Fechamento 12:50 – 12/06/02
12 de junho de 2002
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14 de junho de 2002

Embarque argentino pressiona preço da carne bovina

Em apenas cinco meses a Argentina conseguiu exportar para a União Européia 20,5 mil toneladas de carne bovina de um total de 28 mil toneladas da cota Hilton reservada pelo bloco ao país para o período de julho de 2001 a junho de 2002. Como registrou casos de aftosa em 2001, a Argentina ficou 11 meses sem poder exportar carne bovina para a Europa e teve menos tempo para cumprir a cota de cortes nobres destinada àquele mercado.

O país só voltou a vender em fevereiro deste ano. Por isso, nem os exportadores locais acreditavam que conseguiriam atingir tal volume da cota. “Prevíamos que ficaria entre 14 mil e 18 mil toneladas”, diz o diretor da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina, Miguel Schiariti. Segundo ele, as 20,5 mil toneladas foram exportadas até 8 de junho.

O volume de vendas alcançado pelos argentinos dentro da cota Hilton surpreendeu os exportadores brasileiros. O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Ênio Marques, acreditava em 10 mil toneladas no período. Outra fonte do setor exportador apostava em 15 mil.

O que permitiu aos argentinos exportar esse volume foi uma política agressiva de preços, pois a desvalorização do peso ante o dólar americano os tornou mais competitivos. “Eles se preocuparam mais em fazer volumes do que com os preços”, afirma o diretor do Friboi, José Batista Júnior.

A desvalorização do peso fez o boi gordo ficar muito mais barato que no Brasil, permitindo aos argentinos reduzir os preços na exportação. Segundo Batista Júnior, em março o boi brasileiro custava o equivalente a US$ 19/arroba. Na Argentina estava em US$ 11.

“Para recuperar espaço no mercado europeu, fizemos uma política agressiva de vendas”, reconhece Schiariti. Entenda-se por agressividade uma redução de mais de 40% nos preços médios praticados na cota Hilton. De acordo com ele, a cotação média da tonelada FOB foi US$ 4 mil. Normalmente, sai por US$ 7,5 mil.

Outro motivo para a queda do preço médio é que os argentinos exportaram cortes menos nobres resfriados, como coxão mole e coxão duro, dentro da cota, a fim de ampliar os volumes. Normalmente, o que se vende é o chamado rump and loin (alcatra, contrafilé e filé). Como o Brasil vende coxão mole e duro congelado para a indústria européia, acabou sofrendo a concorrência dos argentinos, afirma uma fonte.

Menos competitivos que os argentinos, os exportadores brasileiros chegaram a reduzir o abate. “Recuamos pois não tínhamos competitividade”, diz Batista.

Com o desempenho argentino, países da União Européia estariam menos propensos a aprovar a ampliação da próxima cota Hilton da Argentina, válida entre julho de 2002 e junho de 2003. A Comissão Européia propôs um volume extra de 10 mil toneladas, além das 28 mil toneladas atuais.

Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint

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