As negociações em torno de um acordo global de comércio esbarram na resistência dos dois maiores países emergentes em aceitar a proposta apresentada na sexta-feira para romper o impasse. Índia e China exigem modificações no pacote de soluções elaborado pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, o que é rejeitado vigorosamente pelos países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos.
As negociações em torno de um acordo global de comércio esbarram na resistência dos dois maiores países emergentes em aceitar a proposta apresentada na sexta-feira para romper o impasse.
Índia e China exigem modificações no pacote de soluções elaborado pelo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, o que é rejeitado vigorosamente pelos países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos.
Para a Índia, o maior problema é aceitar a fórmula de limites à importação. Seu argumento é que ela não fornece proteção suficiente aos pequenos agricultores e põe em risco a segurança alimentar. Paraguai e Uruguai fazem firme oposição à medida, em mais um foco do racha entre os emergentes. Já a China rejeita a linguagem incluída na proposta de acordos setoriais para reduções tarifárias na indústria. Exige que fique claro o caráter voluntário dos acordos.
Além disso, Pequim retrocedeu nas negociações e agora diz que não aceita cortar tarifas sobre três produtos – arroz, trigo e açúcar. O endurecimento chinês preocupa os grandes produtores agrícolas emergentes, entre eles o Brasil.
As chances de um acordo estão entre 65% e 75%, disse o chanceler brasileiro, Celso Amorim. “O fato de o barco continuar navegando e não ter afundado é uma boa notícia neste estágio.” O Brasil, que foi o primeiro a aceitar o pacote de Lamy, continua firme em sua oposição a mudanças no texto, distanciando-se de aliados como Índia e Argentina.
Serão apresentadas novas versões dos documentos que servem de base para o ambicioso projeto de liberalização da agricultura e da indústria. Um negociador disse à Folha que ainda há outros pontos pendentes, mas que, se Índia e China forem dobradas, o caminho estará pavimentado.
Indagado pela Folha se a Índia aceitaria flexibilizar sua posição para destravar as negociações, o ministro do Comércio, Kamal Nath, preferiu escapar da responsabilidade por um fracasso. “A Índia não está sozinha”, disse Nath, apontado como o negociador mais inflexível entre os sete que participam do fórum reduzido das discussões.
Apesar das dificuldades e das divisões entre países emergentes, há a sensação de que o preço político de um fiasco seria mais alto do que o de aceitar propostas imperfeitas.
As informações são da Folha de S.Paulo.