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EmpresárioJúnior Friboi volta à bolsa com IPO da Prima Foods

O empresário José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, vai voltar à rotina de comandar uma companhia aberta e ter contato constante com investidores. Júnior já esteve à frente da gestão da empresa de alimentos controlada pela família, a JBS – mas se desvinculou do grupo em 2013. Agora, vai fazer a listagem em bolsa de sua própria companhia, a Prima Foods.

A Prima fez ontem o registro de sua oferta pública inicial de ações (IPO), prevista para acontecer em meados de abril. O Valor apurou que a empresa pode ser avaliada entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Conforme duas fontes, Júnior está disposto a vender até 30% do capital na oferta, que é exclusivamente secundária.

Essa faixa de valor equivaleria a um múltiplo acima de cinco vezes o Ebitda projetado para a empresa em um ano. Em um múltiplo de lucro líquido semelhante ao da empresa controlada pelos irmãos, o valor saltaria para cerca de R$ 4 bilhões. A empresa, no entanto, deve ter algum desconto em relação à governança, na avaliação das fontes.

A Prima Foods é resultado de uma tacada de risco, que deu certo. O empresário havia se desvinculado da holding familiar J&F em 2013, vendendo suas ações para os irmãos e o pai, e pretendia disputar o governo de Goiás em 2014. Mantinha sua empresa de investimentos, a JBJ, que incluía fazendas dedicadas a gado de corte e melhoramento genético e uma carteira de imóveis.

Acabou desistindo da disputa política naquele ano e comprando uma empresa em dificuldade financeira, a Mataboi Alimentos. A Mataboi estava em recuperação judicial, tinha uma dívida de R$ 200 milhões, prejuízo anual de R$ 119 milhões, mas receita líquida de R$ 1,6 bilhão. À época, Marfrig, Minerva e a própria JBS chegaram a considerar a aquisição do Mataboi, conforme documentação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que discutiu o assunto.

A JBJ aportou R$ 263 milhões como adiantamento para futuro aumento de capital, sendo que parte poderia ser eventualmente devolvido ao sócio. O Valor apurou que nem todo o montante precisou ser integralizado, uma vez que devoluções de Imposto de Renda e deságios na dívida ajudaram a equilibrar as finanças da empresa já no ano seguinte, em 2015. Há um mês, a razão social foi alterada para Prima Foods.

A transação da JBJ foi questionada pelo Cade, dada a ligação familiar com a JBS – que poderia configurar concentração de negócios – e é contestada em ação judicial. Uma eventual sanção poderia ser, por exemplo, a venda de alguma das unidades industriais da empresa. O Cade chegou a determinar, em 2017, a desconstituição da aquisição, contestada na Justiça Federal e atualmente está em tramitação na 20ª Vara Federal Cível da Secção Judiciária do Distrito Federal. No prospecto, a Prima Foods afirma que está em tratativas com o Cade e que em 27 de fevereiro foi protocolada uma petição solicitando a suspensão temporária da disputa legal, em benefício da tentativa de um acordo entre as partes.

Outro fator de risco citado no prospecto são os desdobramentos da chamada operação Carne Fraca, que apurava supostos pagamentos ilícitos de frigoríficos a agentes sanitários. A empresa e a casa de alguns funcionários foram alvo de buscas e apreensões, mas não houve acusação formalizada.

No prospecto, a Prima Foods se identifica como a quarta maior produtora de carne bovina do Brasil, contando com três unidades de abate de gado, com capacidade de abate de aproximadamente 2,6 mil cabeças por dia. O mercado externo responde por 65% da receita da companhia. Em 2019, a Prima Foods teve receita líquida de R$ 2,072 bilhões, com alta de 7%. O lucro líquido foi de R$ 241,2 milhões, com crescimento de 12%. O IPO é coordenado por BTG Pactual, Bradesco BBI e Santander.

Fonte: Valor Econômico.

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