Gianetti, como dirigente da Fiesp, critica os rumos da política externa, que, segundo comenta, geram desconfianças em parceiros tradicionais, como Europa e Estados Unidos. "O tema tem surgido nas conversas com autoridades estrangeiras", relata. Como presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), porém, tem motivos para alegrar-se até com a polêmica aproximação entre Brasil e Irã. Os iranianos passaram, em março a dividir com a Rússia o posto de maior importador de carne bovina brasileira, com a compra de 60 mil toneladas, 20% do mercado daquele país e 24% acima das compras no mesmo período no ano passado.
O diretor de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo e presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca, recebia uma missão parlamentar chefiada pelo presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Vital Moreira, no início de abril, quando os europeus o surpreenderam: ao ouvir as queixas dos empresários paulistas contra o protecionismo argentino, os estrangeiros apoiaram a ideia de buscar acordo de comércio entre União Europeia e Brasil, sem os outros sócios do Mercosul, caso sejam alteradas as regras do bloco sul-americano.
“Os parlamentares europeus queriam saber se, no próximo governo, não seria possível mudar o acordo do Mercosul, para facilitar um acordo só com o Brasil”, conta Gianetti, que, próximo ao candidato da oposição à Presidência, José Serra, apoia a proposta levantada por ele, de negociar alterações no acordo do Mercosul. O tema não está na agenda do governo, nem é pacífico entre empresários.
Duas semanas depois, a negociação de livre comércio entre Mercosul e União Europeia ameaçava fracassar; não por resistências no Mercosul, mas por exigências adicionais da França – um dos principais aliados políticos do Brasil na arena internacional, favorecido pelas compras de equipamentos militares; mas o mais avesso à abertura comercial para a competitiva agricultura brasileira.
Gianetti, como dirigente da Fiesp, critica os rumos da política externa, que, segundo comenta, geram desconfianças em parceiros tradicionais, como Europa e Estados Unidos. “O tema tem surgido nas conversas com autoridades estrangeiras”, relata. Como presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), porém, tem motivos para alegrar-se até com a polêmica aproximação entre Brasil e Irã. Os iranianos passaram, em março a dividir com a Rússia o posto de maior importador de carne bovina brasileira, com a compra de 60 mil toneladas, 20% do mercado daquele país e 24% acima das compras no mesmo período no ano passado.
Não há consenso no setor privado sobre a ação política do governo no campo externo e suas consequências sobre os negócios. Muitos executivos se queixam, porém, da falta de continuidade em ações contra barreiras ao comércio para mercadorias brasileiras. “Sem querer opinar sobre a estratégia ideológica da política externa, seja boa ou má, o problema é que a estratégia comercial fica subordinada a ela”, reclama o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto. Ele comenta que o Brasil abre frentes de política externa, mas falha em colocar em primeiro plano nas reuniões com chefes de Estado questões comerciais relevantes, sobre barreiras aos produtos brasileiros.
“O governo não tem como prioridade a questão comercial”, afirma Pedro Camargo, que foi um dos principais responsáveis pela abertura do caso contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), pelos subsídios ilegais ao algodão americano. A afirmação parece entrar em contradição com a insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em levar missões de empresários nas viagens presidenciais mais importantes e mencionar a questão do comércio com frequência nos discursos no exterior.
Mas o presidente da Abiecs argumenta que as discussões de comércio ficam a reboque das ações para obter prestígio político. “Só quando os Estados Unidos ficaram contra a parede, na OMC, o governo conseguiu reduzir as barreiras, lá, para a carne brasileira”, exemplifica.
Lula até incentiva missões para explorar mercados, mas não põe entre as prioridades ações para eliminar barreiras a produtos brasileiros, acredita o executivo, que exemplifica com a visita do presidente do México, Felipe Calderón, ao Brasil, em agosto de 2009. “O México é o quarto maior importador de carne suina do mundo, reserva o mercado para os Estados Unidos e barra nossa carne com medidas sanitárias irregulares”, acusa. Pouco avançou a discussão sobre esse tema até hoje, apesar da aproximação política entre os dois países, com promessas até de acordo de livre comércio, diz.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbato, concorda. “Conseguimos alguma coisa onde obtemos financiamento do BNDES; mas as exportações do setor estão se limitando à América do Sul, América Central e México”, comenta, queixando-se das crescentes barreiras à venda de telefones celulares em sócios do Brasil como Venezuela e Argentina.
Já o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos, Jackson Schneider, defende o esforço do governo para evitar retrocessos na combalida união aduaneira do Mercosul, e diz acreditar que há um esforço estruturado do governo para abertura de mercados. “O que o governo não faz é fechar negócios pelas empresas, isso elas é que têm de fazer”, diz Schneider, que é executivo da Mercedes Benz.
A matéria é de Sergio Leo, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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O empresariado não critica a política externa de Lula, mas emte oiniões contraditórias. Alguns setores defendem o seu interesse – comerciar com uns – enquanto outros setores defendem o seu interesse – comerciar com outros. Importa saber se o Brasil esteve jamais em uma situação de maior prosperidade e estabilidade que hoje.