se os frigoríficos exportadores se preocupassem com o manejo sanitário das propriedades onde se abastecem, teriam a segurança necessária para discutir o assunto de forma segura e equilibrada, e repelir as eventuais tentativas de pressão como as mencionadas pelo sr. Carlos Magno.
Deveriam ainda saber de antemão, as especificações mínimas aceitáveis pelos importadores, para as substâncias químicas (produtos veterinários) eventualmente existentes nas carnes enviadas a eles. Como nunca se preocuparam com este tipo de problema, passam agora de “predadores” a “presas”… Pior será quando buscarem resíduos de hormônios sintéticos vai ser um corre-corre…
Infelizmente a somatória de ganância e ignorância técnica de alguns (poucos?) está levando nossa pecuária pro brejo.
Duvidam? basta dar uma pesquisada no google com as palavras “hormônio bovino ganho peso”, ou “vermífugos” ou “ivermectina longa ação”… as opções de compra são muitas, com explicações detalhadas do uso de várias substâncias (importadas, verdadeiras e falsas), valores, forma de pagamento, e envio via SEDEX…
E a Defesa Agropecuária nada faz… o Mapa finge que não vê… os gananciosos irresponsáveis fingem que não compram… e os frigoríficos fingem que os animais abatidos, são limpos de substâncias químicas (permitidas ou proibidas).
A detecção pelos importadores, de resíduos de produtos veterinários nas carnes por nós fornecidas, em quantidades acima do permitido, pode ser “coincidência ou conveniência comercial”, mas o fato real, é que ao longo do tempo, nada foi feito para evitar ocorrências como estas…
A fatura de tanto descaso, nos está sendo apresentada agora…