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Embargos têm motivos comerciais e não técnicos, diz FNP

"Acredito que isso acaba tendo um viés que parece ser mais comercial, é um mecanismo de você negociar com o seu fornecedor, muito mais do que um problema de ordem sanitária", disse Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa Economics FNP.

O caso não clássico da vaca louca está sendo utilizado como argumento de alguns compradores da carne brasileira, registrado em 2010 e que não oferece riscos à saúde humana ou ao rebanho, para renegociar preços num momento em que o mercado global vive uma situação de aperto e alta nas cotações, dizem analistas.

“Acredito que isso acaba tendo um viés que parece ser mais comercial, é um mecanismo de você negociar com o seu fornecedor, muito mais do que um problema de ordem sanitária”, disse Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa Economics FNP.

Segundo a especialista, se houvesse algum risco, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) não teria mantido o status sanitário do Brasil em risco insignificante para EEB. “Se trouxesse algum risco para a saúde humana, com certeza a OIE não manteria o risco do Brasil”, completou Nadia.

“Considerando que um dos maiores fornecedores de carne para a Arábia Saudita e Egito é a Índia, que quase não tem qualquer precaução ou regulação sanitária, eu entendo que a motivação é comercial”, o analista da Safras & Mercado Paulo Molinari. “Eles estão tentando enfraquecer os preços”, acrescentou.

Para a analista da FNP, entretanto, o apertado mercado mundial, com Estados Unidos e Austrália atravessando um período de baixa oferta bovina, não permitirá que os embargos à carne do Brasil continuem. “À medida que isso vai ficando mais claro, os movimentos vão ser pontuais. Não acredito em prejuízo de médio e longo prazos, acredito que o impacto vai ser mínimo”, concluiu a analista da FNP.

Entretanto, no curto prazo, enquanto embargos como o da Arábia Saudita continuarem, algum impacto nas exportações brasileiras poderá ser registrado. Ela avaliou ainda que maiores perdas poderão ser registradas se outros países continuarem seguindo os anúncios de barreiras. “O problema é se isso começa dominar outros países. Uma preocupação é o Chile, o Irã… o risco disso é contaminar outros importadores.”, disse Nadia.

O presidente da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec), Fernando Victer, considera que a mobilização do governo e o status do país no que se refere à questão sanitária devem “produzir o rápido restabelecimento da posição do Brasil”. Ele descarta razões comerciais para as medidas recentes e afirma que tal medida seria um “tiro no pé”.

“O Brasil é um grande fornecedor do mercado. Quando o Brasil sai, a oferta de carne cai e a tendência é elevar preço. Não vejo como razoável que os demais países estejam em uma orquestração para prejudicar a oferta de carne brasileira”, afirmou Victer.

Para o presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli, é preciso considerar o perfil histórico destes países. “O Japão não é novidade tomar uma medida destas. Ele nunca seguiu as regras da OIE, nunca nos autorizou para carne in natura… um país que levou quase 14 anos para liberar a manga”, disse Camardelli.

Ele lembra que quando houve aquele problema grave de tsunami, as autoridades japonesas foram rápidas em pedir que os países não fossem muito drásticos em solicitar análises de radiação. “E o Brasil deu sua demonstração. Então a regra vale para eles, mas não para nós?”, questionou.

Fonte: Reuters, editada e resumida pela Equipe BeefPoint.

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